28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-14B - GT 14 - Extensão e agravos à saúde |
31584 - SABER E FAZER A PROMOÇÃO DE SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DANIELLE TELES DA CRUZ - UFJF, ALUÍSIO JOSÉ SANTIAGO - UFJF, WILLIAM LUCAS FERREIRA DA SILVA - UFJF, GRAZIELA LONARDONI DE PAULA - UFJF
Contextualização: O projeto parte da premissa que para avançarmos na qualificação do processo de formação é fundamental a garantia de um ‘trabalho vivo em ato‘, coletivo, que se realiza no momento do encontro entre sujeitos, que envolve escuta, disponibilidade, sensibilidade, implicação e confiança. Para a construção do trabalho em saúde interdisciplinar considera-se que a equipe é um tecido de relações de saberes e poderes, e inclui pessoas com formações e histórias diferentes, que se encontram para cuidar de pessoas com necessidades de saúde singulares e formular projetos de promoção de vida. Os conceitos e perspectivas da promoção da saúde, da educação dialógica, horizontalizada, libertária e problematizadora devem ser valorizadas a fim de reforçar práticas coletivas com enfoque na educação para a autonomia. A centralidade na família é um dos atributos da Atenção Básica, sendo um espaço importante para a construção do cuidado. O contexto familiar é o espaço primeiro de identificação e explicação do adoecimento de seus membros e onde este adoecimento adquire maior relevância. Tais características tornam a família uma unidade de cuidados, devendo ser compreendida pelos profissionais de saúde em suas interrelações, ao mesmo tempo em que é uma unidade prestadora de cuidados, podendo tornar-se uma parceira dos serviços de saúde no cuidado de seus membros. A construção do conceito ampliado de saúde, parte, portanto, da produção do cuidado que acontece no âmbito familiar atrelada ao contexto no qual essa se insere e na forma como a comunidade se estrutura e se organiza no cotidiano. A saúde é uma produção social e não pode ser restrita ao setor saúde. Descrição: A população alvo é constituída por aproximadamente 200 famílias, de baixo nível socioeconômico, em situação de vulnerabilidade social, residentes no loteamento Caiçaras II (Juiz de Fora - Minas Gerais). Trata-se de uma região descoberta pela Estratégia de Saúde da Família e com Unidade Básica de Saúde de referência localizada em outro bairro relativamente distante. Esses sujeitos possuem dificuldades em acessar os serviços de saúde, não há associação de moradores instituída e nenhum dos indivíduos fazem parte do conselho de saúde local. A equipe de trabalho é formada por alunos de diferentes cursos da área da saúde, que realizam visitas domiciliares quinzenalmente (aos sábados). As visitas envolvem o mapeamento do território, conhecimento das necessidades em saúde, criação de vínculos, fomento da promoção da saúde e da organização da comunidade em prol da participação social. Os poucos espaços institucionais (escola municipal e igrejas dispersas no território) estão sendo utilizados também para mobilizar a sociedade. No intervalo entre as atividades de campo, são realizadas reuniões teóricas e de cunho científico, nas quais procuramos discutir a realidade encontrada à luz da produção científica e com base em metodologias ativas. A escolha das temáticas a serem trabalhadas é direcionada pelas demandas levantadas in loco. Colaboradores de diversas áreas de estudo e integrantes de movimentos sociais da cidade são convidados para contribuírem com a construção dos debates, reflexões e ações. Objetivo: Propiciar aos acadêmicos uma visão abrangente do processo saúde/doença/cuidado e do SUS com foco na promoção da saúde e importância da participação popular e ao mesmo tempo fomentar esses conteúdos no interior da comunidade. Resultados: Através do projeto está sendo possível o desenvolvimento de ações que propiciam o direito à informação, a produção de habilidades de comunicação em saúde, o trabalho interdisciplinar e a educação em saúde incentivando à participação ativa no controle social em prol ao atendimento das necessidades da comunidade e também em defesa do SUS. No interior dessa comunidade, observou-se heterogeneidade com relação à gênero, orientação sexual, aspectos culturais, crenças religiosas e correntes filosóficas e políticas. Aprendizados: Em relação à formação, está sendo possível discutir diversos temas do campo da saúde coletiva, através de reuniões teóricas que acontecem quinzenalmente e também propiciar a apreensão de conhecimento através do contato direto com a comunidade. Análise crítica: Apesar do direito à saúde ser garantido constitucionalmente, ainda se faz necessário o desenvolvimento de ações que visem à construção e solidificação do SUS como política de Estado, ampliação do acesso aos serviços de saúde com vistas a universalidade, integralidade, equidade e gestão democrática, que respeite as diversidades e singularidades de cada ser. O projeto encontra dificuldades com relação ao estabelecimento de horário em comum entre os diversos cursos envolvidos (o que levou à adoção do sábado para atividade de campo e período noturno para as teóricas), ausência de estrutura no bairro que sirva de suporte para as ações, dificuldade de acesso à comunidade (barreiras geográficas, culturais e comportamentais) e falta de recursos financeiros.
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