28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-14B - GT 14 - Extensão e agravos à saúde |
30628 - PROJETO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM AS FAMÍLIAS AFETADAS ZIKA VÍRUS, PERNAMBUCO/BRASIL. ANA MARILIA CORREIA CAVALCANTI - LASAT/FIOCRUZ PE, NATHALIE ALVES AGRIPINO - LASAT/FIOCRUZ PE, MARIA JOSÉ CREMILDA FERREIRA ALVES - LASAT/FIOCRUZ PE, VIRGÍNIA CARMEM ROCHA BEZERRA - LASAT/FIOCRUZ PE, GERMANA SOARES DE OLIVEIRA - UNIÃO MÃES DE ANJOS, RAQUEL MEDIALDEA CARRERA - UNIVERSITY OF LIVERPOOL, LIVERPOOL, UK, SUZANNAH LAN - UNIVERSITY OF LIVERPOOL, LIVERPOOL, UK, MIKE GRIFFITHS - UNIVERSITY OF LIVERPOOL, LIVERPOOL, UK, MARIANA OLÍVIA SANTANA DOS SANTOS - LASAT/FIOCRUZ PE E NCV/UFPE
O vírus Zika do Gênero Flavivírus, transmitido por mosquito foi isolado pela primeira vez em 1947 na floresta em Uganda, localizado no Continente Africano (Brito, 2015). No Brasil, a doença começa a ter as primeiras notificações confirmadas em 2015, que se ampliou numa epidemia com alerta de estado de emergência em saúde pública pelo MS e OMS, e grandes desafios para seu enfrentamento, especialmente às muitas lacunas sobre suas manifestações clínicas, por apresentar sintomatologia semelhante com outras doenças, como dengue e chikungunya, ainda ter poucos estudos publicados no mundo e com o surgimento de complicações associadas à infecção como os casos de síndromes neurológicas agudas em adultos, Síndrome de Guillain-Barré e em recém nascidos - microcefalia, posteriormente compreendida por Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV) (ALBUQUERQUE, SOUZA, 2018).Diante este alerta epidemiológico pesquisas começaram a serem desenvolvidas unindo cientistas de diversos países a exemplo do ZikaPlan, projeto que utiliza extensa abordagem e métodos para afrontar os problemas gerados pelo ZIKA (ZIKAPLAN, 2019). As pesquisas conduzidas pela Universidade de Liverpool frequentemente realizam uma atividade de extensão junto à comunidade envolvida nos estudos, conhecida como projeto de Engajamento Público, muito parecido com os projetos de extensão desenvolvidos pelas universidades brasileiras. Em 2017, começou a ser realizado o Projeto Engajamento público com famílias afetadas pelo Zika Vírus sob a coordenação global do Instituto de Infecção e Saúde Global (HPRU) da Universidade de Liverpool e coordenação local do Departamento de Saúde Coletiva do Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz Pernambuco, financiado pela WelcomeTrust, instituição de apoio a projetos sociais do Reino de Unido. O desenho do projeto começou a ser definido com o diálogo direto entre equipe de pesquisadores de diferentes áreas e movimento social das famílias afetadas pelo ZIKV de Pernambuco, representadas pela associação União Mães de Anjos (UMA), criada para lutar pelos direitos das famílias de crianças com SCZV localizada em Recife/Pernambuco. Com o objetivo de realizar atividades de educação em saúde para estas famílias serão apresentados os resultados da primeira etapa do projeto, realizada entre agosto de 2017 a agosto de 2018. As atividades foram direcionadas para melhoria do desenvolvimento das crianças eo cuidado voltado para os/as responsáveis, orientadas pela educação popular em saúde. Foram realizados 42 encontros com a participação de 438 pessoas, 40 profissionais de saúde de diferentes áreas, além de 92 estudantes de diversas graduações na área de saúde trabalhando sob um contexto multiprofissional. Cada oficina contou com apoio de cuidadores para ajudar com as crianças e possibilitar a participação ativa, além de garantia de todos materiais necessários, refeição e lanche.As oficinas foram organizadas em torno das seguintes temáticas: 1) Educação em saúde com foco no desenvolvimento da criança – estimulação precoce, fisioterapias, práticas integrativas e complementares, etc;2) Oficinas de economia solidária -oficinas artesanais (bijuterias, unhas artísticas, maquiagem para incentivar o resgate da autonomia financeira pois muitas mães deixaram de trabalhar para dedicar-se exclusivamente a maternagem;3) Oficinas de retomada do autocuidado dos responsáveis, numa tentativa de reconstruir a percepção sobre o “eu”, ampliando o olhar para além do cuidado centralizado na criança; e 4) Conhecendo a realidade das famílias distantes da capital - Diante das dificuldades do acesso das famílias moradoras do interior, surgiu a demanda para levar as oficinas aos municípios do agreste e do sertão de Pernambuco.Além das oficinas foram desenvolvidas ações para popularização da ciência através do recurso audiovisual. Ao longo do ano, pequenos vídeos foram produzidos para compartilhar os aprendizados vivenciados - Mutirão de saúde;Como estimular as crianças brincando; Terapia na água; Construção de tala extensora; Dicas de Postura; oficina no sertão.O projeto contribuiu na ativação da sede da UMA onde cada vez mais as famílias têm se apropriado desse espaço para os encontros e compartilhamentos de sentimentos, sensações e perspectivas diante dos desafios enfrentados. Tem demonstrado relevância tendo em vista a carência de informações em saúde e de oferta de momentos de apoio para o enfretamento dos desafios diários. É preciso fortalecer permanentemente as redes de saúde e de apoio social para garantia de melhores condições e qualidade de vida. O projeto segue em busca de melhorias articulando saberes científicos e não científicos, contanto com novos apoios institucionais, como o de divulgação científica ofertado pela Fiocruz Rio de Janeiro. Como perspectiva planeja realizar análises científicas e continuar contribuindo com novas ideias e práticas de cuidado através das oficinas e novos vídeos.
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