28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-31A - GT 31 - Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional - SSAN e os povos e comunidades tradicionais: concepções e experiências em diálogo com o SISAN |
29302 - AVALIAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES DE ALIMENTAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA DO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA: CONTRIBUIÇÕES METODOLÓGICAS ADENILSON DA SILVA GOMES - UFPE, PETRÔNIO JOSÉ DE LIMA MARTELLI - UFPE, EDUARDA ÂNGELA PESSOA CESSE - IAM/FIOCRUZ, MARIANA FARIAS GOMES - IAM/FIOCRUZ, REBECCA SOARES DE ANDRADE FONSECA DOS SANTOS - IAM/FIOCRUZ, JULIANA MARTINS BARBOSA DA SILVA COSTA - UFPE, MARIA BERNADETE RIBEIRO CHAGAS - IAM/FIOCRUZ
INTRODUÇÃO
O NASF dispõe de nove áreas estratégicas de enfoque em suas ações, mas é notória a importância das de alimentação/nutrição (A/N) e atividade física/práticas corporais (AF/PC) para os portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM). A partir de sua integração com a Estratégia de Saúde da Família, tem-se revelado a necessidade de uma atenção especial para o desenvolvimento dessas ações por influenciarem a prevenção e controle dessas patologias. Entretanto, nos seus atuais manejos, o que se observa é a inadequação de cuidados, prestados em diferentes níveis de atenção à saúde, suscitando em má coordenação e insatisfação dos usuários.
Estudos de análise de implantação permitem avaliar os enlaces entre a intervenção (programas, políticas, serviços, ações) e seu contexto de inserção na produção de efeitos, o que se torna particularmente importante quando a intervenção é complexa, como o NASF, com múltiplos componentes sobre os quais o contexto pode interagir de diferentes modos.
Assim, esse estudo partiu-se da seguinte pergunta condutora: como está implantado o NASF em relação às ações de alimentação, nutrição e atividade física/práticas corporais na atenção aos portadores de HAS e DM da Estratégia de Saúde da Família em Petrolina – PE?
OBJETIVO
Avaliar a implantação do NASF em relação às ações de alimentação, nutrição e atividade física/práticas corporais na atenção ao portador de HAS e DM na Estratégia de Saúde da Família de Petrolina – PE.
METODOLOGIA
Foram construídos e validados o Modelo Lógico – ML da intervenção e a Matriz de Análise e Julgamento (MAJ) na qual continha uma série de indicadores para avaliação das dimensões estrutura e processo do NASF em relação às ações de alimentação, nutrição e atividade física/práticas corporais. A partir da MAJ foram construídos questionários estruturados que foram aplicados a oito nutricionistas e um educador físico do NASF em Petrolina, totalizando 9 equipes.
Foram calculados o grau de implantação (GI) das dimensões estrutura e processo com base na divisão das pontuações obtidas em relação às esperadas para cada indicador contido na MAJ sendo o resultado mostrado em percentual e julgado com base nos pontos de corte: <25,0% – não implantado; de 25,1% a 50,0% – implantação incipiente; de 50,1% a 75,0% – parcialmente implantado; e >75,1% – implantado.
A avaliação do contexto foi baseada no modelo político e contingente formulado por Denis e Champagne na qual foi construído o roteiro semiestruturado para coleta dos dados. Após transcrição e leitura das entrevistas, realizou-se análise de conteúdo, criando categorias temáticas que puderam contribuir na identificação da influência do contexto político e estrutural no GI do NASF em Petrolina. Aplicou-se o roteiro a dois profissionais da gestão municipal de saúde (Diretoria da Atenção Primária e Coordenação do NASF), dois médicos e dois enfermeiros da ESF, um agente comunitário de saúde e cinco profissionais do NASF.
Após determinação do contexto, foi verificada sua influência sobre o GI, analisando as possíveis relações entre si, por meio da triangulação de dados.
RESULTADOS
O GI total do NASF em relação à alimentação, nutrição e atividade física/práticas corporais no município de Petrolina, encontra-se parcialmente implantado, com uma pontuação percentual de 58,8%.
Por sua vez, os GI das dimensões estrutura e processo classificou-se como parcialmente implantado recebendo uma pontuação percentual de 59,3% e 58,7%, respectivamente.
O contexto político apresentou 57,1% de categorias favoráveis, classificando-se como favorável à implantação do NASF. Acredita-se que ele influenciou positivamente a dimensão processo, pondo em evidência a urgente necessidade de repensar os meios por onde são organizados os processos de trabalho tanto no que se refere à assistência individualizada quanto para a construção do trabalho interdisciplinar que repercute diretamente na qualidade dos cuidados nutricional e físico.
Por sua vez, o contexto estrutural do NASF em relação às ações de A/N e AF/PC em Petrolina foi classificado desfavorável, com implantação de 57,1% de categorias desfavoráveis. Ao ser considerado desse modo, a sua influência negativa pode explicar o baixo percentual obtido no GI na dimensão estrutura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo abriu oportunidades de se aplicar atividades avaliativas de forma que contemplem os aspectos globais que está submetido um determinado programa de saúde. A análise de implantação, embora necessite de tempo e recursos que por vezes fogem da capacidade institucional das gestões públicas em saúde, considerou-se ser um mecanismo avaliativo de profundo poder descritivo e exploratório da implantação de intervenções em saúde. Os resultados colaboram na reflexão e no aprimoramento tanto das práticas do NASF quanto da atenção primária e, até mesmo, das políticas públicas de nutrição e atividade física direcionadas para os públicos hipertenso e diabético.
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