28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-35B - GT 35 - Vulnerabilidade e Racismo Ambiental |
30324 - VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: O PAPEL DA ATENÇÃO BÁSICA NA GESTÃO DE CUIDADOS EM SAÚDE NO CENÁRIO PÓS ROMPIMENTO DE BARRAGENS ELOISA HELENA DE LIMA - UFOP, ERICK VEIGA FRANCO DA ROSA - UFOP, ISADORA DANTAS SAKR KHOURI - UFOP, IASMIN DANTAS SAKR KHOURI - UFJF
INTRODUÇÃO: De 2000 a 2019 foram registrados 10 rompimentos de barragem no Brasil, sendo 6 deles em MG. Estes desastres afetam a saúde de forma direta e indireta, com impactos de curto, médio e longo prazo. De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, é atribuição da Atenção Básica (AB) o acolhimento às urgências de baixa complexidade e quadros agudos ou crônicos agudizados da área de cobertura nestes cenários. Frente a isto torna-se necessário fomentar nos processos de formação de profissionais na área da saúde a atenção e gestão do cuidado de populações em situação de vulnerabilidade socioambiental destacando-se as dimensões políticas, sociais, ambientais e as iniquidades correlatas a estes processos. OBJETIVO: Contribuir para o desenvolvimento de competências em gestão de cuidados no contexto da atenção primária após o rompimento de barragens. Pretende-se elucidar as principais repercussões do desastre para a saúde da população afetada, de modo a reduzir os danos e prevenir repercussões futuras, analisando os determinantes sociais e sua correlação com as iniquidades e vulnerabilidades em saúde. MÉTODOS: Revisão de literatura de 2016 a 2019, nas bases SciELO e Arca Fiocruz. Materiais do Ministério da Saúde e da Universidade Aberta do SUS também foram utilizados. Divulgação dos resultados em seminários, congressos e demais fóruns coletivos de educação permanente em saúde e de educação médica no âmbito da graduação e pós-graduação através da articulação ensino, pesquisa e extensão. Descritores em saúde pesquisados: rompimento de barragem, saúde pública, saúde coletiva e mineração. DISCUSSÃO: A gestão de cuidados pela AB baseia-se nas fases de efeitos do pós-desastre: resgate, recuperação e reconstrução. Na primeira, observam-se efeitos agudos como afogamentos, traumas e mortes. Na segunda, de semanas a meses após o evento, predominam as doenças infecciosas, intoxicações, doenças respiratórias e exacerbações de doenças crônicas. Na reconstrução, de meses a anos, observa-se comprometimento da saúde mental, com sintomas comportamentais e psicológicos. É responsabilidade da AB avaliar os danos e necessidades da população afetada, traçar um perfil de morbimortalidade, identificar epidemias, implementar ações para a redução da exposição aos riscos, planejar ações pre¬ventivas, entre outros. Além disso, questões como acesso a saneamento, imunizações, estabelecimentos de abrigos, assistência farmacêutica e atenção psicossocial são essenciais. CONCLUSÃO: É fundamental que as equipes de saúde estejam preparadas para responder aos desastres dessa magnitude, atendendo aos atingidos de forma eficiente e com equidade, com atenção aos efeitos físicos e também ao sofrimento psíquico. Cabe à AB a redução de danos, atuando em várias etapas da gestão de cuidados pós-desastre, fortalecendo o controle e a participação social. É imprescindível fortalecer a capacidade de resposta da equipe de saúde, dos indivíduos, suas famílias e comunidades para fazer frente aos problemas enfrentados e sobretudo a regulamentação de ações e políticas de prevenção de novos rompimentos com desfechos tão desfavoráveis à saúde e à vida como tem sido observado em MG e no Brasil.
PALAVRAS-CHAVES: Atenção Primária; Saúde Coletiva, Desastres Ambientais, Rompimento de barragem.
Referências:
MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE E FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. GUIA DE PREPARAÇÃO E RESPOSTAS DO SETOR SAÚDE AOS DESASTRES. Rio de Janeiro, 2018 edição digital. Disponível em: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/arquivos/anexos/adbdf1fb1bd20e237ab67233e3f0a4cfe67a267c.PDF
PORTO, MARCELO FIRPO DE SOUZA. A TRAGÉDIA DA MINERAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO NO BRASIL: DESAFIOS PARA A SAÚDE COLETIVA. Cadernos de Saúde Pública [online]. 2016, v. 32, n. 2 [cited 2019 April 14], e00211015. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311X00211015. Epub 11 Mar 2016. ISSN 1678-4464. https://doi.org/10.1590/0102-311X00211015.
ROMÃO ANSELMO, FROES CARMEN, BARCELLOS CHRISTOVAM, SILVA DIEGO XAVIER, SALDANHA RAPHAEL, GRACIE RENATA, PASCOL VANDERLEI. AVALIAÇÃO PRELIMINAR DOS IMPACTOS SOBRE A SAÚDE DO DESASTRE DA MINERAÇÃO DA VALE (BRUMADINHO, MG). In: DESASTRE DA VALE EM BRUMADINHO: Impactos sobre a saúde e desafios para a gestão de riscos, 2019, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ENSP, ICICT, IOC, 2019.
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS, ACERVO DE RECURSOS EDUCACIONAIS EM SAÚDE. Gestão Local de Desastres Naturais para a Atenção Básica. 2016. Disponível em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/9036
VORMITTAG EVANGELINA DA MOTTA PACHECO ALVES DE ARAUJO, OLIVEIRA MARIA APARECIDA DE, GLERIANO JOSUÉ SOUZA. AVALIAÇÃO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO DE BARRA LONGA AFETADA PELO DESASTRE EM MARIANA,BRASIL. Ambient. soc. [Internet]. 2018 [cited 2019 April 14]; 21: e01222. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-53X2018000100405&lng=en. Epub Nov 08, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/1809-4422asoc0122r2vu18l1ao.
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