28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-9A - GT 9 - Drogas e cuidados em saúde |
31325 - REDE CEGONHA E SUA INTERFACE COM A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: O CUIDADO A GESTANTES QUE USAM DROGAS MARIA RAQUEL RODRIGUES CARVALHO - UECE, LOURDES SUELEN PONTES COSTA - UECE, JAMINE BORGES DE MORAIS - UECE, EMÍLIA CRISTINA CARVALHO ROCHA CAMINHA - UECE, ALINE MESQUITA LEMOS - UECE, MARIA SALETE BESSA JORGE - UECE
INTRODUÇÃO: O uso de drogas lícitas e ilícitas pela população feminina vem aumentando, consideravelmente, ao longo dos anos, segundo pesquisa realizada pela SENAD, em 2001 era de 60% e em 2005 passou para 68%, não foi só o aumento no uso de drogas como também a dependência das mulheres pelas drogas. Estima-se que, aproximadamente, 20% das mulheres façam uso de drogas durante a gravidez (BRASIL, 2009). Mesmo com todos os mecanismos existentes no SUS para a realização de uma produção do cuidado de forma equitativa e de qualidade, percebemos que muitos desafios ainda precisam ser enfrentados, tais como: o acesso dos usuários aos serviços de saúde, a geração de vínculo usuários/profissionais, formas adequadas de acolhimento que tornem o processo de cuidar mais resolutivo e efetivo. Aprende-se que a pesquisa possibilita contribuir como ferramenta propulsora, revelando as potencialidades das experiências de vida, produção e promoção da saúde das gestantes que usam drogas.
OBJETIVO: Analisar o cuidado nas redes de atenção à saúde a gestantes quem usam drogas.
METODOLOGIA: O estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, que utiliza como ferramenta de análise a cartografia. De tal modo, apresentando a experiência de uma usuária-guia gestante e que usa drogas e de todos os personagens envolvidos no seu processo de cuidado. A pesquisa foi realizada em uma capital nordestina. A produção de dados, foram utilizados vários instrumentos que possibilitassem um amplo e profundo conhecimento da usuária e de todas as conexões e fluxos de rede nos quais esta se inseria ou produzia. Trata-se de um recorte do projeto nacional intitulado “Observatório Nacional da Produção de Cuidado”. Com CEP nº 560.597 / 2014, do RJ.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A escolha da usuária-guia (Flor) pelos profissionais de saúde, se deu pela mesma fazer uso de drogas e da equipe de saúde ter dificuldade no manejo em seu cuidado. Flor foi uma única vez a consulta pré-natal com aproximadamente oito meses, sendo solicitados seus exames, porém a mesma não voltou mais a unidade.
Jasmim (enfermeira) que este foi primeiro caso em sua área que teve conhecimento e apresentou como obstáculo para o cuidado adentrar em sua área de cuidado (violência, a distância entre a área e a unidade de saúde e falta de veículo para visita domiciliar). Pode ser observado em sua fala: “Eu senti que nesse momento que ficamos sem estar acessível à comunidade, perdemos o vínculo”.
A falta de vínculo entre a comunidade e os usuários é uma das dificuldades de se produzir cuidado. A produção do cuidado pode gerar acesso aos serviços, acolhimento, vínculo, responsabilização da equipe de saúde no cuidado integral ao paciente, formação profissional e resolubilidade, para com isso garantir um cuidado de qualidade, efetivo e resolutivo ao usuário (ASSIS, 2010).
Acredita-se que a criação de vínculo, de forma precoce, entre profissional e usuária pode ser fator determinante para a minimização de vulnerabilidades na gestação, relacionadas ao envolvimento de drogas (PORTO et al., 2015). Assim, o vínculo é uma importante ferramenta para o cuidado integral, pois democratiza e horizontaliza as práticas em saúde, na medida em que constrói laços afetivos, confiança, respeito e a valorização dos saberes dos usuários/família/trabalhadores de saúde. Desse modo propicia o desenvolvimento da co-responsabilização, da parceria desses sujeitos para a melhoria da qualidade de vida (JORGE et al., 2011).
Outra dificuldade encontrada é a falta de suporte e preparo da equipe para atendimento com pacientes que usam droga nas unidades de saúde, de serviços de saúde para referência e a adesão desses pacientes para o acompanhamento no serviço de saúde.
Os profissionais de saúde ainda encontram dificuldades para planejar atividades que envolvam o fenômeno das drogas conjuntamente com a gestação. A formação dos profissionais para atuar sobre as vulnerabilidades decorrentes do uso ou da convivência com usuária(o)s de substâncias psicoativas, apresenta-se como uma importante lacuna (PORTO et al. 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS: No estudo verificou que tanto os serviços de saúde como os profissionais de saúde necessitam adequar-se para atender ao aumento da demanda por tratamento pessoas que usam drogas, tornando-se crescente a preocupação em relação à abordagem a questão das drogas, advinda dos profissionais e das instituições de saúde, pois se sentem despreparados e com receio para lidar com os usuários em tratamento.
Faz-se necessário que os profissionais sejam devidamente preparados para essa abordagem. Além disso, também são necessários investimentos governamentais, para incentivar o desenvolvimento de pesquisas nessa área, de modo a melhor subsidiar a atuação dos profissionais de saúde junto às gestantes que usam drogas. Prestando os cuidados específicos a esta população ao avaliar o impacto futuro do uso de drogas ilícitas na gravidez, devido não só às complicações médicas, mas também aos problemas sociais.
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