30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-35F - GT 35 - Condições ou Doenças Crônicas e Infecciosas: Repercussões e Enfrentamentos |
29960 - EVOLUÇÃO DOS INDICADORES RELACIONADOS AO TABAGISMO, SEGUNDO INQUÉRITO TELEFÔNICO ENTRE 2006 E 2017 ALANNA GOMES DA SILVA - UFMG, DEBORAH CARVALHO MALTA - UFMG, ÍSIS ELOAH MACHADO - UFMG, ANA CAROLINA MICHELETTI GOMIDE NOGUEIRA DE SÁ - UFMG, FILIPE MALTA DOS SANTOS - UFMG, ELTON JUNIO SADY PRATES - UFMG, ELIER BROCHE CRISTO - MINISTÉRIO DA SAÚDE
Introdução: O tabagismo é um importante fator de risco para as doenças respiratórias crônicas, cardiovasculares e vários tipos de cânceres. Aproximadamente 80% dos fumantes vivem em países de baixa e média renda, onde a carga das doenças relacionadas ao tabaco é maior. O uso do tabaco representa um grave problema para o sistema de saúde, devido ao aumento dos custos sociais, econômicos e no cuidado de saúde. Apesar da elevada mortalidade e morbidade, a prevalência do tabagismo no mundo está reduzindo progressivamente, entretanto, ainda se mostra expressiva em determinadas regiões e grupos populacionais mais vulneráveis. Objetivo: Avaliar a tendência de indicadores relacionados ao tabagismo, segundo inquérito telefônico no Brasil entre 2006 e 2017. Métodos: Estudo de tendência temporal, a partir das informações do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). O Vigitel é um estudo transversal de base populacional, que avalia anualmente a população adulta, com idade igual ou maior a 18 anos, residente nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, por meio de entrevistas telefônicas. No presente estudo, foram utilizados os indicadores: Prevalência de fumantes; Prevalência de ex-fumantes; Prevalência de fumantes com consumo de 20 ou mais cigarros por dia; Prevalência de fumantes passivos no domicílio e no local de trabalho. Para análise de tendência da série temporal os indicadores do tabagismo foram estratificados segundo sexo, anos de escolaridade, capitais brasileiras e Distrito Federal. Para estimar a tendência utilizou-se o modelo de regressão linear e o nível de significância de 5%. O Projeto Vigitel foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, número 355.590/2013. Resultados e discussão: Ocorreu tendência de declínio para todos os indicadores avaliados (p<0,001). Em relação aos fumantes, os homens apresentaram prevalências maiores (19,3% em 2006 e 13,2% em 2017) ao comparar com as mulheres (12,4% e 7,5%). Destaca-se que, nos últimos três anos, houve uma redução da velocidade de declínio da prevalência de fumantes para população total e masculina. Para ambos os sexos, houve redução da prevalência de ex-fumantes (22,2% em 2006 para 20,3% em 2017 / p <0,001), do consumo de 20 ou mais cigarros por dia (4,6% em 2006 para 2,6% em 2017 / p <0,001), fumantes passivos no domicílio (12,7% em 2006 para 7,9% em 2017 / p <0,001) e no trabalho (12,1% em 2006 para 6,7% em 2017 / p <0,001). Segundo escolaridade, houve tendência de aumento de ex-fumantes com menor escolaridade (27,9% em 2006 para 30% em 2017 / p = 0,0435 / Inclinação 0,159) e ocorreu uma diminuição do número de ex-fumantes na população com 12 ou mais anos de estudo (p <0,001 / Inclinação -0,270). O declínio foi mais acentuado entre os indivíduos com 0 a 8 anos de estudo, em relação aos indicadores: fumantes (p <0,001 / Inclinação -0,591) e consumo 20 ou mais cigarros por dia (p <0,001 / Inclinação -0,232). Todas as capitais apresentaram declínio na prevalência de fumantes do sexo masculino e em 2017 as maiores prevalências de fumantes foram em Curitiba, São Paulo e Porto Alegre. Em relação ao sexo feminino, o número de fumantes também reduziu em todas as capitais e as prevalências mais elevadas no ano de 2017 foram em Curitiba, São Paulo e Florianópolis. No Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT 2011 a 2022, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir 30% na prevalência de tabagismo. O Brasil foi considerado um exemplo mundial na redução das prevalências do tabagismo e estes avanços têm sido atribuídos as medidas regulatórias preconizadas pela Convenção-Quadro da Organização Mundial de Saúde (OMS) para Controle do Tabaco que entrou em vigor em 2005, além da implantação de várias medidas como a proibição da propaganda do tabaco, a Lei dos ambientes livres do tabaco, a proibição da venda para menores de dezoito anos e das propagandas comerciais e outras medidas. Entretanto, as medidas de regulação não estão sendo priorizadas. Somam-se ainda o impacto da situação financeira do Brasil, as políticas governamentais de austeridade, os cortes em recursos para saúde e políticas sociais e o enfraquecimento do papel regulatório do governo. Conclusão: O estudo apontou redução da prevalência de fumantes entre 2006 a 2017, bem como melhoria dos demais indicadores. Nos últimos três anos observa-se redução da velocidade de declínio da prevalência de fumantes no Brasil e em algumas capitais. As prevalências de fumantes mostram-se mais elevadas entre homens e indivíduos com menor escolaridade. Avançar no enfrentamento das DCNT e nos seus fatores de risco, especialmente o tabagismo, implica em decisões políticas e na implantação de novas medidas regulatórias, inclusive que façam frente aos interesses da indústria de tabaco, para que possam ser atingidas as metas de redução assumidas nos planos nacional, global e na Agenda 2030.
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