30/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-10C - GT 10 - Atenção primária e sentidos da deficiência |
30885 - A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS DEFICIÊNCIAS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA LARISSA OLIVEIRA DA GRAÇA - UFS, FLAVIANE ALMEIDA DA LUZ - UFS, ANDRESSA DE OLIVEIRA DIAS - UFS, SARAH CATARINA SANTOS DO NASCIMENTO - UFS, LAIS ROCHA SANTOS - UFS
A Atenção Primária à Saúde (APS) inserida no Sistema Único de Saúde (SUS) se constitui enquanto “ações individuais e coletivas voltadas à promoção da saúde”, prevenção de doenças e agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, entre outros, de forma multidisciplinar, orientando-se a partir dos Princípios e Diretrizes operacionalizados pelo Sistema (BRASIL, 2017, art. 2º). No contexto da saúde e da educação, a fonoaudiologia emerge no Brasil na década de 60 em práticas de reeducação de linguagem junto à população com deficiência. Neste sentido, o fonoaudiólogo enquanto profissional capaz de, entre outros aspectos, promover saúde e atuar na habilitação e reabilitação dos sujeitos (CFFa, 2007), insere-se atualmente na APS, sobretudo no contexto das deficiências. Desta forma, o objetivo deste trabalho é revisar a literatura acerca da atuação fonoaudiológica nas deficiências no âmbito da Atenção Primária. Inicialmente foram pesquisados os termos “fonoaudiologia AND atenção primária” e “fonoaudiologia AND pessoas com deficiência” nas bases de dados Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para a seleção das publicações, utilizou-se como critério de inclusão artigos em português dos últimos 19 anos em periódicos de livre acesso que relacionassem a inserção da fonoaudiologia na APS em ações voltadas às deficiências. Ao todo foram encontrados 189 resultados e após a exclusão pelo título foram selecionadas 38 publicações para a leitura do resumo, destes, 11 foram lidos e analisados na íntegra e 9 compõem o corpus desta pesquisa. No que se refere a atuação fonoaudiológica, seis artigos tratam de ações relacionadas à saúde auditiva, destacando-se a identificação precoce da deficiência auditiva (DA) através do incentivo à triagem auditiva neonatal (teste da orelhinha); acompanhamento e visita domiciliar aos bebês que falharam no teste; ações educativas e formativas para famílias de pessoas com deficiência e ações educativas para gestantes com o objetivo de prevenir deficiências, em especial a DA. Tratando-se das ações realizadas em conjunto com profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e da Equipe de Saúde da Família (eSF), evidenciam-se dois trabalhos, o primeiro indica a atuação da fonoaudiologia em parceria com a fisioterapia em casos de comprometimento neurológico e deficiência e o segundo traz a realização de ações integradas entre a eSF e os equipamentos sociais, com o objetivo de promover a inclusão escolar, social e no trabalho de pessoas com deficiência. Ainda neste cenário, um dos artigos demonstrou a importância de estabelecer estratégias específicas para facilitar a incorporação das ações de reabilitação na Estratégia Saúde da Família (ESF) por parte dos profissionais de saúde, dentre eles o fonoaudiólogo, garantindo à pessoa com deficiência os direitos como usuários do SUS. Diante dos resultados, a atuação fonoaudiológica das deficiências na APS parte do cuidado humanizado através do atendimento mais próximo e vinculado com a comunidade e perpassa pelas ações em saúde auditiva, que demonstraram necessidade de avanço, revisão e reformulação, além de continuidade das ações para abranger a população de acordo com a demanda territorial. Como há diversas formas na Fonoaudiologia de intervir no NASF-AB, defende-se também a atuação nas questões relacionadas à estrutura, agrupadas ao Apoio à Atenção e Apoio à Gestão (CAMPOS; DOMITTI, 2007). Dessa maneira, a atuação interdisciplinar é fundamental para o planejamento das ações de prevenção de doenças e promoção à saúde, que garantem qualidade de vida para os usuários, além de contribuir para a prática profissional dos fonoaudiólogos por meio da ampliação das habilidades e competências (BEZERRA et al., 2010). Nesse contexto, ressalta-se a necessidade da capacitação e qualificação dos profissionais que atuam na eSF e no NASF-AB. Godoy, Guimarães e Assis (2014) propõem serviços de tele-educação como estratégia formadora de profissionais da APS, sendo uma das possibilidades de formação a atuação nas deficiências com o uso da Comunicação Alternativa Suplementar, área que emerge das Tecnologias Assistivas e se insere na prática fonoaudiológica da Linguagem. Ainda para os autores, houve pouca participação dos fonoaudiólogos nas sessões, ou seja, é um recurso ainda pouco explorado, mas que contribui para maximizar o conhecimento na saúde da comunicação humana. Portanto, mostrou-se fundamental a inserção e a participação do fonoaudiólogo no cenário da APS, bem como a necessidade de mais interesse pela formação continuada, uma vez que as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças e deficiências são ações de rotina do profissional e de toda a equipe, beneficiando diretamente a qualidade de vida dessa população, família e comunidade.
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