Clique para visualizar os Anais!



Certificados disponíveis. Clique para acessar a área de impressão!

Associe-se aqui!

Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-21A - GT 21 - Itinerários terapêuticos: vulnerabilidade(s), interseccionalidade(s) e experiências de luta pelo direito à saúde no e para além do SUS 1

30020 - ITINERÁRIOS DE CUIDADOS E TERAPÊUTICOS DE ESTUDANTES DO CAMPO DA SAÚDE
ELVIRA RODRIGUES DE SANTANA - UFBA, ADRIANA MIRANDA PIMENTEL - UFBA


INTRODUÇÃO
O estudo analisou os Itinerários de cuidados e terapêuticos de estudantes do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BI em Saúde) que adoeceram ao longo da trajetória acadêmica. O BI em Saúde constitui-se em um curso de formação em ciclos, um primeiro ciclo de formação interdisciplinar, com duração de 3 (três) anos; a opção de um segundo ciclo que poderá ocorrer em Curso de Progressão Linear (CPL), tais como , Medicina, Odontologia, Nutrição, entre outros do campo ou áreas de conhecimento; ou ingressar em um terceiro ciclo nos cursos de pós-graduação. A trajetória até o segundo ciclo de formação para os estudantes do BI em Saúde que desejam cursar Medicina tem sido permeada por conflitos e aflições, pois o ingresso é feito com base no coeficiente de rendimento que o estudante obteve durante o curso. Entretanto, a quantidade de vagas não condiz com o contingente de pessoas que deseja cursar medicina, isto faz com que os estudantes estabeleçam rotinas de estudo exaustivas para alcançar boas notas, mudem os hábitos alimentares, diminuam práticas de atividades físicas e a frequência dos convívios sociais fora da universidade, dentre outros. Esse modo de vivenciar a formação tem levado os estudantes a apresentarem diversos problemas de saúde, que foram analisados nesse estudo através do referencial teórico dos Itinerários Terapêuticos (IT). O conceito de IT é definido como o caminho que as pessoas escolhem, avaliam, aderem (ou não), a fim de resolver seus problemas de saúde e/ou aflições, além disso, são uma forma de engajamento em uma dada situação (logo, requer aprendizagem) e, portanto, é modo prático de compreender a doença.

METODOLOGIA
Trata-se de um estudo orientado pela abordagem qualitativa. Foram incluídos estudantes do BI em Saúde que adoeceram durante a graduação. Três estudantes se predispuseram a participar da pesquisa: Ana, Lara e Manu, todas do sexo feminino, com idade média de 22 anos, que estavam cursando o 2º, 5° e o 6º semestre do BI em Saúde, e desejavam ingressar no curso de medicina após o primeiro ciclo de formação. Optou-se pela técnica da Entrevista Narrativa (EN), foi utilizado um roteiro, com tópicos norteadores, tais como: a biografia do estudante, o ingresso no ensino superior e o surgimento do problema de saúde na universidade. Na análise das narrativas, adotou-se a análise temática, através das seguintes etapas: transcrição das entrevistas e uma leitura compreensiva; elaboração de categorias a partir do roteiro de entrevistas; compartimentação das narrativas em unidades de análise; por fim, construção de uma síntese a partir da interpretação do material produzido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao serem questionadas sobre como surgiram os problemas de saúde, as estudantes iniciaram suas narrativas justificando as causas do adoecimento e se culpabilizando por não adotarem hábitos considerados saudáveis e esperados por estudantes que estão em formação no campo da saúde. Para lidar com a experiência de sentir-se mal as estudantes recorreram a vários setores de cuidados que estão para além dos espaços institucionalizados de cuidado a saúde, e a universidade foi um desses espaços, que apareceu nos itinerários de cuidados e terapêuticos das estudantes como um espaço que desencadeou o processo de adoecimento, mas também possibilitou uma reflexão sobre eles e o ingresso em outros sistemas de cuidados. Ana tentou equilibrar a prática de atividade física com a rotina acadêmica, mas não conseguiu e acabou desenvolvendo dores crônicas, e precisou recorrer aos profissionais de saúde para tratar a dor; Lara, estudante de baixa renda, precisou alimentar-se no Restaurante Universitário todos os dias e acabou adoecendo em decorrência da má qualidade das refeições que são servidas, desenvolveu uma gastrite que foi tratada por profissionais do serviço médico da própria universidade; Manu desenvolveu um processo de ansiedade generalizada devido ao acúmulo de atividades acadêmicas que precisava desenvolver para corresponder às exigências do curso.Entretanto, foi por meio das discussões realizadas nos componentes curriculares que ela passou a compreender as crises de ansiedade como um problema sistêmico que envolvia questões tanto psicológicas como fisiológicas, além disso, realizou um intercambio para Alemanha e essa experiência fez com que ela pela primeira vez procurasse ajuda de um profissional de saúde para tratar as crises de ansiedade.

CONCLUSÕES
No estudo, os Itinerários de cuidados e terapêuticos das estudantes foram mediados pela formação em saúde e pela instituição universitária, que assume dois papeis: ora é lugar onde ocorrem os adoecimentos, mas também é abertura de possibilidade para conhecê-los e refletir sobre eles. Nesse sentido, a universidade precisa ser construída e pensada para além do status de instituição formadora e campo do saber científico, é necessário pensar em uma universidade promotora de saúde e cuidado que priorize os sujeitos que nela estudam e trabalham.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900