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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-21B - GT 21 - Itinerários terapêuticos: vulnerabilidade(s), interseccionalidade(s) e experiências de luta pelo direito à saúde no e para além do SUS 3

31413 - MOMENTO PÓS-EPIDEMIA DA SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS: SILENCIAMENTO MIDIÁTICO, CONTINUIDADE DO CUIDADO E SEGUIMENTO DAS CRIANÇAS ACOMETIDAS
NATÁLIA LIRA DE SOUZA - IAM/FIOCRUZ, BERNADETE PEREZ COÊLHO - UFPE, JOSÉ LUIZ DO AMARAL CORRÊA DE ARAÚJO JÚNIOR - IAM/FIOCRUZ


Apresentação: Pernambuco tem sido destaque no país, com altos índices de crianças apresentando microcefalia, sinal mais característico da síndrome congênita do Zika Vírus (SCZ), e outras deficiências desde o início da epidemia. Após toda a mobilização nacional e internacional sobre os perigos da SCZ, o fim do estado de emergência global pela epidemia foi decretado pela Organização Mundial de Saúde em novembro de 2016 e os meios de comunicação começaram a silenciar a veiculação de notícias sobre essa tragédia sanitária. Isso tem preocupado a comunidade científica, pois mulheres e crianças continuam sofrendo as consequências dessa epidemia, sem garantia de direitos e sem a devida atenção do Estado. A SCZ tornou-se um fato social total e reflete significados desde a relação estabelecida com o vetor a um dos atos humanos mais básicos, o nascimento. Por um lado, observa-se a diminuição dos casos ao longo do tempo, por outro, há a necessidade de lidar com as pessoas que foram afetadas. Objetivos: Analisar as representações sociais de familiares, profissionais de saúde, gestores e pesquisadores relacionados à SCZ. Metodologia: O estudo tem caráter exploratório, descritivo e abordagem qualitativa. Optou-se pela estratégia de triangulação de dados (análise documental de jornais de grande circulação, análise de documentos oficiais da Secretaria Estadual de Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Recife, e entrevistas). Foram entrevistados 15 informantes-chave. Os dados foram examinados por meio de análise de conteúdo, segundo a Condensação de Significados. Resultados e Discussão: Em maio de 2017, o governo brasileiro anuncia fim da emergência nacional, 18 meses após o anúncio de emergência sanitária, pois se considerou haver um momento de queda nos casos de Zika e microcefalia no país como um todo, trazendo ainda mais receio aos especialistas da área. Mulheres e crianças seriam esquecidas como vítimas de algo que passou, porém o mosquito ainda repercute e a população se mantém a espera de políticas prometidas. Os casos são reduzidos a números para notificação ou confirmação e o silêncio sobre essas mulheres prevalece. Mulheres e crianças continuam sem garantia de direitos sociais, pois diante dos benefícios prometidos pelo governo para dar assistência às famílias atingidas, sobram promessas e faltam ações, desde o cuidado precoce até dificuldades de transporte e alimentação. Fortaleceu-se com o tempo o silenciamento da mídia, ficando de fora das principais notícias nacionais as famílias já atingidas, suas necessidades de direitos sociais e de assistência, suas dificuldades diárias. As falas dos entrevistados reiteram as informações colhidas na literatura disponível, no sentido de que houve a redução de casos de crianças com SCZ, ao ponto de aparecerem poucas notificações ou nenhuma, por alguns períodos, o que teria favorecido ao anúncio de fim da epidemia. Os entrevistados comparam a quantidade de encontros, seminários e congressos com ampla presença da mídia, o respectivo esfriamento quanto ao tema e a preocupação e a incerteza quanto a uma nova epidemia. O momento atual causa a ameaça da acomodação de todas as instâncias, e as consequências para as famílias atingidas podem ser devastadoras. E sabe-se que o vírus não deixou de circular. Pelos relatos verificados, observa-se que no dia-a-dia dos serviços de atendimento, muitas crianças não desfrutam da devida continuidade de seu tratamento. Há uma necessidade de se repensar a rede de serviços de saúde, refletindo sobre como essas crianças estão sendo atendidas, como os serviços têm se articulado. Após algumas capacitações oferecidas, pouca disposição de recursos humanos especializados ao atendimento dessa demanda, verificam-se serviços de saúde que não funcionam plenamente e que não estão equipados e estruturados com o necessário ao atendimento dessas crianças desde o nascimento até a reabilitação. Considerações Finais: Sabe-se que ainda persistem desafios, sobretudo no que se refere a prioridades de investimentos nas intervenções em causas determinantes, responsabilidade que necessita ser intersetorial e não exclusiva do setor de saúde, objetivando solucionar ou, ao menos, minimizar problemas como a ocupação desordenada dos espaços urbanos, as deficiências de saneamento básico, a inadequação de acondicionamento, coleta e destino do lixo, a intermitência de água, dentre outros. Observando as concepções dos atores sociais envolvidos na problemática, fica evidente que a pesquisa de base qualitativa contribui para o entendimento de questões complexas e profundas dentro do contexto estabelecido. Deste modo, esta pesquisa amplia a capacidade de análise e de intervenção dentro do quadro atual, contribuindo para o fortalecimento e para o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem no enfrentamento desse problema de saúde pública.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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