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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-14B - GT 14 - Gênero, sexualidade e juventude

30234 - DIÁLOGOS SOBRE O DIA INTERNACIONAL DA MULHER E SEU PAPEL NA SOCIEDADE COM ADOLESCENTES EM UMA PERIFERIA DE MACEIÓ
MARIA EDNA BEZERRA DA SILVA - UFAL/CEBES-AL, JHESSYKA THAINA SIMOES LOPES - UFAL, LORENA GUERRA GONÇALVES - UFAL, ROSILENE FLORÊNCIO - UFAL


CCONTEXTUALIZAÇÃO
A prática grupal tem se fortalecido enquanto estratégia de intervenção em saúde, sendo esta uma forma de viabilizar encontros, diálogos e conhecimentos acerca de determinados temas no âmbito da saúde. Foram propostas atividades com rodas de conversa com adolescentes que participam do projeto de extensão Afro Dendê, localizado em uma periferia de Maceió, que apresenta grande índices de violência e tráfico, com o objetivo de dialogar sobre temas como papel da mulher, machismo, racismo e intolerância religiosa. No mês de março, o tema escolhido foi o dia internacional da mulher, bem como questões que perpassam o “ser mulher” em nossa sociedade atual.
DESCRIÇÃO
As rodas de diálogos aconteceram na sede do grupo, na comunidade Sorriso. No mês de março de 2019, a princípio, foi pensado um diálogo com viés histórico, em que fosse possível narrar a história do surgimento do dia internacional da mulher e questões do “ser mulher” na sociedade atual. A partir daí, traríamos a discussão para a realidade das/os adolescentes participantes da atividade.
Conversar sobre o dia internacional da mulher seria uma atividade fácil, levando em conta que nós, facilitadoras da atividade, éramos mulheres e participantes de movimentos sociais, o que nos ajuda a tecer um diálogo histórico, mas também vivido por nós no cotidiano. No entanto, vimos a necessidade de refazer os caminhos do diálogo quando nos deparamos com a seguinte situação: as/os adolescentes estavam assistindo a um vídeo que havia “viralizado” as redes sociais naquele dia. Tratava-se de uma filmagem em que uma mulher humilhava e agredia verbalmente e fisicamente outra mulher.
O fato teria ocorrido há dois dias numa cidade próxima. A tortura teria sido motivada após a jovem ter ficado com o namorado da agressora, a qual filmou e colocou nas redes sócias o ato de violência contra a outra mulher.
O grupo estava assistindo o vídeo como se fosse algo natural, inclusive com risadas e piadas sobre as mulheres (a violentada e a que agrediu). Esta situação nos fez repensar o roteiro de discussão das nossas atividades. Como falar sobre o dia internacional da mulher diante desta situação?
APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA
Mulheres que sofrem violências diariamente que estão relacionadas ao modelo da nossa sociedade, patriarcal, machista, heteronormativo e classista. Deparar com situações feito essa em que adolescentes (mulheres) acham normal ou correto violentar outra mulher, principalmente quando estes atos são justificados por ciúme ou traição, foi surpreendente.
Iniciamos a roda em cima desta situação, perguntando às/aos adolescentes o que tinham achado do fato ocorrido. Respostas como: “ah, foi bem feito pra ela (vítima)”; “é isso que dá ficar com homem casado”. Algumas adolescentes relataram já terem presenciado situações em que a o ciúme justifica um ato de violência. A questão incomum é que na maioria dos casos, a mulher é a única a ser violentada.
Dialogamos sobre os discursos que perpassam o cotidiano das mulheres (principalmente das classes sociais mais desfavorecidas), culpabilizando-as e oprimindo-as diariamente nos mais diversos âmbitos. As falas daquelas/es adolescentes vêm de uma construção familiar e da comunidade na qual residem, periférica e violenta.
De acordo com os relatos de uma das adolescentes do grupo, ser mulher não foi algo ensinado, necessariamente, ela apenas viu e hoje reproduz tudo que vivenciou dentro de casa, inclusive formas de violência.
“Eu tenho 16 anos, sou casada desde os 14, e no dia que eu pegar ele me traindo eu dou nela e nele.”
“Lá em casa é assim, meu pai parte pra cima da minha mãe e todo mundo parte pra cima dele, vai todo mundo pro cacete.”
“Meu marido sabe que eu tô aqui, mas fica me ligando, achando que eu vou trair ele.”
Estas falas são reflexos do cotidiano de muitas/os adolescentes daquela comunidade. O objetivo do nosso diálogo com o grupo foi promover reflexões a partir de suas próprias vivências, fazendo-as/os entender que há outras formas de viver na sociedade que diferem daquelas, partindo de um (re)conhecimento de si mesmas/os, seus desejos e possibilidades de vivencias.
Falar sobre a mulher na sociedade atual é falar também sobre os lugares que o homem ocupa nas nossas histórias. E situações como esta, por exemplo, apenas a mulher sofre, com a exposição, a violência a culpabilização, enquanto o homem que também é responsável do ocorrido permanece ileso. Os discursos de ódio de mulheres contra outras mulheres apenas reforçam o machismo e enfraquece as mulheres, que deveriam se unir para lutar contra as opressões.
É sempre necessário rever discursos, reconstruir pensamentos e promover diálogos. Isso faz com que nossa construção, enquanto cidadãs/ão, seja contínua e comprometida eticamente com os espaços em que estamos inseridas/os. Dialogar é promover saúde, pois estimula mudanças de pensamentos e consequentemente de atitudes.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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