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30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-10C - GT 10 - Atenção primária e sentidos da deficiência

30167 - O NASCIMENTO DE UM FILHO CEGO EM UMA "SOCIEDADE VISUAL"
ANDRÉA MAZZARO ALMEIDA DA SILVA SANTOS - IBC / IMS(UERJ), ROSSANO CABRAL LIMA - IMS (UERJ)


O NASCIMENTO DE UM FILHO CEGO EM UMA “SOCIEDADE VISUAL”
Introdução
Não é difícil deduzir que receber do médico o diagnóstico sobre a deficiência visual de seus filhos conduz os pais a sentimentos de intensa preocupação e sofrimento com a saúde física de seu filho. Neste sentido, a compreensão dos profissionais da saúde para com os riscos iminentes no desenvolvimento da criança cega congênita pode ser útil para elaboração de modelos de atenção à saúde da pessoa com deficiência, práticas terapêuticas, bem como estratégias preventivas e de promoção da saúde.
Objetivos e metodologia
Pesquisamos, em fontes primárias e secundárias de língua portuguesa, inglesa e espanhola, o sofrimento dos pais de bebês cegos congênitos, os quais, além da preocupação com a saúde física de seu filho, acabam sendo influenciados por uma sociedade que se comunica, majoritariamente, pelo sentido visual, a partir dos mais diversos estímulos, que vão desde as expressões faciais, encontradas nas relações de cuidados, até outdoors e outras mensagens imagéticas, massificadas pela internet e outros meios. Logo, o sofrimento dos pais é despertado pela perda do filho idealizado, como também por uma sociedade que exclui o deficiente, por meio de todas as dificuldades encontradas em uma cultura que confere à visão significados que vão além do orgânico.
Resultados e discussão
O termo deficiência visual é designado para se referir a impedimentos que são de origem orgânica, ocasionados por patologias oculares e que se referem a um espectro que inclui desde a ausência de visão com ou sem percepção de luz, até aqueles que são considerados baixa visão ou visão subnormal (Batista & Enumo, 2000). Segundo as autoras, essas definições baseiam-se na “avaliação da acuidade visual, campo visual, sensibilidade ao contraste, visão de cores e outros aspectos” (p.3). A perda da visão pode afetar o campo central, periférico, ser bilateral ou atingir somente um olho. (Kreutz, 2010).
Vivemos no “mundo das imagens”. As redes sociais estão repletas de imagens que mostram estilos de vidas: fotografias, vídeos, todos nos melhores ângulos retocados por programas de edição de imagem para serem “vistos” como bonitos, neste caso, de acordo com o padrão estético (novamente a visão) vigente no momento. “O sujeito contemporâneo padece de um fascínio crônico pelas possibilidades de transformação física anunciadas pelas próteses genéticas, químicas, eletrônicas ou mecânicas” (Costa, 2004, p.77). Se pensarmos nestes postulados, seria a visão considerada um sentido hegemônico?
Diante do exposto, se a visão for considerada o sentido essencial para o convívio com as relações objetais, sendo estas relações “um organismo em interação com o meio” (Laplanche, 1994, p. 444), constituindo representações que nos circundam e são majoritariamente apresentadas e exploradas pelo sentido visual, tendemos a cogitá-la como primordial para o desenvolvimento humano e consequentemente para a comunicação. Mas essa é uma concepção baseada na vivência da “cultura da visão” em que estamos inseridos.
Seguindo esta linha, o modelo social da deficiência (DINIZ,2007) teve como premissa da primeira geração de teóricos a constatação de que as desvantagens dos deficientes resultariam mais diretamente das barreiras arquitetônicas e de transportes do que dos corpos lesionados. Segundo esses teóricos, se tais barreiras fossem retiradas, “os deficientes seriam independentes” (DINIZ, 2007, p.59). Por outro lado, as teóricas feministas introduziram no debate “o mais revolucionário e estrategicamente esquecido pelos teóricos do modelo social, sobre o papel das cuidadoras” (ibid, p.61). As feministas cuidadoras passaram a ter voz legítima “nos estudos sobre deficiência, mas principalmente colocaram a figura da cuidadora no centro do debate sobre justiça e deficiência” (DINIZ,2007,p. 69). Deste modo, justifica-se, a partir da menção restrita às cuidadoras, o cuidado e amparo aos pais ou responsáveis de modo geral.
Considerações finais
Postulamos que os processos relacionais dos bebês cegos sejam ancorados na valorização de suas idiossincrasias, de modo que a deficiência seja uma característica a ser considerada como parte do desenvolvimento do bebê, com todas as suas peculiaridades. Ressaltamos que uma rede de amparo aos pais, para que saibam lidar com as especificidades do processo, é necessária. A rede de apoio irá capacitá-los a perceber as nuances dos processos relacionais, para além do olhar, não necessariamente com práticas pedagógicas ou de reabilitação, mas de suporte, a fim de que se sintam confiantes em perceber os convites, feitos pelos filhos, que estão muito além da visão.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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