29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-35F - GT 35 - Tecnologias Sociais e Outras Ferramentas no Enfrentamento da Vulnerabilidade na Saúde |
31531 - REFLEXÕES SOBRE ATUAÇÃO DA NUTRIÇÃO EM EQUIPES DE CONSULTÓRIO NA RUA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
LUIZ MIGUEL GOMES BARBOSA - SESAU/RECIFE, CARLA CAROLINE SILVA DOS SANTOS - UFAL, JUCIANY MEDEIROS ARAÚJO - UFPB, JULIANA GONÇALVES MACHADO - SESAU/RECIFE, ANA PAULA MAIA ESPÍNDOLA RODRIGUES - SESAU/JABOATÃO DOS GUARARAPES, AMANDA JULIANA DOS SANTOS SALES - UFPE, VIRGÍNIA LUIZA BEZERRA RIBEIRO DA COSTA - SESAU/RECIFE
A atenção básica (AB), é a principal porta de entrada do usuário ao sistema e serviços de saúde, sendo um conjunto de ações de saúde individuais e coletivas, e de importante papel na prevenção, promoção e recuperação de saúde. Segundo a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), a AB será ofertada integralmente e gratuitamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e demandas territoriais, considerando os determinantes e condicionantes de saúde, sendo vetado qualquer tipo de exclusão. No entanto, mesmo com o acesso a saúde garantido por lei, alguns grupos populacionais ainda se encontram em situação de fragilidade, tendo essa garantia do cuidado a saúde ameaçada. Fazem parte desse grupo, a população em situação de rua (PSR), a qual vive a mercê das sombras da sociedade, esquecidos por vezes pela gestão pública e a própria população, sendo caracterizados como objetos abstratos de um cenário urbano, tendo sua identidade como cidadão fragilizada, e consequentemente seus direitos, ameaçados. Nessa perspectiva, mediante diversos marcos históricos na luta pela inclusão da PSR na rede de atenção à saúde, temos o decreto, de nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009, o qual instituí a Política Nacional para a População em Situação de Rua. Tal política, define a PSR como um grupo populacional heterogêneo, que possui em comum a pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos ou fragilizados, a inexistência de moradia e utilização dos logradouros públicos como espaço de moradia e sustento, sendo tanto de forma temporária quanto permanente. Dentro deste contexto, as equipes de Consultório na Rua (CnaR), compõem a PNAB e integram a Rede de Atenção Psicossocial, tendo como objetivo a ampliação do acesso da PSR aos diferentes pontos de atenção à saúde e da rede intersetorial. O presente trabalho, visa relatar a experiência de profissionais residentes de nutrição do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família do Recife, em estágio estratégico junto a equipe de CnaR do município, entre períodos de 2018 e 2019. O estágio teve por objetivo, o reconhecimento do processo de trabalho de equipes CnaR, e desenvolvimento de ações de educação em saúde, com ênfase nos aspectos nutricionais. A equipe (CnaR) acompanhada, é composta por 02 agentes sociais (nível médio) e 01 assistente social (nível superior), que desenvolvem ações nos territórios dos distritos VI e VIII, atuando como elo entre a PSR e os demais serviços que compõem a rede de cuidado, sendo comum no seu processo de trabalho, desde escutas qualificadas, atendimentos clínicos primários, orientações pontuais até ações de educação em saúde em espaços públicos. No entanto, quando pensamos em ações de promoção a saúde, voltadas a alimentação adequada para essa população, nos deparamos com desafios significativos. A alimentação é considerada um direito social, garantido perante constituição, reforçada também na Política Nacional da PSR, a qual traz como objetivo, a implementação de ações de segurança alimentar e nutricional. Diante desse contexto, garantir o acesso a uma alimentação adequada e de qualidade, se torna um desafio perante as equipes. Durante o período de estágio, antes de iniciarmos as articulações de ações de promoção nutricional, consideramos todas as pluralidades do dia a dia desse grupo populacional, conhecendo seus espaços, hábitos e demandas. Em seguida, tomamos como metas, o reconhecimento e mapeamento do território coberto, onde procuramos identificar locais no quais essa população, tem acesso a alimentação, seja por doação, compras ou coletas. Para então, desenvolvermos ações de educação nutricional individuais e coletivas, tanto com os usuários e/ou donos dos estabelecimentos identificados. Foi possível também, intervenções clínicas pontuais, quando identificado situações especificas, como usuários portadores de doenças crônicas não transmissíveis, desnutrição e etc. Por fim, apesar de dificuldades de operacionalização do processo de trabalho da equipe, mediados por negligência da gestão municipal, o estágio foi de grande valia para o nosso processo de formação, de forma que a aproximação dos residentes a essa população, bem como sua inserção nessas equipes, possibilitou a desconstrução de preconceitos e a formação de profissionais humanizados e aptos para atuar de forma conjunta com os demais profissionais da rede.
|
 |
