29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-14C - GT 14 - Promoção da saúde do idoso, humanização e apoio psicossocial |
31646 - EXTENSÃO E ESTÁGIO EM PSICOLOGIA: SISTEMATIZANDO UMA NOVA FORMA DE ACOLHIMENTO E FORMAÇÃO EM SAÚDE ADALBERTO BOTARELLI - UNINOVE, ALINE ALMEIDA MARTINS - UNINOVE
A presente reflexão acerca de uma proposta de extensão universitária desenvolvida em um curso de graduação em Psicologia na Cidade de São Paulo pretende contribuir com um esforço de análise em prol do entendimento ampliado da função e escopo dos estágios profissionais na área da saúde. No contexto apresentado pela atividade em destaque o conteúdo vai além da ilustração do que é aprendido em sala de aula, já que permite ampliar o campo de aprendizagem com elementos próprios e autônomos em relação ao ensino formal.
O plano de atividade voltada para o estágio profissionalizante está alicerçado em três eixos que se articulam: 1 – Permitir aos estagiários o domínio do processo clínico (aprender a aprender); 2 – Compartilhar a evolução do processo com a equipe (experiência de supervisão compartilhada); 3 – Sistematizar vivências como forma de aprimoramento constante da metodologia (produzir conhecimento sobre cada experiência).
Sendo assim, o desenvolvimento das competências e habilidades se qualifica por meio da avaliação compartilhada constante de atitudes dos futuros profissionais e toma como referência um espaço de interpretação e discussão menos hierarquizado e aberto ao confronto de diferentes perspectivas. Inclui-se nesse processo o olhar do aluno, a sua intervenção no serviço e com o usuário e do professor.
Ao longo do processo os sujeitos em situação de crise são abordados pelos estagiários no acolhimento por meio de entrevista psicológica, tratam-se de pessoas que solicitaram este serviço junto ao Ambulatório Integrado de Saúde. Cada atendimento realizado por equipe de estagiários tem acompanhamento simultâneo por supervisor que envolve estudo da evolução psicológica desde os contatos iniciais em que cada sujeito apresenta queixas diversas relacionadas a problemas de relacionamento interpessoal ou problemas de ansiedade e depressão.
No caso de se configurarem situações agudas de comprometimento mental, assim que são identificados por meio dos parâmetros de triagem adotados pelo serviço de Psicologia da instituição, são encaminhados a serviços de suporte, preferencialmente para a interconsulta de psiquiatria, que também é oferecida nas mesmas dependências do Ambulatório Integrado de Saúde.
O acolhimento se torna diretriz e parâmetro da intervenção e passa a ser executado junto a estes sujeitos desde a triagem até os atendimentos clínicos, envolve cuidados éticos que levam em conta o que melhor se enquadre em cada realidade, sobretudo na compreensão do ser humano a partir da sua constituição biológica, psicológica, cultural, histórica, social e cultural.
Quanto ao foco e estratégias da abordagem, envolve uma investigação atenta acerca dos eventos apresentados por cada um dos pacientes sendo que buscamos nos aproximarmos dos núcleos de significação expressos em cada contexto, daquilo que se traduz de cada mundo subjetivo particular.
Qualitativamente falando, cada intervenção visa a sistematização e análise do processo de crise pessoal ou interpessoal de vulnerabilidades diversas relacionadas ao que é vivenciado por mulheres, crianças, adolescentes e idosos por meio de acompanhamento sistematizado da relação psicólogo-paciente enquanto esta ocorre.
Neste sentido, todos os procedimentos a serem adotados obedecem às diretrizes técnicas e administrativas dos serviços prestados pelo Ambulatório Integrado de Saúde, desde o fluxo de atendimento e recepção, até a organização e guarda de prontuários contendo registros da evolução psicológica, os quais seguem normativas do Conselho Regional de Psicologia.
É preciso destacar que na abordagem dos três eixos citados acima tomamos como referência alguns autores que podem auxiliar no desafio da interpretação crítica dos processos vividos, sendo que a própria experiência apresenta o objeto de estudo e interpretação teórica, fator que nos serve ao propósito de disseminar o que uma atividade formativa em área tão especializada pode vir a apresentar de contribuições teóricas e metodológicas na superação dos desafios para a educação popular.
Nesta direção alguns autores como Oscar Jara e Perrenoud, se tornaram relevantes para aprofundarmos nossa compreensão. O primeiro por apresentar a sistematização de experiências como uma concepção metodológica dialética, que entende a realidade histórico-social como uma totalidade, como processo histórico em que a realidade é, ao mesmo tempo, una, mutante e contraditória porque é histórica e por ser produto da atividade transformadora, criadora dos seres humanos. Já o segundo autor se tornou uma referência significativa ao propor uma definição operacional de competência como a capacidade de agir eficazmente em diferentes situações, apoiando-se em conhecimentos e mobilizando variados recursos.
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