28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-14A - GT 14 - Formação universitária e atuação profissional em saúde |
31429 - OH DE CASA! A VISITA DOMICILIAR COMO ESTRATÉGIA PRÁTICA E SOCIAL DE FORMAÇÃO DOS DISCENTES DO CURSO DE NUTRIÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, CAMPUS RIO PARANAÍBA TATIANA COURA OLIVEIRA - UFV, CAMPUS RIO PARANAÍBA, QUEZIA QUEREN NUNES MENDES - UFV, CAMPUS RIO PARANAÍBA, KARINE DE OLIVEIRA GOMES - UFV, CAMPUS RIO PARANAÍBA, MARIA GONTIJO CASTRO - UFV, CAMPUS RIO PARANAÍBA, MONISE VIANA ABRANCHES - UFV, CAMPUS RIO PARANAÍBA, RAQUEL FERREIRA MIRANDA - UFV, CAMPUS RIO PARANAÍBA
Introdução
A formação de profissionais de saúde com perfil crítico-reflexivo e capazes de trabalhar em equipes requer o desenvolvimento de determinadas habilidades e competências. Uma competência geralmente descreve o papel e/ou tarefa que precisa ser realizado e codifica os indicadores comportamentais que definem as habilidades necessárias para a realização de uma ação eficaz. Por outro lado, as oportunidades de atuação prática durante a formação profissional são limitadas em número, em relação aos contextos, bem como ao incentivo de integração de conhecimentos e proposição de soluções. Uma formação que privilegia a dimensão clínica, reduzindo a alimentação à sua dimensão biológica é uma das principais limitações para o desenvolvimento das capacidades necessárias à atuação plena do Nutricionista em saúde coletiva. Tendo em vista a necessidade de melhoria no processo ensino-aprendizagem, bem como o desenvolvimento de competências e de autonomia, considerando que a maioria dos estudantes não consegue visualizar a complexidade relacionada ao processo saúde-doença, bem como compreender dinâmica de funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), propôs-se aos discentes do curso de Nutrição o acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) como oportunidade de construção do conhecimento a partir da vivencia prática.
Objetivos
Avaliar o impacto da utilização de espaços não formais de aprendizagem no desenvolvimento de competências e habilidades em Saúde Coletiva.
Metodologia
Trata-se de um estudo de intervenção não controlado, de natureza qualitativa, realizado no município de Rio Paranaíba. A população deste estudo foi composta por discentes vinculados ao curso de Nutrição da UFV/CRP e a coleta de dados ocorreu no horário das aulas da disciplina Nutrição Social e no período de atividades do Núcleo de Educação Popular em Saúde (NEPS), a partir do acompanhamento, pelos discentes, das visitas domiciliares realizadas pelos ACS, que por sua vez são agentes de integração entre os serviços de saúde e a comunidade. Utilizou-se como técnica de coletas de dados a observação participante, sendo que os discentes foram incentivados a registrarem a experiência em um diário de campo e, ao final da pesquisa, responderam um questionário sobre a experiência de acompanhamento das visitas domiciliares. Semanalmente, abriu-se um espaço nas aulas para a discussão de situações ocorridas no acompanhamento das visitas domiciliares e os discentes puderam apresentar suas dúvidas, inquietações e sentimentos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEP/UFV), sob o número de parecer 3.001.592. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo.
Resultados e discussão
Participaram deste trabalho 26 discentes, sendo que cada um acompanhou três visitas domiciliares, que foram realizadas em várias áreas do município, visando ampliar a observação de realidades distintas. Ao todo foram acompanhadas 78 visitas domiciliares que de forma geral, foram avaliadas positivamente pelos discentes que reforçaram a necessidade de continuidade desta ação nos próximos semestres: “(...) nos fez sermos mais empáticos e crescer em nós esse sentimento de mudança, de cooperar com a comunidade na qual vivemos” (Participante 21). Dentre os principais pontos destacados, aparece recorrentemente a necessidade de capacitação dos agentes comunitários de saúde (ACS) para a realização do seu trabalho e as condições precárias de vida de algumas famílias. Quando questionados sobre o sentimento ao final da experiência, 28,9% relataram gratidão e reconhecimento; 18,4% satisfação e realização e 10,5% empatia: “Acredito que antes de tudo devemos ser gratos por tudo que temos e sermos mais humanos frente aos problemas encontrados, para que possamos de alguma forma contribuir para a melhoria de vida destas pessoas.” (Participante 20).
Conclusão/Considerações Finais
A parceria bem-sucedida entre a Instituição de Ensino Superior e a Secretaria de Saúde na idealização, planejamento e execução deste projeto reflete a necessidade de se estreitar ações com os serviços de saúde, educação, desenvolvimento social, dentre outros para que os campos de prática se aproximem da realidade. O desenvolvimento de trabalhos desta natureza é também importante para quem está no campo, ou seja, para os preceptores, para que se percebam como formadores dos futuros profissionais. Não menos importante foi a sensibilização e o aprendizado vivenciado pelos discentes. Reitera-se que oportunidades de reflexão precisam estar disponíveis mais precocemente nos cursos de graduação e precisam integrar conhecimentos, abordagens e conteúdos à vivência prática do SUS.
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