29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-14D - GT 14 - Extensão e Saúde de grupos populacionais |
31459 - POPULAÇÃO QUILOMBOLA: DEFININDO ESTRATÉGIAS PARA GARANTIA DE DIREITOS MARIA ISABELLE BARBOSA DA SILVA BRITO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, AMANDA ARRUDA SANTOS MADEIRO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, JÚLIO CÉSAR PEREIRA DA SILVA JÚNIOR - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, MARIANA LUIZA DO NASCIMENTO SILVA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, PABLO ERIK DA SILVA LOPES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, ROSELAINE CLEMENTINO DA SILVA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, ISABELA NÁJELA NASCIMENTO DA SILVA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, LARYSSA PRISCILLA MÉLO DOS SANTOS ALVES - INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA - IMIP/PE, DÉBORA MORGANA SOARES OLIVEIRA DO Ó - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, CÁIO DA SILVA DANTAS RIBEIRO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, LAYS HEVÉRCIA SILVEIRA DE FARIAS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, NAÍDE TEODÓSIO VALOIS SANTOS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, PAULETTE CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE
Contextualização: As comunidades remanescentes de quilombolas como são conhecidas atualmente, encontram-se espalhadas por todo o Brasil. Os dados da CONAQ apontam a existência de 2.847 comunidades certificadas com 1.533 em processo de certificação no INCRA. Em Pernambuco, segundo a Fundação Cultural Palmares, existem 161 comunidades distribuídas em 42 municípios. Apesar dos números expressivos, essas comunidades enfrentam inúmeras dificuldades em razão das condições precárias de vida, reflexos da vulnerabilidade socioeconômica e uma exclusão social centenária. Dentre essas dificuldades, coloca-se também a busca pela efetividade do direito à saúde com completa responsabilização do Estado. Descrição: Trata-se de um relato de experiência baseado em um projeto de intervenção da disciplina Introdução à Saúde Coletiva oferecida no curso de Residência em Saúde Coletiva do Instituto Aggeu Magalhães – IAM/FIOCRUZ-PE, desenvolvido por mestrandos, residentes em saúde coletiva e ativistas do Movimento Negro Unificado. Em um primeiro momento foi realizado um levantamento sobre os principais problemas de saúde da população quilombola de Pernambuco, sendo elencados: a) Alta prevalência de doenças de veiculação hídrica e doenças crônicas; b) Dificuldade de acesso aos serviços de saúde; c) Distanciamento na relação equipe-comunidade e d) Fortalecimento da identidade cultural e vínculo com a terra. Em um segundo momento, pensou-se em eixos norteadores para enfrentamento das problemáticas encontradas. Eixo 1: A Educação Popular em Saúde, sendo proposta a criação de oficinas para as comunidades quilombolas com temáticas sobre saúde mental, uso de álcool e drogas, hipertensão arterial, doenças infecciosas e parasitárias, cine-debate com alvo na problematização do combate ao racismo, identidade negra, cultura quilombola, violência e trabalho infantil. Eixo 2: Parceria Equipe-comunidade: o SUS entrelaçado em NÓS, onde seriam oferecidas oficinas de capacitação sobre a população quilombola e momentos de encontro entre os profissionais que compõem as equipes de saúde responsáveis pelo atendimento às comunidades e representantes destas. Organizando rodas de diálogo e atividades de exposição trazidas pelos comunitários, com apresentação da comunidade, sua história, tradições e movimentos culturais, visando uma maior compreensão sobre as especificidades das comunidades quilombolas e buscando também fortalecer o vínculo entre profissionais e população. Período de realização: O projeto de intervenção foi desenvolvido em março e abril de 2019. Objetivo: Apresentar intervenções elaboradas para a implementação de estratégias de enfrentamento dos principais problemas de saúde da população quilombola da V Região de Saúde de Pernambuco. Resultados: O estudo teve como primeira proposta a construção de um Projeto de Permacultura como estratégia principal para o estreitamento da relação da comunidade com a terra, para o reconhecimento da importância da titulação e para o fortalecimento da luta. Este projeto será desenvolvido, inicialmente, na comunidade Castainho, em Garanhuns, que será o piloto. Além desse projeto, também serão realizadas intervenções, nas 35 comunidades, de educação popular como Cine Debate e Oficinas que abordarão os temas da problemática local, que terão por finalidade desde questões de autonomia e autocuidado até o resgate da identidade quilombola. Adicionalmente, serão realizadas ações de Educação Permanente com as equipes de saúde que assistem a essas comunidades, contemplando os seguintes assuntos pertinentes: Anemia Falciforme; Identidade e Respeito; Saúde Bucal; Saúde Mental; Teste do Pezinho; Religiões Africanas; e Saúde Quilombola. Ainda para essas equipes de saúde, será incentivada a realização dos cursos de qualificação no portal UNASUS de Saúde da População Negra (45h) e de Atenção Integral à Saúde das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (60h). Ao final deste ciclo de cursos presenciais em Garanhuns e ao término dos cursos do UNASUS, cada equipe de saúde da família se reunirá em seus respectivos municípios com as lideranças das comunidades pelas quais são responsáveis. Nesse encontro, os quilombolas apresentarão informações sobre a história, costumes e tradições dos seus quilombos. Aprendizados: Compreender as especificidades das comunidades quilombolas e construir mecanismos de atuação e intervenção juntamente com estas são estratégias fundamentais para a promoção da saúde bem como contribui na busca por efetivação de direitos em saúde constitucionalmente garantidos de modo a reduzir as desigualdades em saúde e o fortalecimento dos princípios do SUS. Análise crítica: O acesso universal, equânime e integral das ações e serviços de saúde, não se efetivam em sua plenitude nas comunidades quilombolas. A intersetorialidade surge como uma ampliação das ações para além da saúde e a participação social deve ser garantida, de modo que não há cidadão saudável sem direitos garantidos.
|

|