29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-14C - GT 14 - Promoção da saúde do idoso, humanização e apoio psicossocial |
30509 - O USUÁRIO DO SUS COMO AGENTE PARTICIPATIVO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS VOLTADOS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE. PATRICIA AFONSO MAIA - INAD/SMS/RJ, GEILA CERQUEIRA FELIPE - INAD/SMS/RJ, CLAÚDIA ROBERTA BOCCA SANTOS - UNIRIO, HUGO BRAZ MARQUES - INAD/SMS/RJ, MARIA CECÍLIA QUIBEN FURTADO - INAD/SMS/RJ, DÉBORA TAVARES CARVALHO - UNIRIO, KARINA LEAL - VIVA RIO/SMS/RJ
Contextualização: de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (2017) (1) a educação em saúde se insere como uma atribuição comum a todos os membros das equipes que atuam na assistência primária à saúde. No entanto, promover saúde no âmbito da atenção básica requer a participação tanto dos profissionais de saúde quanto do próprio usuário. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (2012) aborda a educação alimentar e nutricional como um processo de diálogo entre profissionais de saúde e a população, fortalecendo o reconhecimento do protagonismo do usuário nos espaços de debate e reflexão, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia, da emancipação e do compromisso com o cuidado com a sua saúde, de sua família e de sua comunidade (2,3). Assim sendo, na promoção da saúde é fundamental a interlocução entre gestão, profissionais e usuários de saúde. A integralidade de saberes rompe com a tradição autoritária dominante e conduz o processo educativo vinculado e próximo dos sujeitos sociais (4). Descrição: Inicialmente a Área Técnica de Nutrição do Município do Rio de Janeiro, o Instituto de Nutrição Annes Dias (INAD), em parceria com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) por meio de um projeto de extensão com a Escola de Nutrição - Departamento de Nutrição em Saúde Pública, Conselho Regional de Nutricionistas (CRN-4) e com os profissionais de saúde da atenção primária esboçaram cinco materiais educativos, baseados nos princípios do Guia Alimentar para a População Brasileira, voltados para a promoção da saúde nas temáticas: alimentação saudável, diabetes, dislipidemias, hipertensão e rótulos nutricionais, para posteriormente serem apresentados e avaliados pelos usuários do SUS. Foram selecionadas vinte Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município do Rio de Janeiro, utilizando-se o critério da realização de atividades em grupo como uma estratégia para educação em saúde. A fim de padronizar o processo de avaliação dos materiais nas UBS, participantes e equipe responsável pelo projeto desenvolveram um instrutivo e um roteiro para discussão. O roteiro abordou tópicos como: layout, linguagem, conteúdo e informação dos materiais. Seguindo o instrutivo, os nutricionistas das UBS participantes formaram grupos com no mínimo cinco e no máximo dez usuários. Período de realização: Para que os cinco materiais fossem testados de modo não maçante sugerimos pelo menos quatro encontros com os usuários. A testagem dos materiais teve início no mês de maio de 2019 e continuará até julho do mesmo ano. Objetivo: Promover a construção conjunta de materiais voltados para promoção da saúde e da alimentação saudável com a participação dos usuários do SUS, a fim de torná-los contíguos à realidade social, econômica e cultural. Resultados: considerando que oito UBS concluíram o processo, com participação de 41 usuários, apresentaremos aqui no resumo resultados parciais. Dos usuários que avaliaram o material 85 e 100% gostaram e o consideraram visualmente atraente (considerando formato, ilustrações e texto), respectivamente. Cerca de 95% qualificaram a linguagem do material como apropriada e 98% concordaram que o material ajudou a entender a diferença entre processados, minimamente processados e ultraprocessados, e as informações contidas nele poderiam contribuir para melhorar sua saúde. Aproximadamente 40% dos usuários contribuíram com críticas e/ou sugestões, dentre elas destacam-se: “menos coisas escritas e mais imagens”, “no sal de ervas acrescentar o termo desidratado”, “muita informação para pouco espaço”, “acrescentar atividade física” e “colocar um prato equilibrado”. Aprendizados: a metodologia participativa é uma ferramenta de aprendizagem, e essa experiência está sendo uma oportunidade singular de vivenciar a proposta de ter o usuário inserido no processo de construção de materiais educativos, possibilitando uma relação conscienciosa entre conhecimento técnico-científico e entendimento da realidade e o saber popular. Análise Crítica: a maneira dialogada, considerando diferentes percepções, necessita de maior tempo para construção e conclusão do material. No entanto, essa iniciativa destaca a importância do usuário como peça fundamental a ser reconhecida nas decisões sobre a rede de atenção à saúde e seus dispositivos. A efetividade de toda e qualquer ação da rede de atenção à saúde, se torna mais efetiva e próxima da realidade local, uma vez que oportuniza a participação de seus principais beneficiados.
|