30/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-35H - GT 35 - Condições ou Doenças Crônicas e Infecciosas: Repercussões e Enfrentamentos |
31543 - DO DEBATE A REALIDADE: O CONTEXTO DE VULNERABILIDADE DE GRUPOS ACOMETIDOS PELA COINFECÇÃO TUBERCULOSE/HIV LÍLIAN DO NASCIMENTO - IF SUDESTE MG E UFJF, DENICY DE NAZARÉ PEREIRA CHAGAS - UFJF, ÉRIKA ANDRADE E SILVA - UFJF, GIRLENE ALVES DA SILVA - UFJF, ISABEL CRISTINA GONÇALVES LEITE - UFJF
INTRODUÇÃO:
Ainda que Políticas Públicas garantam o acesso aos serviços de saúde de usuários portadores de doenças como Tuberculose (TB) e ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), a coinfecção entre elas continua sendo um desafio, em especial, pelo desfecho de mortes em grupos considerados vulneráveis. Mundialmente, entre 2010 e 2017, 40 países apresentaram um aumento no número de mortes por TB entre pessoas vivendo com HIV, apontando para necessidade de superar desafios, como a desigualdade no acesso a serviços integrados entre os grupos vulneráveis (ONU, 2019). Vulnerabilidade esta, pautada sobre os pressupostos da Saúde Coletiva, que destaca a influência das dimensões individuais, sociais e programáticas no processo saúde, adoecimento e cuidado da TB/HIV (AYRES, 2009).
A TB associa-se às condições de vida da população, sendo mais elevadas em locais de alta densidade demográfica, precárias infraestruturas de saneamento e moradia, insegurança alimentar, abuso de drogas e dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Neste cenário, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose, elegeu como populações mais vulneráveis à infecção: indivíduos em situação de rua (PSR), a população privada de liberdade (PPL), indígenas e pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) (BRASIL, 2017).
No entanto, sendo está uma doença curável, a morte deveria ser um evento raro, porém associada ao HIV, aumenta os casos de óbitos devido à dificuldade do diagnóstico precoce e tratamento eficiente (ROCHA et al. 2015). Assim, conhecer o fluxo de acompanhamento desse usuário no Sistema Único de Saúde, contemplaria a necessidade de se ter uma assistência adequada, baseada na integralidade, equidade e igualdade para combater esses agravos (COSTA et al. 2016).
OBJETIVO
Discutir dados sociodemográficas, clínicos, epidemiológicas de casos notificados com coinfecção Tuberculose/HIV, de um município prioritário no Brasil, considerando pressupostos da Saúde Coletiva e destacando a influência das dimensões de vulnerabilidade entre grupos acometidos pela coinfecção.
MÉTODO
Estudo epidemiológico descritivo e analítico, retrospectivo, de base populacional, que teve como população-fonte pessoas vivendo com HIV e acometidas pela TB. Os dados foram obtidos do período de 2013 a 2018 em um município considerado prioritário no Brasil. Foram realizadas análises de frequências absoluta e relativa. Ainda que seja um estudo com utilização de dados secundários disponíveis em site de domínio público, a aprovação foi obtida no Comitê de Ética em Pesquisa da UFJF sob o número de parecer 2.754.807.
RESULTADOS
O estudo evidencia um maior impacto da coinfecção TB/HIV na PSR e PPL, populações marcadas pelas vulnerabilidades individual, programática e social. Destaca-se a presença no sexo masculino, pessoas autodeclaradas pretas, com idade entre 30 e 49 anos e com baixo nível de escolaridade. Assim como, a presença de um número expressivos de usuários que utilizam drogas, dado que traduz estigmas, preconceitos e que interfere no tratamento de ambas as doenças, aumentando os agravos, as taxas de abandono e aumento da transmissão das doenças.
DISCUSSÃO
As características individuais como a cor/raça, gênero e níveis de escolaridade, relacionadas ao desfecho da doença carregam consigo a discussão de equidade destes grupos em relação à população em geral. Sendo compreendidos a partir de seus contextos de identidade e a partir da diferença individual e social frente à população em geral (SIQUEIRA et al. 2016).
Os dados do estudo corroboram com pesquisas nacionais, que mesmo frente aos avanços no controle de doenças transmissíveis, a TB configura-se ainda como um grande agravo mundial, e junto ao HIV, representa uma das principais causas de morte entre as doenças infecciosas no mundo (WHO, 2014).
Recomenda-se que gestores estaduais e municipais, reconheçam as vulnerabilidades mais prevalentes em seus territórios, e com isso, possam estabelecer ações para o enfrentamento de ambas as doenças, diminuindo a desigualdade de acesso ao diagnóstico e tratamento da TB/HIV (BRASIL, 2017).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O debate sobre duas patologias que acometem mais fortemente populações vulneráveis, em um país com significativas desigualdades, é um desafio para os gestores e profissionais de saúde. É necessária a consonância de uma rede de atenção à saúde efetiva, formulação de políticas públicas direcionadas as demandas sociais e uma população engajada de seus direitos, de modo especial, o portador da tuberculose e HIV/Aids.
Ainda que estudos clínicos abordem a coinfecção destas duas doenças, há aspectos em seu acompanhamento requerendo investigação para melhor compreensão deste fenômeno clínico e social. É a partir de um espaço de discussão voltado para um cuidado mais humanitário e resolutivo, correlacionado aos aspectos da vulnerabilidade, que é possível alcançar ações efetivas e um diálogo que atenda aos princípios da Saúde Coletiva.
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