28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-10A - GT 10 - Direitos e Políticas: conjunturas e implementação |
31326 - OFICINA “EPIDEMIA DE ZIKA NO BRASIL: LIÇÕES APRENDIDAS E RECOMENDAÇÕES”: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA REDE ZIKA CIÊNCIAS SOCIAIS LENIR NASCIMENTO DA SILVA - FIOCRUZ, GUSTAVO CORRÊA MATTA - FIOCRUZ, MARIANA VERCESI DE ALBUQUERQUE - FIOCRUZ, MARCIA DE FREITAS LENZI - FIOCRUZ, FRANCINE DE SOUZA DIAS - FIOCRUZ
Introdução
Este trabalho é um relato de experiência do Workshop “Epidemia de Zika no Brasil: Lições Aprendidas e Recomendações”, realizado nos dias 24 e 25 de julho de 2018, que precedeu o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Essa atividade foi produzida pela Rede Zika Ciências Sociais, vinculada à Presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e realizada nas dependências desta instituição, no Rio de Janeiro.
A Rede tem por objetivo a produção de pesquisas sobre a epidemia de Zika vírus, suas implicações científicas, sociais e políticas, a partir das referências das ciências sociais e humanidades. O Workshop consolidou-se como espaço de participação democrática, construção coletiva e articulação entre diferentes saberes comprometidos com o fortalecimento da saúde pública e da proteção social brasileira.
O objetivo principal do evento foi produzir um documento político com diretrizes e estratégias para o enfrentamento das consequências da epidemia do vírus Zika (ZIKV), e de outras possíveis doenças, através do diálogo sobre seus impactos. Participaram da oficina: pesquisadores das ciências biomédicas, ciências sociais e saúde pública; gestores de saúde; sociedade civil e familiares de crianças diagnosticadas com a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ). A partir dos debates realizados, os participantes produziram coletivamente a Carta de Recomendações onde são indicadas novas estratégias de atenção aos sujeitos e famílias afetados pela doença, especialmente no que se refere à SCZ.
Aprendizados
Na ocasião da Emergência Sanitária de Zika o Governo Federal, em par com os Estados e Municípios, produziu um conjunto de respostas, com destaque para estratégias de controle vetorial, atenção à saúde, informação e comunicação; investimento em pesquisa e inovação tecnológica; acesso a serviços e benefícios no âmbito da assistência social. Familiares de crianças com a SCZ tentaram participar ativamente deste processo, além de organizações da sociedade civil, mídia e outros atores. Porém as políticas e ações oficiais foram implementadas de forma desigual nos estados atingidos pela epidemia e suas consequências, gerando respostas distintas e insuficientes.
O desafio da oficina foi a instituição de um grupo capaz de dialogar a partir de diferentes saberes e perspectivas, sem hierarquizar os conhecimentos de cada participante. Além disso, disposto a produzir, coletivamente, uma avaliação dos caminhos percorridos até a ocasião, bem como novos saberes no formato de recomendações para caminhos possíveis.
Resultados
Os participantes se dividiram livremente em três grupos de trabalho: 1) diagnósticos, transmissão não vetorial, inovação tecnológica, biobanco e data sharing; 2) controle vetorial, meio ambiente, educação, comunicação e informação; 3) estudos clínicos da SCZ e suas consequências; dimensões epidemiológicas, sociais e éticas; respostas; relação entre os diferentes níveis de atenção. A dinâmica dos grupos para a produção do documento foi estruturada a partir das questões: o que sabemos; o que não sabemos; e recomendações.
O resultado foi um documento com cinco grandes temas, a saber: 1) Cuidado com a criança; 2) Cuidado com a mulher; 3) Políticas públicas, comunicação em saúde e participação social; 4) Vigilância em saúde, prevenção e controle da Zika; 5) Ciência, tecnologia, informação e ética. Estes temas totalizaram 18 principais recomendações, desdobradas em 85 detalhamentos.
Longe de produzir respostas definitivas para as implicações da epidemia, o Wokshop foi o caminho para a instituição de discussões democráticas sobre as escolhas técnicas que envolvem o coletivo que não costumam alcançar a população em geral e os grupos diretamente interessados – uma outra forma de discutir as relações entre ciência e sociedade.
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