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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-35H - GT 35 - Condições ou Doenças Crônicas e Infecciosas: Repercussões e Enfrentamentos

30049 - VULNERABILIDADES EM TEMPOS DE ZIKA
TATIANA SOUZA OLIVEIRA - UFBA


Introdução: A vulnerabilidade, ao assumir uma dimensão mais social após o advento e enfrentamento da epidemia do HIV/AIDS, perpassou de um conceito individual de risco e corroborou intensamente para um conceito de saúde para além da ausência de doença, se aproximando de uma visão mais social do ser humano, como um ser que vive em sociedade, com seus direitos e deveres, mas também como um ser de ação, o qual apesar de vulnerável a determinadas situações, também é dotado de autonomia, e que em situações de equidade pode se “impor” enquanto sujeito. Se apropriar deste conceito para refletir sobre o recrudescimento de velhas e surgimento de novas epidemias no Brasil, se faz urgente uma vez que os vários aspectos que permeiam esta epidemia, transitam entre fatores sociais, ambientais, culturais, diferenças de classes sociais, implementação de políticas sociais, bem como de vontade política em tratar o problema de frente em momentos de austeridade que enfrentamos atualmente no país. Assim, ao utilizarmos o conceito de vulnerabilidade enquanto uma exposição aumentada ao risco, associada a menor ou maior disponibilidade de recursos para lidar com seus efeitos, estaremos concentrando o diálogo sobre as iniquidades em saúde relacionadas as desigualdades sociais e, portanto, a possibilidade de ter acesso a estes recursos, bem como nos determinantes macroestruturais da saúde, fundamentais para entender tal epidemia. Considerando o coletivo, mas também, o indivíduo que o constitui, torna-se importante destacar ainda o poder de percepção individual da vulnerabilidade, uma vez que “pessoas em desvantagem social podem não perceber e reportar sua deficiência em saúde, pois a avaliação individual depende da experiência social, o que pode obscurecer a verdadeira extensão da privação de saúde” (SEN, 2002 , p.860). Objetivos: identificar se as situações de vulnerabilidade a que as mulheres estavam expostas na epidemia do Zika vírus estão presentes em suas narrativas. Metodologia: visando dar voz aqueles que foram diretamente afetados, foi realizada uma pesquisa qualitativa a partir de entrevista semi-estruturada aplicada a vinte e cinco mães e principais cuidadoras de crianças nascidas com microcefalia por ZIKV. Objetivando trabalhar a heterogeneidade do corpus e formação de um amplo espectro socioeconômico entre as participantes, foram realizadas entrevistas a mães com diferentes perfis tais como procedência, idade, escolaridade e de diferente nível de comprometimento neurológico da criança. A análise dos dados foi realizada a partir das narrativas das genitoras através da análise temática de conteúdo. Resultados e discussão: as mulheres entrevistadas conseguem visualizar claramente as situações ambientais que as tornam mais expostas aos vírus, entretanto as situações macroestruturais que estão relacionadas ao desencadeamento de uma epidemia como esta, tais como, saneamento básico, condições adequadas de moradia, educação e um sistema de saúde com políticas voltadas para a promoção da saúde; são identificadas apenas por uma pequena parcela das entrevistadas, que se diferenciam pelo nível de escolaridade. Conclusão: evidencia-se a naturalização das situações de vulnerabilidade frente ao olhar das mulheres de nível de escolaridade mais baixa, cabendo a sociedade científica a responsabilidade e o compromisso de ser voz desta população e ao mesmo tempo dar a voz, para que o processo de educação e ressignificação possibilite o poder de transformação de realidades, através da formação de novos sujeitos coletivos.

Palavras-chave: Zika vírus. Vulnerabilidades.

local do evento

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