28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-10A - GT 10 - Direitos e Políticas: conjunturas e implementação |
30996 - CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA SOBRE REABILITAÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: DADOS PRELIMINARES. ANA FLÁVIA DOS SANTOS CÔRTES - UFBA, VLADIMIR ANDREI RODRIGUES ARCE - UFBA
Introdução: Ações de reabilitação são usualmente previstas na APS, todavia, com a criação dos NASF, configura-se um novo panorama organizacional para o desenvolvimento das mesmas no âmbito da ESF em todo Brasil. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo sintetizar as características da produção bibliográfica acerca da reabilitação na APS, identificar as principais temáticas abordadas e verificar os aspectos que facilitam ou dificultam a integração da reabilitação neste nível de atenção. Metodologia: Realizou-se uma revisão de literatura na base de dados Lilacs. Buscou-se artigos publicados até o ano de 2017 combinando-se os termos: reabilitação, APS, AB, NASF, ESF, território e comunidade. Inicialmente, 342 artigos foram encontrados, sendo depuradas duplicações, restando 250 documentos. Destes, o título e resumo foram lidos para selecionar os que interessavam para a pesquisa, sendo eliminados os que tratavam de saúde mental ou saúde bucal, textos teóricos ou que não tinham o tema da reabilitação na APS como central, restando um total de 22 artigos que tiveram seus resumos analisados. Resultados e discussão: Foram encontradas publicações a partir de 2004. Em relação ao perfil da produção científica, os dados preliminares revelam que, quanto às instituições de ensino dos autores, as produções estão concentradas nas regiões Sudeste e Nordeste do país, com 59,1% e 36,4% respectivamente, destacando-se a USP e a UFPB, cada uma com 22,7% dos artigos. Em relação às revistas, tomando-se como referência as áreas específicas da CAPES, 54,6% estão publicadas na área Educação Física e 27,3% na Saúde Coletiva. A maioria dos trabalhos enfoca um único profissional, destacando-se fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, com 22,7% dos artigos para cada. Apenas 18,2% dos textos abordam a perspectiva de equipe multiprofissional. Quanto à abrangência dos estudos, 50% enfatizam a realidade local, mesmo percentual para trabalhos que foram produzidos a partir de dados primários. Observando-se a natureza dos estudos, 68,2% dos trabalhos são de cunho qualitativo. Quanto à temática central dos textos foi possível observar 03 categorias: Processo de trabalho (40,9%); Formação e ensino (18,2%); e Modelo de atenção/sistemas e serviços de saúde (18,2%), sendo que 22,7% mesclam algumas das categorias supracitadas. Quanto à primeira categoria, observa-se o predomínio de atividades do tipo atendimentos em forma de grupo. Quanto às dificuldades enfrentadas, embora pouco abordadas nos resumos, verificou-se que 13,6% apontam problemas relacionadas aos usuários, 9,1% referem dificuldades entre os profissionais e 4,5% remetem à ineficiência de políticas públicas. Quanto às facilidades, apenas um artigo apontou de forma clara que a articulação entre profissionais e a rede de apoio possibilita uma reabilitação integral e comprometida. Os dados revelam que a reabilitação na APS é um tema ainda pouco explorado cientificamente, o que justifica a prevalência de estudos qualitativos de abrangência local, em geral exploratórios, estando a produção concentrada em poucos grupos no país. A concentração da maioria das publicações em periódicos da área Educação Física da CAPES reflete o perfil das profissões que historicamente localizam-se no campo da reabilitação, como Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Destaca-se o fato de que os artigos sobre modelos de atenção concentram-se na subárea Terapia Ocupacional, revelando uma maior busca da profissão em discutir diferentes perspectivas que orientam o desenvolvimento das ações. O baixo número de produções envolvendo o trabalho em equipe revela um distanciamento da perspectiva que orienta a ESF, o que precisa ser revisto. Em relação às temáticas abordadas, o predomínio de estudos sobre Processo de trabalho revela o interesse em se discutir especificamente as práticas desenvolvidas, o que pode estar relacionado à crescente inserção de profissionais de reabilitação na APS nos últimos anos, sobretudo a partir da criação dos NASF, uma vez que, por estarem historicamente localizados em níveis mais especializados da atenção à saúde, demandam conhecimento sistematizado sobre o trabalho em serviços territorializados. Conclusões: O estudo aponta para a necessidade de se fomentar a produção de conhecimento acerca da reabilitação na APS, sobretudo na perspectiva do trabalho em equipe, de modo a permitir a elaboração de novas práticas e modelos que reforcem a lógica transformadora da APS e que abram espaço para a construção epistemológica do campo, que é diverso e que carece de investimento científico e político. Desta forma, espera-se que projetos inovadores voltados para a formação de profissionais e para a construção de novos modelos de atenção em reabilitação sejam fomentados, com vistas à garantia do cuidado integral a pessoas com deficiência ou quaisquer usuários que demandem ações de reabilitação em saúde nos territórios.
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