30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-10C - GT 10 - Atenção primária e sentidos da deficiência |
30423 - OS SENTIDOS ATRIBUÍDOS PELOS PAIS SOBRE O COTIDIANO FAMILIAR APÓS O NASCIMENTO DE UM FILHO COM MICROCEFALIA ASSOCIADA AO VÍRUS ZIKA
LEÂNIA GERIZ PEREIRA DE OLIVEIRA - UFPB, KALINY OLIVEIRA DANTAS - UFPB, GERALDO EDUARDO GUEDES DE BRITO - UFPB, KÁTIA SUELY QUEIROZ SILVA RIBEIRO - UFPB, DANYELLE NÓBREGA DE FARIAS - INSTITUIÇÃO NOVA ESPERANÇA, ROBSON DA FONSECA NEVES - UFPB
INTRODUÇÃO: A microcefalia, segundo a Organização Mundial de Saúde, é uma malformação congênita de etiologia complexa e multifatorial definida pelo tamanho do perímetro cefálico (PC). No final do ano de 2015, o Ministério da Saúde admitiu a associação entre o aumento da prevalência de casos de recém-nascidos com microcefalia no Brasil e a infecção de Zika vírus na gestação. Com o desdobramento desse evento e por conta da repercussão social que o problema teve no Brasil e no mundo, várias ações foram disparadas pelo Ministério da Saúde e por instâncias estaduais e municipais no sentido de prestar assistência a essas crianças e suas famílias. Estudos recentes apontam que a rotina da família é alterada devido à terapia e os atendimentos médicos, impossibilitando, muitas vezes, que os pais continuem com a carreira profissional, consequentemente dificultando a situação financeira da família. OBJETIVO: conhecer os sentidos atribuídos pelos pais sobre o cotidiano do cuidar de um filho com microcefalia associada ao vírus Zika. METODOLOGIA: Utilizou-se a abordagem qualitativa, foi empregada a técnica de entrevista semiestruturada, os participantes foram, dois pais e dez mães de crianças com microcefalia de diferentes cidades do Estado da Paraíba, realizou-se a análise de dados por meio da modalidade de Análise de Enunciação. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir do tratamento dos dados obtidos e sua análise, emergiu a categoria Mudanças na Família na qual foi observado na análise das falas dos pais e mães, três aspectos, sendo elas: desgastes das relações familiares, adaptações da rotina familiar e distanciamento dos familiares. A prestação de cuidado integral gera desgaste nas relações conjugais e com os demais filhos, devido à falta de divisão do cuidado com a criança sobrecarregando mais um dos cuidadores, pai ou mãe, do que o outro, visto que os pais assumem papéis distintos e socialmente definidos. O pai, frequentemente, assume a responsabilidade de manter financeiramente a casa, já a mãe, deixa de trabalhar para dedicar-se exclusivamente ao filho. A rotina de uma família com uma criança com microcefalia passa por adaptações, sendo está muitas vezes extenuante, devido às visitas aos médicos, os exames, as viagens para a reabilitação e o cuidado diário, gerando um desgaste tanto físico como emocional, principalmente do cuidador principal. O cuidador principal na maioria das situações é caracterizado pela mãe. Em muitos dos relatos é observado que a rotina dela é modificada para priorizar o filho, deixando assim suas necessidades pessoais para segundo plano, já que elas tomam conta integralmente das crianças, tendo de realizar viagens para o tratamento várias vezes durante a semana. Levando em consideração esse e outros aspectos, vê-se que o cotidiano da mãe sofre mais alterações do que o do pai. Em consequência do cronograma complexo da reabilitação da criança, as adaptações na rotina familiar acabam por distanciar os conjugues, desgastar a relação parental com os demais filhos e as mães deixam de realizar atividades que consideravam prazerosas. Uma dificuldade sentida pela mãe é o distanciamento dos familiares para com seu filho com microcefalia, ela sente que os familiares o estigmatiza e isso gera um sentimento de tristeza, pois ela percebe que o filho não está sendo aceito com as demais crianças. CONCLUSÃO: os significados que os pais e mães de crianças com microcefalia atribuem às implicações na vida pessoal e no cotidiano do cuidar, neste estudo, são semelhantes aos encontrados na literatura internacional. Assim, é preciso problematizar com os pais, demais familiares e pessoas próximas as mudanças intra e extra familiares para que as cargas dos cuidado sejam menores, para que haja compartilhamento equilibrado de tarefas e para que os apoios não se percam.
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