28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-14B - GT 14 - Gênero, sexualidade e juventude |
30866 - A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO DE ACONSELHADORES EM IST, HIV-AIDS EM CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA WEDNA CRISTINA MARINHO GALINDO - UFPE
Contextualização: A tarefa de barrar a cadeia de transmissão do HIV tem sido assumida há décadas por atores sociais envolvidos com a questão. Pesquisas de conhecimento, atitude e práticas (PCAP) da população brasileira em relação à aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) têm identificado que as pessoas conhecem sobre como se transmite e como se deve prevenir tais infecções. Mas, o elevado conhecimento das pessoas não corresponde a atitudes protetivas. O uso de preservativos, por exemplo, não tem tanta expressividade quanto o conhecimento adequado das infecções. O aconselhamento é um significativo dispositivo na tarefa de diminuir novas infecções. O Ministério da Saúde preconiza que o aconselhamento deve ser ancorado no tripé: informações, avaliação de riscos e apoio emocional. O diálogo de um profissional de saúde com a pessoa que procura esclarecimentos ou exames, é momento precioso para se abordarem questões diversas que merecem ocupar a cena do aconselhamento, por demanda do usuário em atendimento. Aconselhamento que se caracteriza apenas pela transmissão de informações ao usuário é inócuo, se não for acompanhado pela garantia de acolhimento das questões apresentadas por ele. Às vezes, uma angústia intensa acompanha o usuário diante da situação e seu sofrimento deve ser compreendido em benefício de uma intervenção resolutiva.
Descrição: o curso de extensão de aconselhamento envolveu 12 profissionais de saúde de dois municípios da região metropolitana de Recife e seis estudantes do Curso de Graduação em Psicologia da UFPE. Foi planejado considerando como diretrizes: a) um curso de atualização deve respeitar a experiência acumulada dos profissionais que dele participam; b) a reunião de profissionais (com distintas experiências) e estudantes num grupo para uma tarefa de aprendizagem certamente mobiliza afetos que demandam atenção da facilitadora do curso; c) a tarefa de aconselhamento mobiliza o profissional de saúde em seus próprios valores e concepções. Portanto, é necessário facilitar o acesso desse material por parte dos participantes do curso, acolhê-lo com respeito e construir novas possibilidades de posicionamento por parte dos formandos. Em sua execução, o curso envolveu: exposição dialogada, simulações, técnicas grupais, apreciação e discussão de vídeo, estudos de caso. A perspectiva adotada pela facilitadora do curso foi de ampliação da comunicação por parte dos formandos, de aspectos com os quais se deparavam no seu processo formativo (novos conhecimentos, afetos mobilizados, reflexões, autocríticas). No que se refere aos conteúdos trabalhados abordamos: informações sobre IST, marcos históricos do aconselhamento no Brasil; relação profissional de saúde-usuário; diversidade sexual; conceitos de vulnerabilidade, tecnologias do trabalho em saúde, implicação-análise de implicação. Uma pasta em drive google reuniu textos sobre os conteúdos trabalhados e foi compartilhada com os formandos. A atividade reuniu quatro estudantes do curso de graduação em psicologia que participaram como colaboradoras no planejamento das sessões e no suporte no momento dos encontros.
Período de realização: o curso foi realizado entre os meses de setembro e dezembro de 2018, com um encontro semanal de 3h e carga horária total de 21h.
Objetivo: o objetivo do curso era de atualização dos profissionais de saúde para a tarefa do aconselhamento e formação de novos aconselhadores.
Resultados: a avaliação por parte dos formandos foi muito positiva, nos diversos aspectos que envolveram o curso: metodologia de trabalho, postura da facilitadora, conteúdos, engajamento do grupo. Pontuamos alguns aspectos: i) as estudantes de psicologia explicitaram o impacto positivo de ouvirem as experiências e reflexões de profissionais experientes. ii) profissionais de saúde expressaram satisfação em poder dialogar sobre sua rotina com pares, ainda que durante as sessões do curso entraram em contato com sentimentos mobilizadores de reações, à primeira vista, negativas (raiva, abandono, necessidade de reconhecimento). Isso confirma nossa tese (de doutorado em psicologia clínica) de que a formação de aconselhadoras/es merece ser circunscrita em ambiente dialógico orientado pelo respeito ao saber das/os formandos. iii) a decisão de montar uma turma com um número reduzido de participantes (previmos 24 e o grupo foi concluído com 18) confirma a importância de garantir um grupo pequeno para que as trocas entre participantes ocorram, o que não seria possível para uma audiência com dezenas de pessoas. vi) em um dos municípios estamos construindo estratégia para realizar o curso com profissionais atuando na atenção básica.
Aprendizados: é possível propor um grupo de 30 pessoas, supondo a não-adesão de alguns participantes.
Análise Crítica: não foi possível avançar no projeto de formar extensionistas (em formação de aconselhadoras/es) dentre estudantes de psicologia. Estamos ajustando estratégias para alcançar esse objetivo.
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