Clique para visualizar os Anais!



Certificados disponíveis. Clique para acessar a área de impressão!

Associe-se aqui!

Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-21A - GT 21 - Itinerários terapêuticos: vulnerabilidade(s), interseccionalidade(s) e experiências de luta pelo direito à saúde no e para além do SUS 2

30787 - DA LUTA PELO DIAGNÓSTICO ÀS BARREIRAS ENCONTRADAS NO CAMINHO – ‘COMO É ESTAR COM HANSENÍASE’?
ELIZIANE OLIVEIRA DE LIMA - UECE, MARIA ROCINEIDE FERREIRA DA SILVA - UECE, MIRNA NEYARA ALEXANDRE DE SÁ BARRETO MARINHO - UECE, OLGA MARIA DE ALENCAR - UECE, ANDRÉ RIBEIRO DE CASTRO JÚNIOR - UECE


INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença infecciosa e crônica. Seu diagnóstico é basicamente clínico e deve ser realizado especialmente na atenção básica. O Brasil é o segundo país com o maior número de casos no mundo, sendo este um ranking preocupante que requer políticas públicas efetivas que reduzam os diagnósticos tardios com articulação das redes de atenção. No município de Barão de Grajaú no Maranhão, o diagnóstico da hanseníase é realizado na atenção básica e a baciloscopia em Floriano, no Piauí, de acordo com pactuação interestadual. OBJETIVOS: Identificar fatores relacionados ao diagnóstico tardio da hanseníase e conhecer os sentidos e significados vivenciados pelos dos pacientes após a confirmação do diagnóstico. METODOLOGIA: Trata-se de pesquisa qualitativa, realizada no município de Barão de Grajaú no Maranhão. Os participantes da pesquisa foram pessoas com diagnóstico de hanseníase multibacilar com registro no Sistema de Informação de Agravos de Notificação entre 2001 e 2015, em que se constatou 73 altas por cura. Com apoio dos Agentes Comunitários de Saúde, foram localizados 39 sujeitos que foram entrevistados, sendo as entrevistas gravadas, transcritas e analisadas a partir da análise de discurso proposta por Minayo, com organização de duas categorias. Os aspectos éticos foram respeitados com aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, através do parecer 2.527.964. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na categoria ‘Busca, medo, e a confirmação do diagnóstico de hanseníase’, os participantes destacaram um longo percurso até o diagnóstico, devido o desconhecimento da doença e algumas falhas na atenção básica, a exemplo das lesões terem sido confundidas em diversas situações com alergias, dermatoses ou micoses, de forma que fizeram uso de outros medicamentos mascarando a doença. Alguns tiveram seus diagnósticos confirmados em outros estados ou na rede privada considerando as lacunas do município. Verifica-se que tanto os profissionais necessitam de uma melhor formação no tocante à doença, como devem ser trabalhadas ações de educação em saúde nos diversos espaços da comunidade. O diagnóstico veio acompanhado de muitas incertezas, sobretudo pela concepção negativa que historicamente a doença traz. Ressaltaram tristeza, medo, preocupação e receio do preconceito de amigos e familiares. Com a confirmação, os profissionais devem explorar informações distorcidas com orientações adequadas. Já na categoria ‘Convivendo com a hanseníase – ‘Reações e marcas deixadas por ela’, os participantes referiram dificuldades ao surgimento das reações hansênicas, pois os profissionais as identificaram como uma reativação do bacilo, o que necessitaria de um retratamento, contribuindo com a sua peregrinação. As reações hansênicas ocorrem pela reativação das lesões pré-existentes e/ou aparecimento de novas lesões, com sinais de agudização em tempos distintos, necessitando de intervenção imediata. Mesmo com tratamento e cura, as marcas deixadas pela doença são evidentes em seu cotidiano, não apenas as de ordem física, mas também as de ordem emocional. Referiram como deformidades mãos em garra e pé equino com comprometimento neural. Nas falas não houve destaque para a prevenção de incapacidades e/ou de complicações. A prevenção de incapacidades em hanseníase inclui um conjunto de medidas visando evitar a ocorrência de danos físicos, emocionais e socioeconômicos e, no caso de danos já existentes, a adoção de medidas que minimizem as complicações extensivas ao período de alta e pós-cura. Faz-se importante destacar que no município não há serviços de referência, de forma que essa atenção é realizada pela equipe de saúde da família, de acordo com suas possiblidades e limitações, no entanto, os casos de incapacidade física requerem ações mais complexas, realizadas em serviços especializados ou de reabilitação. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Questões relacionadas à falta de conhecimento da população sobre a hanseníase e a baixa resolutividade nos serviços locais levaram essas pessoas à busca por serviços em outros estados. No município cenário da pesquisa, bem como no estado do Maranhão, as ações de combate e controle da hanseníase necessitam de reformulações que busquem a relação entre atividades operacionais, indicadores epidemiológicos, fatores de risco e situações de vulnerabilidade em concordância com as reais demandas e pactuações com uma melhor logística. Outra situação que merece destaque foi à dificuldade de identificação das reações hansênicas, que interfere na qualidade de vida dessas pessoas, que já carregam tanto sofrimento imbuído pela doença. Os sentimentos destacados podem estar associados também à falta de informação. Nesse sentido, devem ser focadas ações de educação permanente em saúde com os profissionais para que estes tenham segurança na realização das ações educativas. O rompimento dessas barreiras resultará em uma atenção integral e equânime, avançando na perspectiva de cidadania.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900