29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-14C - GT 14 - Promoção da saúde do idoso, humanização e apoio psicossocial |
29972 - A LITERATURA COMO FERRAMENTA DE HUMANIZAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA. ELIANE DOS SANTOS LIMA - UFPE
A literatura como objeto de linguagem tem o poder de interceder junto ao sujeito criança e os seus sentimentos, dando vazão às retificações subjetivas e ajudando na elaboração de seus sentimentos. Como um instrumento de apoio capaz de fazer retificações, a literatura com seus elementos gráficos, palavras e discursos torna-se uma fator indispensável de humanização, na medida em que interage com o sujeito e permite que os sentimentos passem de simples e abstratos para o conteúdo mais concreto, uma vez que são experienciados pelo leitor (RAMOS, 2010). No dia 09 de novembro de 2018, na biblioteca comunitária Caranguejo Tabaiares, zona leste do Recife, foi realizada a mediação literária com crianças moradoras da mesma comunidade. O presente trabalho objetivou analisar os impactos psicossociais assim como os efeitos refletidos da mediação literária sobre um grupo de crianças a partir de dinâmicas e a leitura de Carolina e seus Caracóis. O livro álbum infantil é de Victória Feijó, tem como inspiração a vida e obra da escritora Carolina da Maria de Jesus. A metodologia utilizada é o relato de experiência de uma das psicólogas do projeto: Diálogos feministas, interseccionais e decoloniais, realizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Poder, Cultura e Práticas Coletivas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE/ GEPCOL). O projeto conta com participantes de uma equipe interdisciplinar, entre elas: psicólogas, educadoras e bibliotecárias. A metodologia é baseada na observância sistemática das atividades realizadas durante a mediação literária. O relato é fundamentado e correlacionando através de referências teóricas condizentes às práticas associativas da promoção de saúde mental, incluindo a educação popular e psicologia social. Verificou-se que o público infantil, meninos e meninas na faixa etária entre 9 a 12 anos, ao serem motivados a participação deram voz a suas histórias e subjetividades, seus corpos, alteridade e qual lugar desejam ocupar na cidade. A mediação trouxe manifestações das crianças em torno das questões de gênero, raça e classe. Elas, através de suas vivências, demonstraram o peso de uma dominação cultural eurocêntrica, que tenta anular e transformá-las em subalternos corpos negros frente aos ditos povos civilizados. O extraordinário aconteceu quando souberam do fato de Carolina Maria de Jesus ser uma escritora notória e publicada em diversos países e ao mesmo tempo originária de uma realidade social tão próxima.
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