29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-35D - GT 35 - Tecnologias Sociais e Outras Ferramentas no Enfrentamento da Vulnerabilidade na Saúde |
31219 - INTERVENÇÃO EDUCATIVA PARA ADESÃO AO EXAME COLPOCITOPATOLÓGICO GILMARA DE LUCENA BESERRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC), ANA KARINA BEZERRA PINHEIRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC), SAMILA GOMES RIBEIRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC), THAÍS MARQUES LIMA - FACULDADE TERRA NORDESTE (FATENE), FRANCISCO MAIRTON RODRIGUES DE ANDRADE - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC)
INTRODUÇÃO
No Brasil é realizado o exame colpocitopatológico nos serviços de saúde podendo reduzir em até 90% o número de casos (BRITO-SILVA et al, 2014). Os serviços de saúde integram uma ferramenta fundamental para a redução da vulnerabilidade dos sujeitos e de sua exposição às condições vulnerabilizantes (CNDSS, 2008).
Dentre as estratégias educativas para redução de casos novos de câncer de colo uterino (CCU), destaca-se a tecnologia com a utilização de aparelhos telefones celulares como ferramenta para mudança de comportamento relacionado à saúde (TAMUZI et al, 2017).
Assim, torna-se primordial o desenvolvimento de estudos que analisem planos de ação para o comportamento de promoção da saúde associado à periodicidade da realização do exame colpocitopatológico.
OBJETIVO
Analisar os efeitos de intervenção educativa no comportamento de promoção da saúde relacionado à realização do exame colpocitopatológico de prevenção ao CCU.
METODOLOGIA
Estudo quase-experimental. Realizado no Centro de Parto Natural Lígia Barros Costa, vinculado à Universidade Federal do Ceará (UFC) em Fortaleza-Ceará.
A intervenção educativa testada foi por telefone e desenvolvida por meio de diálogo entre o profissional e a mulher. Foi dividida em duas fases: a primeira consistiu na apresentação do profissional e na investigação sobre a realização do exame. Na segunda fase coletou-se informações sociodemográficas e o conhecimento e atitude das mulheres sobre a prevenção do CCU. O conteúdo da intervenção era orientado por fichas-roteiro elaboradas por Vasconcelos (2008): breve explicação sobre o CCU, a finalidade do exame, a importância da periodicidade e o retorno para apanhar o resultado (BRASIL, 2013; VASCONCELOS, 2008). A estrutura da intervenção por telefone foi adaptada do estudo de Hegenscheid et al. (2011).
Amostra constituída por 262 mulheres que realizaram o exame colpocitopatológico na unidade, porém estavam com a periodicidade inadequada (não compareceram no serviço mais de três anos anteriores à pesquisa). Critérios de inclusão: faixa etária entre 25 e 64 anos, iniciado atividade sexual, estarem com a periodicidade do exame inadequada e com o número de celular no prontuário.
Foram analisados o comportamento anterior (não adesão ao exame colpocitopatológico), identificação do conhecimento, os sentimentos em relação atitude e, após o plano de ação por meio da intervenção educativa, o comportamento resultante (prática).
Foi utilizado um instrumento para a coleta dos dados sociodemográficos e o inquérito CAP (conhecimento, atitude e prática). Respeitou-se os preceitos da Resolução 466/2012 (BRASIL, 2012) com apreciação ética e aprovado mediante parecer nº 700.006.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das participantes da intervenção por telefone, 151 compareceram para realizar o exame, ou seja, foi notável a mudança de comportamento, aumentando a adesão. A intervenção por telefone mostrou-se eficaz em elevar o comparecimento para a realização do exame, apesar de que ainda houve 111 mulheres que não compareceram, mesmo depois das orientações.
A maioria das mulheres participantes tinham mais que 35 anos (55,3%), eram casadas ou em união estável (53,0%), tinham menos de 9 anos de estudo (53,4%), não trabalhavam fora (60,3%), iniciaram a vida sexual antes dos 19 anos (76,7%) e moravam próximo ao posto (87,4%). Os fatores pessoais não tiveram associação com a mudança de comportamento. O conhecimento acerca da prevenção do CCU é o principal fator associado à realização do exame sendo estatisticamente associado à mudança do comportamento de promoção da saúde.
Estudo realizado no Chile investigou o uso do telefone para projetar uma intervenção acerca das taxas de rastreamento do CCU, todas as participantes relataram que gostariam de receber intervenções educativas sobre o exame colpocitopatológico antes de realizá-lo (SOTO et al, 2018).
O efeito benéfico esperado do exame depende do conhecimento e adesão à prática, com a periodicidade recomendada (ALBUQUERQUE et al, 2014). Acerca da idade, um estudo dados mostrou que mulheres entre 35 e 44 anos e, entre 45 e 54 anos, apresentam maior taxas de adesão na realização do exame colpocitopatológico (OLIVEIRA et al, 2018).
A não adesão à periodicidade adequada do exame colpocitopatológico também está relacionada à alguns fatores sociais como por exemplo ser solteira, o tipo de profissão e ter baixo nível socioeconômico (GONÇALVES et al, 2011).
CONCLUSÃO
Acerca da influência dos fatores pessoais no comportamento de promoção da saúde das mulheres, ficou constatado que nenhum deles foi estaticamente significante para o aumento da adesão. O conhecimento acerca da prevenção do câncer uterino é o único fator associado com a realização do exame colpocitopatológico.
O estudo ressaltou a importância de se analisar os efeitos de estratégia educativa por telefone associada a um modelo de promoção da saúde direcionado para o comportamento de mulheres acerca da realização do exame colpocitopatológico.
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