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29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-21A - GT 21 - Itinerários terapêuticos: vulnerabilidade(s), interseccionalidade(s) e experiências de luta pelo direito à saúde no e para além do SUS 1

30184 - CAMINHAR É PRECISO: TRAJETÓRIAS ASSISTENCIAIS EM UMA REGIÃO DE SAÚDE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ESTER MONTEIRO ACYLINO - UFF, PATTY FIDELIS DE ALMEIDA - UFF, LEANDRO MARCIAL AMARAL HOFFMANN - UFF


Introdução
Na busca por cuidado e solução para suas necessidades de saúde, os usuários “caminham” dentro e fora das redes formais constituídas pelos serviços de saúde e desenham suas Trajetórias Assistenciais, que são capazes de refletir como está organizada a atenção à saúde em determinado território.

Objetivos
Reconstruir as Trajetórias Assistenciais de usuárias na busca pelo cuidado em saúde para análise do acesso aos serviços de saúde, constituição das Redes de Atenção à Saúde (RAS) e coordenação do cuidado pela atenção primária à Saúde (APS).

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com realização de entrevistas em profundidade com 21 mulheres que tiveram diagnóstico de lesão precursora ao câncer do colo do útero (CCU) no ano de 2016 em dois municípios de uma região de saúde – o município-sede e um município de médio porte. As trajetórias foram elaboradas a partir de leitura aprofundada das narrativas e os dados tratados por meio da análise de conteúdo, de acordo com categorias pré-estabelecidas e emergentes.

Resultados
As narrativas revelaram facilidades de acesso geográfico e boa localização das unidades de APS, o que não se mostrou suficiente para atendimento das necessidades de saúde e expectativa das mulheres. A falta de profissionais, sobretudo médicos, e as limitações de acesso impostas pelos horários de funcionamento das unidades básicas de saúde sobressaíram como obstáculos importantes para acesso à APS em geral e também para a realização dos exames preventivos do CCU. Dificuldades, como a demora para a entrega dos resultados do Papanicolau, motivaram a utilização de serviços na rede privada. As narrativas sugeriram que a APS era concebida pelas usuárias como um lugar de ações mais simples, como renovar receitas médicas, obter medicamentos, aferir pressão arterial ou para acessar a atenção especializada. Neste sentido, observou-se a persistente supervalorização da atenção secundária e o desprestígio dos médicos de família. Não obstante, as falas das participantes sugeriram produção de vínculo com diversos profissionais de saúde das Equipes de Saúde da Família, onde os agentes comunitários de saúde foram frequentemente citados e revelaram-se como mediadores entre a comunidade e o sistema de saúde. As práticas de educação em saúde mostraram-se incipientes e com limitações na comunicação entre usuárias e trabalhadores em todos os serviços acessados. Nem todas as usuárias entrevistadas transitaram entre os níveis de atenção, mesmo quando necessário. Evidenciou-se a primitiva coordenação informacional na RAS e fragilidades no trânsito entre os níveis de atenção, onde a maior dificuldade de acesso foi referida para a atenção hospitalar. Não foram evidenciadas práticas de coordenação do cuidado nas trajetórias assistenciais, papel assumido em alguns casos, pelos familiares. Os achados deste estudo sinalizam que as usuárias não se comportaram como sujeitos passivos em suas trajetórias assistenciais. Evidenciou-se o poder de decisão e busca por serviços de dentro e de fora do sistema público de saúde, a procura de solução para suas necessidades, muitas vezes pelas insuficiências do sistema público. As narrativas, positivas e negativas, revelaram o conhecimento que detêm a partir de suas experiências com o SUS, inclusive, sobre as normas, formais e informais, que o operam. Apesar dos obstáculos enfrentados, as usuárias avaliaram positivamente os serviços.

Considerações Finais
A utilização das Trajetórias Assistenciais permitiu observar o tensionamento existente entre a lógica dos serviços e das usuárias na busca por cuidado, além de destacar a irregularidade no atendimento ofertado na região de saúde estudada. Em síntese, foi revelada uma APS pouco abrangente, com limitações para se estabelecer como coordenadora do cuidado. Acredita-se que a reorientação da APS por estratégias que estejam mais próximas das pessoas e suas famílias, por meio da atuação em equipes multidisciplinares, seja capaz de melhorar a qualidade da assistência e do cuidado prestado. Observou-se a falta de arranjos regionais, desarticulação da RAS e consequente fragmentação do cuidado. Os achados desta pesquisa fomentam a reflexão sobre o que poderia ser feito para avançar no processo de regionalização e na estruturação de uma rede de atenção à saúde que atenda às demandas da população local.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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