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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-14C - GT 14 - Diferentes abordagens da e na Extensão

29800 - EXTENSÃO E EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE: DESAFIOS À CONSTRUÇÃO DE INÉDITOS VIÁVEIS
NEIDE EMY KUROKAWA E SILVA - UFRJ, MIRIAM VENTURA DA SILVA - UFRJ, CESAR AUGUSTO PARO - UFRJ


Contextualização: Diante da situação de emergência sanitária suscitada pelo Zika vírus em 2016, via-se que as respostas de prevenção limitavam-se à reprodução do modelo campanhista baseado em divulgação de informações técnicas e prescrições. A crítica a esse modelo ensejou realização de ação de extensão e de pesquisa, visando desenvolver capacidades e fomentar práticas inovadoras de prevenção e promoção da saúde, a partir da análise de vulnerabilidades territoriais ao vírus Zika. Os pilares democráticos e participativos da Constituição Federal brasileira deram a sustentação para a formalização da Política Nacional de Educação Popular em Saúde (Brasil, 2012), que traz no seu âmago um caráter propositivo e transformador, a partir da formação de sujeitos críticos, problematizadores, protagônicos e de processos educativos dialógicos. Nesse contexto, a noção de práticas inovadoras foi considerada não apenas a partir de seu caráter de “novidade” mas tomando como horizonte o conceito de inédito viável, como proposto por Paulo Freire. Para além de uma conceituação precisa, a riqueza dos inéditos viáveis situa-se no complexo processo pedagógico que parte do estranhamento de situações cotidianas, as quais, a partir da problematização crítica dos sujeitos, são identificadas, destacadas e tematizadas como problemáticas, propulsionando a ação. Descrição: Tendo como referência a pedagogia crítica problematizadora e o conceito de vulnerabilidade, as oficinas foram estruturadas segundo a proposição freireana de educação, contemplando o (re)conhecimento do território; a apreensão dos conhecimentos, controvérsias e lacunas em torno do vírus Zika; a identificação das diferentes dimensões individuais, programáticas e sociais que podem suscetibilizar indivíduos e grupos aos seus agravos e, finalmente, a proposição de ações inovadoras, que transcendessem as práticas tradicionais de prevenção e de promoção à saúde. A ação constou de 4 oficinas com carga horária de 20 horas cada no território do Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, contando com 42 participantes no total (Agentes Comunitários de Saúde, Agentes de Vigilância Sanitária e lideranças comunitárias). Período de realização da ação de extensão: julho/2017 a abril/2019. Objetivo: Levantar possibilidades e limites de construção de inéditos viáveis da ação de extensão em pauta. Resultados: Como almejado, a ação propiciou o reconhecimento de contextos de vulnerabilidades territoriais para além do foco doméstico e responsabilização individual dos moradores. Referiam-se sobremaneira ao poder do tráfico e à violência no território, incidindo sobre a coleta de lixo incerta; às obras públicas inacabadas; à intermitência no abastecimento de água, dentre outras, além do baixo investimento material e humano do serviço de saúde em ações de promoção. Ao lado do rico processo de problematização da questão do zika no território, foram construídas algumas propostas inovadoras, que superaram o modelo de adestramento da população, em prol do seu protagonismo, seja no sentido de exigir providências dos órgãos responsáveis, seja para obter maiores informações sobre determinadas situações ou, ainda, na perspectiva de fomentar canais de comunicação comunitários para tematizar a questão do saneamento. Não obstante tais resultados, chamou a atenção o fato de que nenhuma das 7 propostas foi colocada em prática, a despeito dos esforços redobrados da equipe de coordenação do projeto, estimulando e criando espaços para assessorar e acompanhar o desenvolvimento dos projetos. Em reunião para sistematização da experiência, os discursos para justificar tal situação giraram em torno de argumentos relativos à falta de tempo e à instabilidade das equipes em função dos cortes de pessoal nas clínicas da família no município. Aprendizados e análise crítica: As aspirações do projeto, de construção de ações inovadoras de prevenção, que se identificassem com os inéditos viáveis, mostrou-se limitada, na medida em que não culminou na ação dos sujeitos envolvidos. O intento de fomentar práticas inovadoras de prevenção não gerou ações concretas, subsumindo-se à construção dos projetos. Não obstante a plausibilidade das justificativas apresentadas e mesmo considerando as barreiras institucionais impostas pelos processos de trabalho operantes na unidade de saúde, esperava-se que ao menos alguns projetos que fossem desencadeados. Tendo em vista a centralidade do sentido de projeto coletivo à consecução de ações ancorados nos inéditos viáveis, as ponderações acerca desse insucesso levam a questionar sobre o quanto os projetos refletiam um empreendimento que fosse, de fato, coletivo. Isso implicaria maiores investimentos na construção do sentido de grupalidade e dialogicidade entre os participantes, ou seja, no aprendizado de trabalho em equipe, ancorado em processos comunicativos mais efetivos, de projetos, sonhos, utopias e esperanças fossem compartilhados.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900