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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-21B - GT 21 - Itinerários terapêuticos: vulnerabilidade(s), interseccionalidade(s) e experiências de luta pelo direito à saúde no e para além do SUS 3

30868 - ITINERÁRIO TERAPÊUTICO PARA A CONSTRUÇÃO DO CUIDADO INTEGRAL: (DES)CAMINHOS DE MÃES E CRIANÇAS COM MICROCEFALIA
RAFAELLA KAROLINA BEZERRA PEDROSA - UFPB, DANIELE DE SOUZA VIEIRA - UFPB, ANNIELY RODRIGUES SOARES - UFPB, PALOMA KAREN HOLANDA BRITO - UFPB, ALTAMIRA PEREIRA DA SILVA REICHERT - UFPB, NEUSA COLLET - UFPB


Introdução: No ano de 2015 houve um crescimento abrupto e inesperado de nascimento de crianças com microcefalia, apresentando 54,6 casos a cada 100 mil nascidos vivos, totalizando 1.608 casos confirmados. Dentre estes, 71% ocorreram na região Nordeste. A criança com microcefalia requer diversos cuidados especiais, a exemplo da estimulação precoce com equipe multiprofissional e a busca por instituições de referência para o tratamento, delineando, neste processo, seu itinerário terapêutico na Rede de Atenção à Saúde. Para a oferta de cuidados às crianças com microcefalia nos diferentes serviços de saúde, é primordial a existência de uma rede de atenção com sistemas integrados e articulados, garantindo um serviço efetivo, eficiente, seguro, qualificado e equânime. Assim, este estudo questionou qual o caminho percorrido por mães e crianças com microcefalia na Rede de Atenção à Saúde. Objetivo: Analisar o itinerário terapêutico de mães e crianças com microcefalia na Rede de Atenção à Saúde para a construção do cuidado integral. Metodologia: Trata-se de um estudo exploratório, realizado com 10 mães de crianças com microcefalia associada ao Zika vírus, atendidas em um dos serviços de referência de um município de grande porte da Paraíba. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas no próprio serviço, entre os meses de abril e agosto de 2017 utilizando-se a técnica da História Oral Temática. A análise temática subsidiou a interpretação dos dados. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética sob parecer n° 2.118.590. Resultados e discussão: Os profissionais que assistem à criança com microcefalia nos serviços que compõem a Rede de Atenção no sistema de saúde precisam direcionar as mães e referenciar as crianças para os serviços em diferentes níveis de assistência, em busca do tratamento, para estimulações neuropsicomotoras e conforme as necessidades da criança. Entretanto, o relato de algumas mães de crianças com microcefalia evidencia a sua busca solitária pelos centros de referência, o que acarreta na peregrinação entre os diversos serviços da Rede de Atenção à Saúde. Essa procura incessante por serviços de saúde que garantam cuidado integral à criança com microcefalia é uma das inúmeras lutas diárias das mães para garantir o direito à saúde dos seus filhos, uma vez que no município estudado não há um serviço que oferte todas as terapias necessárias em um mesmo local, demonstrando a fragilidade na rede. Ademais, a falta de coordenação do cuidado pela atenção primária à saúde faz com que essas mães fiquem dispersas e inseguras nas suas trajetórias pela rede por não conhecerem os caminhos a serem traçados em seu itinerário, gerando insatisfação em relação ao cuidado recebido. Esses dados mostram a necessidade premente de criar estratégias para garantir o direito e o acesso da criança aos serviços de saúde e às terapias especializadas de acordo com suas singularidades. Nesses solitários (des)caminhos, as mães tecem verdadeiras redes de contato entre elas, estabelecendo troca de informações sobre quais serviços e profissionais atendem com qualidade, do ponto de vista de quem está recebendo o cuidado. Assim, a convivência e o apoio entre mães de crianças com microcefalia torna-se um dispositivo fundamental de suporte emocional, que promove maior segurança e confiança a essas mulheres para enfrentarem, cotidianamente, a necessidade de (re)construir o itinerário terapêutico dos seus filhos que demandam atenção especializada e que não conseguem atendimento adequado e em tempo oportuno. Evidencia-se que a vivência e superação das adversidades cotidianas se tornam menos dolorosas quando as mães e crianças dispõem de uma rede de apoio estruturada e capaz de ampará-las. Entretanto, nem os profissionais nem os serviços de saúde têm ofertado o apoio, segurança e satisfação a essas mães no itinerário terapêutico de seus filhos. Considerações finais: Os profissionais de saúde devem estar atentos às singularidades da criança com microcefalia e de sua família, a fim de dar apoio às mães, bem como referenciá-las para os serviços, articulando ações e instituições, conforme suas necessidades. Portanto, é imprescindível a efetiva coordenação do cuidado na rede de atenção à saúde, pois os descaminhos no itinerário têm levado à fragmentação das ações. Ademais, evidencia-se que as políticas públicas de atenção a crianças com necessidades especiais de saúde, neste caso a microcefalia, não estão sendo prioritárias e acontecem de forma incipiente, tornando o caminho das mães na rede árduo e insuficiente para a efetivação dos princípios da integralidade e resolutividade do sistema único de saúde.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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