29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-9B - GT 9 - Redução de danos e saúde mental |
30908 - GRUPO DE REDUÇÃO DE DANOS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS III, EM JOÃO PESSOA-PB
MARIA DANDARA LOPES FERREIRA - UFPB, BEATRIZ GEIZIANE DA CUNHA RODRIGUES - UFPB, MIKAELLY DUARTE LEITE - UFPB
Contextualização: A política de Redução de Danos (RD) regulamentada pela Portaria n° 3.088 de dezembro de 2011, é uma importante estratégia de cuidado em saúde para os usuários de substâncias psicoativas na saúde mental. A RD surgiu como movimento de garantia da singularidade, inclusão e participação ativa dos usuários de álcool e outras drogas no âmbito dos seus direitos sociais, econômicos e familiares. Na conjuntura nacional, a RD objetiva-se no aprimoramento das políticas, programas, serviços e estratégias referentes à redução dos riscos causados pelo uso de drogas lícitas e ilícitas, levando-se em conta a escolha ou condição do indivíduo de não querer ou não conseguir parar o consumo. Essa referida política atua de forma democrática e inclusiva socialmente, de forma clínica na prevenção das infecções sexualmente transmissíveis, assim como, na produção de insumos para proteção e prevenção dos danos causados pelo uso abusivo do álcool e outras drogas. Contudo, apesar de muitos estudos mostrarem a importância da redução de danos no campo da saúde mental, a mesma ainda é vista com estigmas, sobretudo devido às políticas que reprimem e criminalizam os usuários, em uma verdadeira ‘‘guerra contra às drogas‘‘. Descrição: A experiência relatada promoveu espaços coletivos de discussão e interação entre os usuários de álcool e outras drogas, com enfoque na implementação da política nacional de redução de danos no Centro de atenção Psicossocial de álcool e outras drogas III David Capistrano (CAPS AD III), na cidade de João Pessoa-PB. A princípio, a idéia da criação de um grupo para a inclusão da RD nas atividades cotidianas do CAPS AD III, foi apresentada pela residência multiprofissional em saúde mental da Universidade Federal da Paraíba (RESMEN/UFPB), contudo passou a ser integrada pelos oficineiros do serviço. O grupo promoveu estratégias de cuidado junto com os usuários, respeitando a singularidade e proporcionando a inserção e a produção individual de ambos. O grupo de RD acontecia nas terça-feiras semanalmente. As atividades ocorreram pela manhã com uma média de duração de 50 minutos. O quantitativo de usuários era oscilante, porém estava em torno de 30 pessoas ao dia. Resultados : Ao longo dos três meses que a equipe supracitada da RESMEN esteve no cenário prático, foram realizadas oficinas terapêuticas com a temática e sugestões de dinâmicas lúdicas feitas pelos participantes. O grupo ocorreu com oficinas coordenadas e elaboradas pelas residentes e os oficineiros do serviço. Os temas foram: "Autoconhecimento‘‘, Conhecimento da Rede de atenção psicossocial (RAPS) da cidade de João Pessoa-PB, ‘‘Varal da redução de danos", Redução de danos do uso de álcool e outras drogas com hábitos alimentares’’, ’’Construção de cartazes para o mês da luta antimanicomial’’, ‘’Overdose e uso racional de medicamentos, mitos e verdades", "Direitos sociais dos usuários de álcool e outras drogas", "A RD e a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis‘‘, ‘‘Construção de insumos para proteção e diminuição dos efeitos nocivos do uso abusivo das substâncias‘‘, além da atividade executada pelos profissionais do serviço, que foi : ‘‘Música e reflexão na RD‘‘. Observamos que as oficinas proporcionaram diálogo e reflexão nos usuários, sobretudo sobre os seus próprios papéis no processo de cuidado em saúde. Além de promover espaços dialógicos sobre a reinserção social dos usuários e meios de diminuição dos riscos do uso do álcool e outras drogas. Período de realização: A prática mencionada ocorreu durante a permanência da equipe da RESMEN no cenário de prática, no período de abril a junho de 2018. Objetivos: O objetivo deste projeto consistiu na implementação da política de redução de danos no cenário de atividades práticas da RESMEN/UFPB, para profissionais e usuários do CAPS AD III David Capistrano, em João Pessoa-PB. Aprendizados: Concluímos que empoderando os usuários do CAPS AD os mostrando uma política voltada para as suas necessidades e direitos no campo da saúde, proporcionou alternativas para que os mesmos se tornassem protagonistas das suas próprias histórias. Foi uma experiência enriquecedora, tanto no campo profissional quanto no pessoal. Análise: A discussão sobre a temática do uso de álcool e outras drogas ainda é carregada de estigmas e preconceitos perante a sociedade. A visão de criminalizar os usuários de drogas é um fator de exclusão dos mesmos, e esse distanciamento também reflete nos serviços de saúde, sendo este um obstáculo necessário de avaliação e reflexão contínuas. Constatamos uma falta de compreensão sobre o papel da RD, muitas vezes interpretada como incentivo ao consumo das drogas. Entretanto, quando a política é entendida como fator disparador da educação em saúde, torna-se um processo mais abrangente, requerendo movimentos de implementação da RD nos serviços que fazem parte da rede de cuidado, garantindo a cidadania e igualidade no atendimento a esse público.
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