29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-29B - GT 29 - Saúde e privação de liberdade |
31036 - FORMAÇÃO PARA O SUS E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: SER AFETIVO É EFETIVO - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA SOCIOEDUCAÇÃO DEBORAH SILVA VASCONCELOS DOS SANTOS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DE SAÚDE DE ALAGOAS - UNCISAL, CLÁUDIA JULIANA COSTA DE LIMA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DE SAÚDE DE ALAGOAS - UNCISAL, RAFAEL FÉLIX LEITE - INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS - IFAL, DEBORAH CASTELA VIANA ALVES - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DE SAÚDE DE ALAGOAS - UNCISAL, CLARA MARIA DE ARAUJO SILVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DE SAÚDE DE ALAGOAS - UNCISAL
Contextualização: A extensão universitária serve como canal de troca de conhecimentos e elo entre universidade e comunidade, tendo como objetivo a transformação da realidade de ambos os meios através da promoção de discussões e reflexões políticas e sociais (HENNINGTON, 2005). Sendo o SUS, um local de prática e pesquisa acadêmica, a articulação entre instituições de ensino e os serviços de saúde promovem mudanças na formação profissional, criando um perfil de profissional da saúde alinhado ás necessidades de saúde da comunidade mais atendida pelo SUS (CAVALHEIRO; GUIMARÃES, 2011). Acreditando que a formação para o SUS e para populações vulneráveis acontece a partir de vivências de extensão universitária o Projeto de Atenção Integral a Saúde Prisional e Medida Sócioeducativa (PAISPIS), desenvolve atividades de educação em saúde em unidades socioeducativas em Alagoas. Período de realização: A experiência ocorreu entre Abril e Dezembro de 2018 na Unidade de Internação Provisória em Rio Largo – AL. Descrição: Nos meses de experiência, os membros de cada grupo do projeto realizavam ações na unidade a cada 3 semanas, com uma reunião que a antecedia para discutir o embasamento teórico da prática. Com caráter interdisciplinar, cada grupo de atuação possuía membros de diferentes cursos da área da saúde e educação. Havia 4 eixos norteadores de atuação do projeto para cada um dos encontros sendo eles: Educação em Saúde, Família, Profissionalização e Esporte, cultura e lazer, portanto cada semana um grupo discutia e realizava dinâmicas de um eixo específico. A partir da realização de atividades com metodologias ativas, foi possível discutir de forma horizontal temas complexos que envolviam o cotidiano dos adolescentes e suas narrativas. O projeto, assim como as medidas educativas, tinha o objetivo promover a reflexão sobre a situação presente dos jovens e a ressignificação do ato infracional. Assim como, era preconizado o incentivo ao fortalecimento de vínculos entre todos os atores envolvidos. Eram utilizadas músicas, poesias, exercícios físicos e desenho para que facilitasse o desenvolvimento da proposta. Convidando, assim, os membros do projeto a entender a saúde de forma ampla e integral. Objetivo: Refletir sobre a importância da extensão para a formação acadêmica alinhada aos princípios do SUS. Resultados: Durante o tempo de atuação do projeto, entre 10 e 18 adolescentes participavam, por semana. Neste período, observou-se que os adolescentes passaram a ter mais facilidade em criar vínculos com os membros do projeto e entre si, pois as discussões incentivaram o reconhecimento de semelhanças entre os atores envolvidos. Notou-se que os adolescentes sentiram-se mais seguros para participar das atividades, expressar suas opiniões. Ao longo dos encontros, os jovens que inicialmente demonstravam receios em expressar suas opiniões, passaram a realizar uma autoanálise sobre suas próprias realidades. Aprendizados: Destacando a formação profissional, além dos conhecimentos adquiridos acerca encarceramento, foi possível desenvolver habilidades de escuta qualificada e comunicação acessível. Essa experiência demonstrou a importância do uso de metodologias ativas e tecnologias leves com esse público. Através dos eixos discutidos, o projeto obteve sucesso ao demonstrar de forma prática que o conceito de integralidade em saúde perpassa os âmbitos social, psicológico e biológico. Dessa forma, os acadêmicos tiveram a oportunidade de entender a atuação do SUS em um ambiente marginalizado e complexo, tendo um valor único para a formação acadêmica. O projeto mostra-se uma importante ferramenta de diálogo extramuros. Análise crítica: Apesar das universidades se moldarem às diretrizes do SUS, proporcionando experiências e discussões político-sociais acerca das fragilidades da população, ainda há muito desinteresse entre os discentes em seguir a área da saúde pública. Transformar a defesa do SUS e de populações vulneráveis em obrigação acadêmica torna-se raso, visto que lutar por uma causa deve ser algo espontâneo. Falta ao meio acadêmico promover espaços de afetações, resultando na implicação político-profissional. Logo, a universidade tem como obrigação incentivar a participação dos discentes em extensões que promovam o vínculo afetivo entre sistema de saúde e profissional.
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