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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-31B - GT 31 - Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional - SSAN e os povos e comunidades tradicionais: concepções e experiências em diálogo com o SISAN

31086 - HÁ UMA ESTRUTURAÇÃO DE CAMPO CIENTÍFICO DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO BRASIL?
JOVERLANY PESSOA DE ALBUQUERQUE - UNICAMP/FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS, RAFAEL DE BRITO DIAS - UNICAMP/FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS, JULICRISTIE MACHADO DE OLIVEIRA - UNICAMP/FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS


Uma vez que o desenvolvimento da pesquisa se estreita com a identificação de certo campo do conhecimento, análise da disseminação de informações sobre esse campo ou área estudada e a avaliação de sua exploração, torna-se importante debater, além do histórico da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), a estruturação de campo científico. O processo de reflexividade sobre a maneira como produzimos e disseminamos as informações no campo cientifico é importante para compreender a ciência, não apenas como a pesquisa, mas como objeto de pesquisa (PREMEBIDA, 2011). Dessa forma, este trabalho direciona-se a identificar se há uma estruturação de campo científico em SAN no Brasil. Exposta pela primeira vez em 1975, a conceituação de campo científico utilizada é a do sociólogo Bourdieu. Para ele o campo científico é entendido como “[...] sistema de relações objetivas entre posições adquiridas (em lutas anteriores), é o lugar, o espaço de jogo de uma luta concorrencial. O que está em jogo especificamente nessa luta é o monopólio da autoridade científica definida [...]” (BOURDIEU, 1983, p.122). A discussão sobre SAN ganha um caráter cientifico no Brasil na obra de Josué de Castro, um marco no processo de entendimento da fome. O livro que ganha destaque é o Geografia da fome, a opção pelo método geográfico possibilitou ao autor uma análise mais ampla e a realização de uma argumentação orientada. Castro, ainda cunhou conceitos importantes, como fome epidêmica e fome endêmica, seus esforços foram incorporados em estudos e políticas de diversas instituições, como a FAO, cujo conselho foi presidido por ele de 1952-1955 (FERNANDES, 2007; LAGE, 2003). Bourdieu (1983, p.89) explica que os interesses próprios compõem o campo científico e, que “não poderia se motivar um filósofo com questões própria dos geógrafos”, pode-se dizer então que a SAN é uma questão de vários campos científicos, o que a coloca talvez como um campo distinto por não se contar com uma disciplina ou hierarquização dessas disciplinas. Esse ponto é o que a coloca em uma posição muitas vezes menos autônoma. Assim, se há um campo científico se estruturando em SAN, esse é menos autônomo. Um dado importante que demonstra essa transversalidade que me refiro é demonstrado na pesquisa da Shirley Prado (2010), com base no censo do Diretório acadêmico do CNPq que entre 2000-2005, que observou que as grandes áreas que estudavam o tema eram: ciências agrárias, ciências saúde e humanidades. Outro apontamento interessante desse estudo é que os grupos que se situam na área da ciência e tecnologia dos alimentos foram descritos com uma discussão voltada ao alimento “numa visão de SAN mais restrita e focada em sua produção para a comercialização”. Enquanto os grupos inseridos nas humanidades “voltam-se mais para a formulação e implementação de políticas, ações, intervenções de SAN nos planos nacional, regional e local”. Existem espaços físicos de debate da temática como congressos, seminários e cursos, apesar disso, colocar que a SAN se organiza a partir da importância às disciplinas, uma hierarquização, de referenciais, “um capital de técnicas”, nos termos “Bourdieudianos” é frágil, pois como já elucidado a discussão transcorre diversas áreas e essas áreas são campos científicos estruturados que possuem suas “estratégias de conservação”, formas de olhar para o objeto (BOURDIEU, 2004). Assumido que existe uma estruturação de campo científico na SAN e que um campo de científico não é retilíneo uniforme, seu percurso pode ser alterado, acelerado, parado, desacelerado e é resultado de interações e (re)construções de objetivos e saberes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BOURDIEU P. O campo científico. In: Ortiz R, organizador. Pierre Bourdieu. São Paulo: Ática; 1983.
BOURDIEU, P. Os usos sociais das ciências: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: UNESP, 2004.
FERNANDES, BM, et. al. Josué de Castro: Vida e obra. 2 ed. Ver. E ampl. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
LAGE, O. Marco legal para a segurança alimentar nutricional. Caderno de Textos da 2ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar Nutricional Sustentável de Minas Gerais. Belo Horizonte: dez. 2003, p. 8-11.
PRADO SD, GUGELMIN SÂ, MATTOS RA, SILVA JK, OLIVARES P DOS SG. A pesquisa sobre segurança alimentar e nutricional no Brasil de 2000 a 2005: tendências e desafios. Ciência Saúde Coletiva. 2010 Jan;15(1):7–18.
PREMEBIDA, A, MONTEIRO NEVES, F, ALMEIDA, J. Estudos sociais em ciência e tecnologia e suas distintas abordagens. Sociologias, 2011. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/soc/v13n26/03.pdf> . Acesso em 13 de Abril de 2019.

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