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28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-9A - GT 9 - Drogas e cuidados em saúde

31097 - PSICOFÁRMACOS NO CONTEXTO DE UM CAPS AD: A EXPERIÊNCIA DOS USUÁRIOS
ANA LÚCIA BASÍLIO FERREIRA TOGEIRO - UFRJ


PSICOFÁRMACOS NO CONTEXTO DE UM CAPS AD: A EXPERIÊNCIA DOS USUÁRIOS
Introdução
Não há evidências consistentes que sustentem que os psicofármacos sejam eficazes no tratamento do uso prejudicial/dependência de substâncias psicoativas, todavia, os medicamentos psiquiátricos têm sido usados no cuidado de pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas visando tratar a intoxicação, a síndrome de abstinência ou sintomas que podem estar presentes na síndrome de dependência, principalmente do álcool (CASTRO; BALTIERI, 2004; FORMIGONI, 2014). A indicação de psicofármacos para pessoas com uso prejudicial de substância psicoativas pode se justificar no tratamento de outros sintomas ou transtornos psiquiátricos. Não é incomum que transtornos mentais estejam associados aos problemas decorrentes do uso abusivo ou dependente de substâncias psicoativas, caracterizando as comorbidades no contexto de Álcool e outras Drogas (RATTO, 2000).
Os psicofármacos, orientados por todas essas questões, vem sendo amplamente utilizados na clínica da Atenção Psicossocial nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas - CAPS AD. Há poucos estudos, entretanto, que mostrem o que os usuários desejam ao pedir o tratamento farmacológico e o que esperam dos medicamentos, no que diz respeito à problemática da dependência ou do uso abusivo de álcool e outras drogas. Estudos da revisão bibliográfica (ONOCKO-CAMPOS, 2013; BENINI; LEAL, 2016; JORGE; et al 2012), revelaram haver pouco diálogo entre profissionais e usuários dos serviços de saúde mental sobre medicamentos, sublinhando a pouca escuta de suas experiências singulares.
Objetivo
Este trabalho tem como objetivo apresentar a experiência com o uso de psicofármacos de pessoas em acompanhamento no CAPS AD - Porto de Macaé/RJ, a partir de suas próprias perspectivas e saberes.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, realizado no âmbito de uma dissertação de mestrado profissional (IPUB/UFRJ). Participaram do estudo 10 usuários em uso regular de psicofármacos acompanhados neste CAPS AD. Narrativas produzidas pela técnica de Grupo Focal (GF) foram estudadas a partir da Análise de Conteúdo Temática. A técnica de GF vem se revelando uma estratégia metodológica que, além de possibilitar ao pesquisador ter acesso a significados, percepções, opiniões, crenças, experiências, reações, e interações de forma compartilhada, oferece benefícios para os participantes ao encorajar narrativas (ONOCKO-CAMPOS; et al, 2017). Já a análise das narrativas busca conhecer a produção dos modos de representação, percepção e experiência por parte dos atores, trazendo novas perspectivas em relação ao conceito de experiência de adoecimento (LEAL; et al, 2013).
Resultados
Os achados mostram que, na experiência dos participantes, os medicamentos psiquiátricos são tomados dentro de uma expectativa de ajuda, tanto para o enfrentamento dos problemas com o uso de álcool e drogas, quanto para promover qualidade de vida. No entanto, as narrativas revelaram que a falta de informação e desconhecimento sobre o tratamento medicamentoso, a prática prescritiva pouco dialogada e a baixa participação nas decisões sobre os medicamentos repercutem no tratamento, uma vez que, sem poder compartilhar suas experiências vividas com o uso de psicofármacos associado ao uso de substâncias, os participantes referem alterar por conta própria sua medicação prescrita ou suspender seu uso. Nessa perspectiva, além do tratamento medicamentoso ter seu potencial de ajuda reduzido, pode ainda, como observado, oportunizar a utilização de álcool e outras drogas como “remédio” para o mal-estar. Portanto, o cuidado farmacológico sem uma escuta que considere a experiência singular e o saber próprio dos usuários de medicamentos não promove melhora significativa à qualidade de vida destas pessoas, indicando a existência de um modelo de cuidado na clínica AD ainda pautado na prática biomédica, centrada na doença e não no sujeito.
Considerações Finais
Desta forma, faz-se oportuno investir na discussão dialógica entre usuários de CAPS AD e equipe de saúde sobre os alcances e os limites dos medicamentos com o suporte de um cuidado compartilhado, incluindo-os como sujeitos nas decisões sobre seu tratamento, promovendo corresponsabilização e autonomia, bem como fomentar a ação que outros recursos não medicamentosos como cultura, arte, lazer, trabalho e renda podem ter em muitas situações de mal-estar psíquico, diminuindo a quantidade de intervenções medicamentosas não eficazes na vida destes usuários. Para isso, a partir da revisão bibliográfica, pôde-se observar que as práticas de cuidado compartilhado como rodas de conversas, grupo de medicação ou grupo GAM vêm se mostrando um caminho promissor.

local do evento

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