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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-31B - GT 31 - Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional - SSAN e os povos e comunidades tradicionais: concepções e experiências em diálogo com o SISAN

30994 - DIALOGANDO SOBRE O DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA EM TURMAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM MACAÉ - RJ
LUANA DE LIMA CUNHA - UFRJ - CAMPUS MACAÉ, RUTE RAMOS DA SILVA COSTA - UFRJ - CAMPUS MACAÉ, VANESSA SCHOTTZ RODRIGUES - UFRJ - CAMPUS MACAÉ


A Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional prevê em suas diretrizes a instituição de processos permanentes de Educação Alimentar e Nutricional (EAN). O Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas e a PNSAN reconhecem a escola como um ambiente propício para a promoção à saúde. Nesse sentido a Educação de Jovens e Adultos (EJA) se estabelece como espaço estratégico para o desenvolvimento de ações por seu caráter de transformação dos indivíduos/coletividade e o combate à exclusão e desigualdades sociais, pela compreensão que esses sujeitos são atravessados por opressões interseccionais e vulnerabilidades. As atividades estão vinculadas ao projeto de extensão Culinafro, UFRJ/Macaé e ocorreram de setembro a novembro de 2018, tendo a participação de 24 estudantes e 4 professoras, das turmas do segmento I e II da EJA. Tendo como referencial teórico a Educação Popular em Saúde e a ferramenta metodológica de problematização o Arco de Maguerez, cujos passos são: observação da realidade, definição de pontos-chaves, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade. Buscou promover a EAN e estimular reflexões críticas sobre o Direito Humano a Alimentação Adequada, sendo este um dos princípios da Segurança Alimentar e Nutricional. Foram realizados 6 encontros, sendo os 2 primeiros para apresentação do projeto à comunidade escolar. Na 1ª oficina foi compartilhada a preparação culinária africana: Baba Ganoush para aproximação com os educandos seguida de roda de conversa sobre os alimentos preferidos de cada um. A 2ª oficina buscou contextualizar e entender seus cotidianos alimentares, tendo como elemento provocador fotografias da exposição “Daily Bread”. Elegemos as fotografias que apresentavam o consumo diário de crianças brasileiras, despertando reflexões sobre os aspectos que influenciam os hábitos alimentares: poder aquisitivo, acesso aos alimentos, contexto de vida, culturas. A 3ª oficina teve o nome de “Farinha com Prosa” dada à dinâmica que consistiu na montagem de 4 estações de debate e partilha de alimentos (mingau de tapioca, café com farinha, biscoito de polvilho e farofa). As questões norteadoras foram: “O que é saúde pra você?”; “O que é comida de verdade?”; “Você acha que a desigualdades (econômicas/sociais) fazem mal a sua saúde?”; “A merenda escolar é um direito?”. No 4º encontro foi reproduzido e dialogado sobre o vídeo "Professor de Farinha" e a música “Farinha” (Djavan). Utilizou-se 2 estratégias avaliativas: roda de conversa com os educando e Grupo de Diálogo (GD) com as professoras. Foi necessário adaptar os materiais de apoio após a primeira oficina, pois observamos que boa parte da turma estava em processo de alfabetização. Imagens/vídeos e linguajar menos tecnicista facilitaram a compreensão dos temas abordados. Constatou-se que a maioria dos alunos era proveniente de áreas rurais do estado da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro e possuíam relações de afeto com a comida pelo consumo, produção e/ou beneficiamento dos alimentos, nos ratificando do potencial comunicativo da comida, que provoca a atenção e mediação dos diálogos. Os educandos participaram ativamente, mostraram-se conscientes de seus direitos no que cerne ao campo do DHAA, referindo a “merenda” escolar e o acesso a alimentos saudáveis desde sua produção à distribuição como direito de todos e dever do estado. Construíram um conceito coletivo de saúde, relacionando seus hábitos alimentares a cultura alimentar local, valorizando os conhecimentos práticos que resgataram de seus antepassados sobre o poder dos alimentos e nossa relação de sustentabilidade com a terra. E, apontaram que seus conhecimentos se relacionam aos passos do Guia Alimentar para a População Brasileira na busca por melhores hábitos alimentares através da valorização e consumo de alimentos in natura. Como resultado dos GD, destacou-se que as oficinas permitiram a inclusão dos alunos com deficiência, entrosamento entre as turmas, o conhecimento e valorização de suas historias e o prazer na realização das atividades. Os conteúdos debatidos foram aproveitados nas aulas seguintes às oficinas, a convivência despertou o gosto pela leitura e alguns conseguiram formar pequenas frases. Relataram ainda que, alguns estudantes perderam o medo da passagem para o próximo ciclo letivo. Verifica-se que a prática da educação popular proporciona maior participação dos educandos nas atividades devido a sua construção horizontal e uso de metodologias ativas. Apesar do entendimento da comida na mesa como um ato político transformador é necessário o enfrentamento do desafio presente no imaginário popular que fundado em práticas assistencialistas desvirtuam a busca por um Estado Democrático de Direito, estimulando uma relação de gratidão do desfavorecido para o Estado, sem que o mesmo possa retomar o entendimento de seus direitos, autonomia e liberdade. É imprescindível levarmos o debate do DHAA para além dos muros da universidade.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900