30/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-14E - GT 14 - Extensão e serviços de saúde |
30027 - PROGRAMA REDES DO BEM EIXO EDUCAÇÃO: EXTENSÃO POPULAR DESENVOLVENDO MUDANÇA DE QUALIDADE DE VIDA EM COMUNIDADES POBRES DE JOÃO PESSOA LAIS PAIVA NOGUEIRA - UFPB, AUXILANDIA ALBUQUERQUE DOS SANTOS - UFPB, FERNANDA SECCO DE SOUSA - UNIVALI, THIAGO PELÚCIO MOREIRA - UFPB
A Educação Popular (EP), metodologia defendida por Paulo Freire, incorpora a comunidade de maneira a tornar o indivíduo um ser autônomo, através do diálogo, pensamento crítico e conscientizador (BRANDÃO; FAGUNDES, 2016). Na EP, o sujeito é um ser comunitário, que sofre influência do meio e tem poder de influenciá-lo, mudando o estilo de vida e sua realidade (AMARAL; PONTES; SILVA, 2014).
É primordial na formação dos universitários práticas de políticas públicas que evoquem a percepção da realidade, vulnerabilidade e enfrentamentos nas comunidades (BISCARDE; PEREIRA-SANTOS; SILVA, 2014). As extensões universitárias propiciam ao aluno um protagonismo de suas ações junto à população, estreitando o elo entre sociedade e universidade. (LEITE et al., 2014).
Desse modo, temos como objetivo relatar as práticas do programa de extensão Redes do Bem, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que bebe dos conceitos desenvolvidos pela EP, atuando em comunidades com ênfase nos micro espaços com maior índice de pobreza e vulnerabilidade.
O Redes do Bem tem atualmente extensionistas nas comunidades São Rafael, Timbó e Santa Clara, em João Pessoa-PB. Para entender as necessidades em cada local, territorialização, conversas com lideranças comunitárias e visitas domiciliares foram a base para todas as ações a serem realizadas. Anteriormente ao início das atividades, foram oferecidas capacitações para tornar os extensionistas mais aptos, incluindo temas como pedagogia, metodologias ativas, contação de estórias e equilíbrio emocional.
No primeiro momento, atuamos a partir de 2014 apenas no São Rafael, com atividades de letramento com crianças, jovens e adultos. Boa parte dos alunos selecionados pela coordenação pedagógica residiam nas áreas mais vulneráveis e a grande maioria dos educandos apresentavam grande dificuldade no letramento. Foram implementadas na escola estadual atividades no contra turno e participações na educação de jovens e adultos à noite.
As ações eram ao menos quatro vezes por semana, com supervisão da coordenadora pedagógica, que de forma lúdica traziam propostas temáticas do letramento, mas também buscando realizar prevenção e promoção de saúde. Os estudantes tinham frequência exemplar, curiosidade e grande participação. Na troca de informações durante as atividades, também conseguimos acompanhar a evolução do equilíbrio emocional, das relações interpessoais, da autonomia e da capacidade crítica. Porém, no final de 2018, as práticas na escola foram reduzidas devido a troca da coordenação pedagógica.
Já na reformulação do programa, em 2019, iniciamos a construção de bibliotecas nas três comunidades supracitadas, além do planejamento de um coral e oficinas de culinária vegana. As atividades também buscam trazer uma alimentação barata, equilibrada, com benefícios a saúde e ainda como potencial fonte de renda auxiliar para o indivíduo, conhecimento de arte e desenvolvimento de novas habilidades.
Atualmente as bibliotecas comunitárias que estão mais adiantadas na organização e oferecimento de atividades estão na Santa Clara e no Timbó, que estão vários turnos abertos disponíveis para a comunidade. As ações ainda dependem muito dos extensionistas, mas estamos criando estratégias para que gradualmente os moradores assumam mais e mais responsabilidades e se empoderem da responsabilidade de educar amorosamente uns aos outros.
O programa também auxilia no cuidado de algumas das famílias mais pobres de cada comunidade, realizando suprimento alimentar com distribuição de cestas básicas.
Os projetos de extensão trazem para a equipe uma vivência inigualável, com oportunidade de sair do conforto universitário, conhecer novas culturas, novas realidades e trabalhar com elas. Reconhecendo a importância do saber popular, de dialogar e do caráter transformador que a EP apresenta (RIBEIRO, 2009).
Aprender a lidar com as dificuldades, sabendo atuar nas necessidades e dando o melhor de si, nos permite uma formação mais humana, pois a troca de conhecimento que ocorre continuamente durante as atividades nos torna mais humildes, respeitosos e esperançosos de um futuro melhor.
A marginalização da sociedade afeta de forma cruel as comunidades pobres, tornando ainda mais difícil a vida das pessoas que lá residem. Cada projeto apresenta um enfrentamento ou dificuldade diferente, mas que não deve barrar a continuidade de uma ação transformadora para o público alvo. Através de rotas alternativas deve-se contemplar soluções para que o potencial daquela comunidade seja explorado (RIBEIRO, 2009), para garantir um retorno e melhoria na condição de vida e consciência da sua posição como sujeito livre e crítico no mundo, que é o objetivo final.
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