29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-35F - GT 35 - Tecnologias Sociais e Outras Ferramentas no Enfrentamento da Vulnerabilidade na Saúde |
31626 - UMA EXPERIÊNCIA DE ARTICULAÇÃO ENTRE UNIVERSIDADE E ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA PARA REALIZAÇÃO DE AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO JARDIM KERALUX EM SÃO PAULO ELIZABETE FRANCO CRUZ - PROFA.EACH/USP, JACQUELINE I.MACHADO BRIGAGÃO - PROFA.EACH/USP, CLAUDIA MEDEIROS DE CASTRO - PROFA.EACH /USP, MARIA INES FONSATI - GERENTE DA UBS JARDIM KERALUX (SECONCI), FELIPE FOHER NAHUM - MÉDICO ESF (SECONCI), MAYARA CUSTÓDIO - PÓS GRADUANDA PROMUSPP/EACH /USP, JOSEANE MAYARA ALMEIDA CARVALHO - MONITORA,ESTUDANTE DE OBSTETRÍCIA EACH/ USP, RENATA FIGUEIREDO DE OLIVEIRA - MONITORA,ESTUDANTE DE OBSTETRÍCIA EACH/USP
Contextualização : Nesse trabalho vamos relatar e refletir sobre uma experiência de parceria entre a UBS do Jardim Keralux disciplina de Educação em Saúde do curso de graduação em Obstetrícia da Escola de Artes Ciências e Humanidades da USP. O Jardim Keralux é um bairro formado a partir de uma ocupação de um território na década de noventa. .Desde então os/as moradores/as tem se articulado para conseguir a regularização fundiária dos imóveis junto a prefeitura, o que ainda não aconteceu, mas o poder público instalou energia elétrica, água encanada , rede de telefone, escola de ensino fundamental, posto de saúde e coleta de lixo. Porém, ainda existem muitas ações que precisam ser desenvolvidas o saneamento é precário, existe contaminação no solo e dois córregos sem canalização. A ESF do bairro é administrada pela organização social Seconsi/SP e conta com 3 equipes de saúde da família compostas por : 1 médico/a, 1 enfermeiro/a 2 técnicas de enfermagem e 5 agentes comunitárias de saúde, as equipes acompanham um total de 10.050 pessoas que vivem no território.
Descrição :A disciplina de Educação em Saúde busca problematizar os conceitos de educação em saúde, promoção da saúde e vulnerabilidade, bem como aproximar os/as estudantes dos múltiplos cenários onde a educação em saúde pode ser desenvolvida. A disciplina conta com duas monitoras, um aluna de mestrado e três docentes. Organizamos o cronograma em três módulos de atividades, cada docente coordena um módulo. Há quatro aulas que são coletivas, nas quais discutimos conceitos e fazemos avaliações do processo. Construímos o planejamento junto com a gerente da UBS e inicialmente o prevíamos que apenas num módulo as/os e estudantes fossem participar das visitas domiciliares e nos dois outros módulos seriam trabalhados técnicas de dinâmica de grupo e a realização de oficinas de educação em saúde em escolas. Organizamos, com o apoio do Centro de Referência em DST AIDS do Estado de São Paulo, uma atualização sobre sífilis, atendendo uma das demandas trazidas pela UBS durante o planejamento das ações, porque no território temos alguns casos que estão sendo acompanhados pela equipe e existe preocupação com a possibilidade de sífilis congênita. Nas visitas domiciliares a questão da sífilis foi trabalhada e também orientações sobre gravidez e parto .No mês de maio a ESF enfrentou um desafio lidar com um caso de rubéola no território. Após confirmado o diagnóstico (de uma criança)as equipes se reuniram para desenvolver ações “bloqueio” e de “limpeza” a fim de evitar que a doença se espalhasse. Nesse momento a ESF solicitou ajuda das docentes e das estudantes no processo de verificar as carteiras de vacinação e oferecer a vacina em toda a região delimitada pela secretaria de saúde como sendo área de risco de contágio. Após finalizada as ações de contenção da rubéola, a gerente e um médico da UBS foram a universidade explicar em detalhes toda a operação realizada e discutir o caso da rubéola.
Período de realização:As atividades foram desenvolvidas de março a junho de 2019.
Objetivo:Ampliar as possibilidades de aprendizagem para estudantes e profissionais através da aproximação e promoção de diálogos entre a universidade e o serviço de saúde.
Resultados:• Atualização sobre sífilis com a participação de 14 Agentes comunitárias de saúde e 60 estudantes; reconhecimento pelos/as estudantes dos contextos de vulnerabilidade do bairro e das as principais demandas que a ESF lida nesse contexto ;problematizarão sobre a estratégia de visitas domiciliares e os desdobramentos dessa ação para o cuidado em saúde; colaboração nas ações da unidade de saúde para contenção da rubéola.
Aprendizados : Tivemos muitas aprendizagens e podemos dizer que todas(os) reconhecem que investir na formação em educação em saúde, na formação de profissionais é um dos caminhos para fortalecer a perspectiva de que as ações de saúde devem ultrapassar as dimensões curativas e produzir ações de educação em saúde que façam sentido para todos os envolvidos. A abertura ao dialogo interdisciplinar, com a equipe de saúde possibilitou ampliar a visão sobre os diversos problemas enfrentados no cotidiano da saúde no bairro. Diante de situações emergenciais como o caso de rubéola as ações são realizadas sem muito tempo para preparação e reflexão, o que nos ensina que devemos planejar treinamentos periódicos sobre como lidar com situações desse tipo.
Análise crítica:Um dos desafios da disciplina de Educação em Saúde é a busca constante por realizar atividades que ultrapassem as dimensões teóricas e possam trazer para as/os estudantes uma reflexão sobre contextos de vulnerabilidade e sua relação com a produção do cuidado. Avaliamos que a parceria com a UBS possibilitou uma leitura ampliada das relações entre usuários e profissionais de saúde e de como é importante investir em relações mais horizontais, onde as aprendizagens são mútuas.
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