30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-35F - GT 35 - Condições ou Doenças Crônicas e Infecciosas: Repercussões e Enfrentamentos |
30858 - INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM MÃES/CUIDADORAS DE CRIANÇAS COM SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA: CONTRIBUIÇÃO PARA O ENFRENTAMENTO DA VULNERABILIDADE
TAYANNE KIEV CARVALHO DIAS - SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DA PARAÍBA, DANIELE DE SOUZA VIEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, ELENICE MARIA CECCHETTI VAZ - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, ÂNGELA AMORIM DE ARAÚJO - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, NEUSA COLLET - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, ALTAMIRA PEREIRA DA SILVA REICHERT - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Introdução: A síndrome congênita do Zika vírus é caracterizada por malformações, sendo a microcefalia a principal, comprometimentos cognitivos, sensoriais e motores. A maioria das crianças apresenta crises convulsivas e possui um quadro clínico singular e instável, que as tornam mais vulneráveis à piora do estado geral, levando-as à repetidas internações, principalmente por infeções respiratórias decorrentes da disfagia, além de apneia por engasgo e convulsão. Diante da vulnerabilidade social e de agravos do quadro clínico dessas crianças, vivenciados pelas cuidadoras no domicílio, compreendeu-se a necessidade de intervir nesse grupo específico em busca de auxiliá-las a adquirirem conhecimentos e habilidades em primeiros socorros nas situações de engasgo e crise convulsiva, bem como enfrentar as adversidades do cotidiano. Portanto, essas cuidadoras precisam estar instrumentalizadas para enfrentar as vulnerabilidades decorrentes da doença da criança e de sua condição social. Objetivo: Analisar a contribuição de uma intervenção educativa em primeiros socorros com mães/cuidadoras de crianças com síndrome congênita do Zika vírus no enfrentamento da vulnerabilidade. Metodologia: Estudo descritivo-exploratório, qualitativo, realizado com dez mães/cuidadoras de crianças com síndrome congênita do Zika vírus, que participaram de intervenção educativa sobre primeiros socorros em um dos serviços de referência de um município da Paraíba. A intervenção educativa, que aconteceu concomitante aos grupos focais, foi direcionada para os principais eventos em emergência para crianças com síndrome congênita do Zika vírus, o manejo das situações de engasgo e crise convulsiva, utilizando metodologias ativas com uma linguagem acessível. A coleta de dados ocorreu de agosto a novembro de 2018, utilizou-se a técnica de grupos focais. Os dados empíricos foram interpretados por meio da análise temática. O projeto foi aprovado pelo parecer nº 2.673.189. Resultados e discussão: As atividades propostas na intervenção educativa repercutiram positivamente na vida do binômio cuidadora/criança, dado que as participantes passaram a enfrentar essas situações com discernimento e capacidade resolutiva, minimizando as complicações e riscos de morte dos seus filhos. Além disso, compartilharam os conhecimentos adquiridos em primeiros socorros com seus familiares ampliando as possibilidades do cuidado compartilhado. Ao fazer isso, essas mães/cuidadoras descentralizaram o cuidado à criança, que antes era exclusivo delas, e passaram a cuidar mais de si, sair mais de casa e aumentaram sua participação social, diminuindo o cansaço e nível de estresse, além de beneficiar a família e a criança doente. Vale ressaltar que antes da intervenção educativa as participantes desconheciam as singularidades da síndrome e os riscos que as crianças apresentavam, principalmente nas crises convulsivas, evidenciando a fragilidade das ações educativas dos profissionais de saúde desse serviço. Essa situação é preocupante, uma vez que o desconhecimento da doença por parte dos pais tende a gerar enfrentamento intempestivo e potencialmente prejudicial à criança nas situações de emergência. Assim, os cuidadores necessitam compreender a doença e os fatores de risco para conseguirem identificar precocemente alterações no quadro clínico da criança e, consequentemente, reconhecer a situação de emergência e intervir em tempo oportuno, manejando adequadamente, para minimizar os riscos de morte. Considerações finais: Voltar o olhar para mães/cuidadoras de crianças com síndrome congênita do Zika vírus foi de suma importância, pois foi evidenciado que os estudos estão focados somente nas crianças. As trocas de experiências nas intervenções educativas são eficazes, significativas e apropriadas para qualificar pessoas leigas em primeiros socorros e promover o cuidado com autonomia. No entanto, é necessário que os profissionais de saúde estejam alertas às demandas dessas famílias e se capacitem em primeiros socorros, a fim de intensificar suas ações na educação em saúde, tomar para si essa responsabilidade, focar suas ações em crianças/famílias mais vulnerável, pois, assim, contribuirá para a redução da morbimortalidade desse grupo específico.
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