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30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-31C - GT 31 - Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional - SSAN e os povos e comunidades tradicionais: concepções e experiências em diálogo com o SISAN

31607 - AS RELAÇÕES ECONÔMICAS EM TORNO DAS MUDANÇAS DAS PRÁTICAS AGROALIMENTARES DA COMUNIDADE DE SANTA RITA-BAHIA
JULIEDE DE ANDRADE ALVES - UFBA, SARA CONCEIÇÃO DOS SANTOS - UNINASSAU, IANUA COELI SANTOS RIBEIRO DE BRITO - UNINASSAU, LUIZA GUIMARÃES CAVALCANTI SPINASSÉ - UFBA, LIGIA AMPARO DA SILVA SANTOS - UFBA


INTRODUÇÃO:Com o desenvolvimento econômico e industrial das sociedades, os câmbios culturais se acentuaram, incidindo inclusive nas práticas alimentares tradicionais. Em meio a isso, as comunidades rurais são percebidas como locais de resistência, em que na agricultura de subsistência vigora a policultura, a criação de animais em terrenos, há troca de alimentos com os outros vizinhos, o que possivelmente ajuda a garantir a quantidade e variedades alimentar (LOURENÇO, 2012). Nesse sentido, o presente estudo visou compreender as práticas alimentares de famílias da zona rural de uma comunidade do Baixo Sul da Bahia.
METODOLOGIA:Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada na comunidade de Santa Rita, situada no Baixo Sul da Bahia, no município de Taperoá. Foram realizadas 10 entrevistas narrativas com famílias de pequenos agricultores residentes da comunidade. As entrevistas foram gravadas e transcritas. Após esta fase foram realizadas leituras flutuantes do material produzido e fichamentos para a sistematização e posterior análise e interpretação dos dados. A análise aprofundada foi possível após a releitura das seleções originando a categorização, a fim de correlacionar os dados bibliográficos anteriormente coletados, verificando divergências e convergências entre eles, bem como no auxílio da compreensão das experiências de vidas narradas pelos participantes. O respectivo trabalho foi aprovado pelo comitê de ética sob o parecer de nº 3.093.495.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:A comercialização dos produtos cultivados na comunidade é feita de diversas maneiras. Uma dessas é pelos atravessadores, que vão até as roças em busca de mercadorias com baixo preço, produzidas por agricultores que não tem como levar suas mercadorias para vender em outro local, recebendo o pagamento após a venda ser feita pelos atravessadores a outros comerciantes. A barganha acontece com a permuta de produtos agrícolas por eletrodomésticos ou objetos que eles não têm condições financeiras de adquirirem sozinhos. Entre eles também acontece o “dá de meia” ou “fazer de meia”, quando o agricultor pega uma planta ou área plantada e permite que outro agricultor faça a colheita dos frutos, sendo metade do proprietário e a outra de quem efetuou a colheita. Essa ação também acontece como forma de pagamento por serviços prestados, como pela limpeza de um terreno e o que tiver de fruto na área, é feito de meia. A venda “na rua” é um termo utilizado por eles para explicar a venda feita em Taperoá-BA, em uma pequena feira situada no centro da cidade, à beira do rio, formada por tabuleiros de madeira onde se pode encontra uma variedade de produtos produzidos por várias outras comunidades como: mel de uruçu, beijú com goiabada, queijo coalho. Além de fornecer produtos para abastecer o mercado local, que por sua vez pagam pelo produto o preço que eles desejam. A venda que ocorre em Taperoá-BA desvaloriza os produtos da agricultura familiar, pois os valores dos produtos são dados por quem compra e não por quem produz, por isso é comum “deixa perder embaixo do pé”. De acordo Moreira (1997), historicamente a agricultura familiar objetiva uma inferioridade em sua incapacidade de progresso no contexto da acumulação capitalista, suas condições de pequenos proprietários de terras, estão associadas à classe trabalhadora assalariada. Contudo, este cenário vem sofrendo alterações gradativas. Alguns agricultores vêm se opondo a entregar suas mercadorias sem que seja feito um acordo justo para ambas as partes e quando este não é efetivado, eles vão buscar melhores preços com comerciantes das cidades vizinhas. Em alguns casos, é possível ver também a compra de produtos produzidos pelos vizinhos, como o ovo caipira e o frango de quintal. A renda adquirida através da venda de suas mercadorias é utilizada por eles para aquisição não somente de eletroeletrônicos, mas também para compra de alimentos que não são produzidos por ele, por exemplo: café, açúcar, sal, pão, achocolatados, caldo de carne e frango congelados, ovos de granja temperos completos, biscoito recheado, macarrão instantâneo, embutidos, gás.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:A partir do estudo feito, foi possível perceber as particularidades presentes na comunidade de Santa Rita no que diz respeito não só às práticas alimentares da população, como também os processos de aquisição e distribuição de alimentos e renda. Compreende-se também que as relações interpessoais entre os moradores da comunidade se organizam de maneira a trazer uma valorização particular entre a produção, a venda, as trocas e o consumo da população local.

LOURENÇO, Ana Eliza Port. Plantando, colhendo, vendendo, mas não comendo: práticas alimentares e de trabalho associadas à obesidade em agricultores familiares do Bonfim, Petrópolis, RJ. Revista. Bras. Saúde ocup. São Paulo, v.37, 2012.
MOREIRA, R. J. Agricultura familiar e sustentabilidade: valorização e desvalorização econômica e cultural das técnicas. Estudos Sociedade e Agricultura, 1997.

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