30/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-9C - GT 9 - Drogas e contextos vulnerabilizantes |
31092 - ENFRENTAMENTO DO USO DE ÁLCOOL E DROGAS NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM BELO HORIZONTE – MG: ESTUDO A PARTIR DOS RESULTADOS DO PMAQ 2º CICLO SEDAMI DEO-GRATIAS EMMANUEL AKOSSINOU - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - NESCON/FM/UFMG, ÉRICA ARAÚJO SILVA LOPES - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - NESCON/FM/UFMG, DAISY MARIA XAVIER ABREU - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - NESCON/FM/UFMG, ALEX DE ALMEIDA MARIANO - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - NESCON/FM/UFMG, ANGELA MARIA DE LOURDES DAYRELL LIMA - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - NESCON/FM/UFMG, ALANEIR DE FÁTIMA SANTOS - DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA E SOCIAL - DMPS/FM/UFMG, DÉLCIO FONSECA SOBRINHO - DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA E SOCIAL - DMPS/FM/UFMG, LEONARDO GONÇALVES PINHEIRO JÚNIOR - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - NESCON/FM/UFMG, ANTÔNIO THOMAZ GONZAGA MATTA-MACHADO - DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA E SOCIAL - DMPS/FM/UFMG
INTRODUÇÃO
O uso e abuso de álcool e drogas tornou-se um problema de saúde pública de difícil enfrentamento. O Conselho Municipal de Política sobre Drogas de Belo Horizonte (CMPD-BH) recebe quotidianamente demandas relacionadas ao uso de drogas na cidade (GARCIA et al., 2019). A atenção básica à saúde (ABS) tem um papel importante no reconhecimento dos usuários de álcool e drogas e de acompanhar as demandas relacionadas às suas necessidades e às de seus familiares. Neste nível de atenção é possível desenvolver ações abrangendo a prevenção, o diagnóstico precoce, o cuidado aos agravos e encaminhamentos para outros serviços (RAMALHO, 2011). O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) - 2º ciclo tem como objetivo central incentivar gestores e equipes de atenção básica (EAB) a melhorarem o acesso e a qualidade de serviços de saúde ofertados à população, por meio de um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação das equipes (BRASIL, 2012). O PMAQ-AB buscou avaliar as ações desenvolvidas pelas EAB, dentre as quais estão àquelas voltadas para a questão do uso de álcool e drogas.
OBJETIVO
Caracterizar a oferta e execução de ações relacionadas ao uso de álcool e drogas e promoção da saúde pelas EAB nas regiões administrativas do município de Belo Horizonte, Minas Gerais.
METODOLOGIA
O presente estudo é de natureza quantitativa e utiliza dados advindos da avaliação externa do PMAQ-AB 2º ciclo, realizada em 2014. Para análise das ações realizadas pela ABS para os usuários de álcool e outras drogas nas nove regiões administrativas do município de Belo Horizonte, utilizamos os dados do módulo II, aplicado ao responsável pela EAB que avalia os processos de trabalho das equipes. Foram avaliadas 570 EAB no município e selecionadas as seguintes variáveis: A equipe oferta ações para usuários de álcool e outras drogas?; A equipe realiza busca ativa para a situação de uso de álcool e drogas; A equipe de atenção básica possui registro dos usuários com necessidade decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas?; Quais as atividades de promoção e prevenção que a equipe realiza: uso de álcool, tabaco e outras drogas; A equipe oferta ações educativas e de promoção da saúde direcionadas para o uso, abuso e dependência decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas?.
RESULTADOS
Segundo os resultados da avaliação externa do PMAQ-AB, a oferta de ações relacionadas ao uso de álcool e drogas pelas EAB é diferenciada entre as regiões de Belo Horizonte. Na região Nordeste de BH, 69,2% das EAB avaliadas pelo PMAQ-AB 2º ciclo ofertam ações para usuários de álcool e outras drogas. Na região Centro-Sul, 59,3% das EAB ofertam ações para esse grupo, seguida das EAB da região Leste (49,1%). As demais regiões do município têm apenas 40,0% ou menos das EAB ofertando esse tipo de ação. As regiões Centro-Sul (75,0%), Leste (69,8%) e Noroeste (52,4%) são as regiões em que as EAB mais realizam busca ativa para usuários de álcool e outras drogas. Nas demais regiões, os percentuais não ultrapassam os 40,0%, sendo que as regiões Nordeste e Oeste têm os piores percentuais, 7,7% e 6,2%, respectivamente. Sobre o registro desses usuários, a maioria das regiões tem uma proporção acima de 50,0%. Já a região que possui mais equipes realizando ações preventivas para o uso de drogas é a Centro-Sul, 65,6%. As outras regiões possuem no máximo 49,0% das EAB que realizam esse tipo de ação. Todas as regiões do município de BH têm uma proporção baixa para oferta de atividades educativas e de prevenção.
DISCUSSÃO
O mapeamento do uso/abuso de álcool e outras drogas em Belo Horizonte auxilia na caracterização da oferta de ações na ABS para esse problema. A pesquisa de Garcia e colaboradores realizada em 2015 intitulada “Conhecer e Cuidar” apontou para uma distribuição diferenciada de usuários com transtorno mental, uso e dependência de álcool e drogas entre as regiões do município. Além disso, o estudo indicou diferenças em relação ao tipo de drogas de maior incidência por região da cidade. Assim, o planejamento de ações na ABS deve considerar o perfil de consumo, de modo a definir estratégias para o seu enfrentamento. A busca ativa e o registro dos usuários representam instrumentos valiosos para caracterizar a população a ser atendida pelas EAB. Esses recursos devem ser potencializados para que ações sejam ofertadas de maneira mais adequada e eficaz, especialmente as de natureza preventiva e educativa (COELHO e SOARES, 2014).
CONCLUSÃO
As EAB enfrentam desafios para uma oferta adequada aos usuários de álcool e drogas. Acreditamos que para além das dificuldades relacionadas às EAB para a oferta de ações está também a dificuldade de estabelecimento de vínculo e o preconceito contra o usuário de drogas. Assim, as ações de prevenção e tratamento para este problema deve considerar uma rede intersetorial de serviços bem como uma articulação efetiva entre os trabalhadores, os usuários e seus familiares.
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