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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-35F - GT 35 - Condições ou Doenças Crônicas e Infecciosas: Repercussões e Enfrentamentos

31184 - REPRESENTAÇÕES DIANTE DAS DOENÇAS INFECCIOSAS CONGÊNITAS NA GRAVIDEZ: TOXOPLASMOSE E CITOMEGALOVIROSE
LEILANE SOUZA PRADO TAIR - UFMS, SONIA MARIA OLIVEIRA ANDRADE - UFMS, CASSIA BARBOSA REIS - UEMS


A gestação é um momento com mudanças de diversas ordens e uma experiência repleta de sentimentos intensos que podem dar vazão a conteúdos inconscientes da mãe. Esta relação começa desde o pré-natal, e se dá através das expectativas que a mãe tem sobre o bebê e da interação entre eles. (PICCININI et al., 2004). Estes autores reforçam que o grande desafio de gerar e cuidar de um novo ser também se torna muito complexo, quando há estressores externos demasiados ou intensos, como no caso de doenças infecciosas congênitas. A possibilidade de um bebê com malformação congênita produz descontinuidade relacionada à idealização do nascimento perfeito, com sonhos desmoronados e sentimentos negativos, para o casal, e para a família (BRASIL, 2001). No Brasil, doenças infecciosas como toxoplasmose e citomegalovirose, durante a gravidez são relativamente frequentes, afetando especialmente populações menos favorecidas (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE, 2010). Estas infecções trazem repercussões na saúde de mães e filhos, constituindo um grave problema de saúde pública (BRASIL, 2001). Diante da escassez de estudos, no que concerne aos aspectos psicossociais, e considerando a relevância da temática no contexto de saúde atual, o estudo teve por objetivo identificar o conhecimento e contextualizar sobre essas doenças infecciosas congênitas para as gestantes no âmbito de suas expectativas e sentimentos em relação ao bebê. Trata-se de pesquisa qualitativa, fundamentada na coleta de dados por meio de um roteiro de entrevista semiestruturado, com organização dos dados segundo o Discurso do Sujeito Coletivo. Foram entrevistadas 19 gestantes com diagnóstico clínico/laboratorial de citomegalovírus e toxoplasmose, atendidas no Instituto de Pesquisas, Ensino e Diagnósticos da APAE (IPED/APAE), no município de Campo Grande/MS, no período entre fevereiro a julho de 2019. A pesquisa foi aprovada no Comitê de ética da UFMS sob o número 1.846.526. Os resultados mostraram que todas as gestantes realizavam acompanhamento pré-natal, porém, 60% das gestações não foram planejadas. A faixa etária e a idade gestacional das entrevistadas variaram entre 18 e 41 anos, e 13 a 35 semanas, respectivamente. As características socioeconômicas e a idade não impactaram na forma como vivenciaram o diagnostico de infecção congênita, bem como suas expectativas ao concepto. Entretanto, nos casos de idade gestacional avançada foi perceptível que, o recebimento de informações e o acompanhamento profissional refletiram positivamente no enfrentamento da situação. Embora, o nível de escolaridade tenha sido amplo, não foi influenciador na forma como estavam vivenciando a gestação. A gravidez e a presença de infecção congênita são realidades que, embora sejam aceitas, trazem para as participantes uma carga de sofrimento. Os sentimentos e expectativas das gestantes foram expressos em discursos que contemplaram conhecimento sobre a doença e as possibilidades de suas repercussões ao bebê. A angustia e a ansiedade frente as possíveis consequências da transmissão para o filho são achados importantes, visto que as pesquisas tem traduzido majoritariamente aspectos clínicos e epidemiológicos das infeções, sem associação com a vivência de culpa e preocupação com o futuro do bebê. A externalização destes sentimentos, e o medo frente ao desconhecido associam-se à expectativa negativa, considerando a possibilidade de colocar em risco a vida do bebê ou do mesmo nascer com má formação. Embora na presença destas emoções, é notória que a esperança por um bebê saudável e o desejo de proteção ao bebê são sentimentos unânimes, evidenciando também, a expectativa positiva relacionada ao futuro do bebê. A desinformação e/ou informação tardia podem gerar indignação e revolta frente ao diagnóstico, culminando em vivências de fragilidade e desamparo, externalizadas, muitas vezes, pelo choro. Conclui-se que, a vivência da possibilidade de malformação congênita demanda uma assistência que ultrapasse o modelo biológico, apontando para um modelo sistêmico, que conheça as necessidades da clientela. O suporte psicológico permitirá a essas mulheres tornarem-se participantes ativas no processo diagnóstico e terapêutico, descobrindo recursos internos fundamentais. E para isso, a equipe de profissionais deve oferecer, portanto, um espaço de escuta, comunicação e respeito.

PICCININI, C. A.; GOMES, A. G.; MOREIRA, L. E.; LOPES, R. S. Expectativas e sentimentos da gestante em relação ao seu bebê. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 20, n. 3, p. 223-232, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticos de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
ORGANIZACAO PAN AMERICANA DE SAUDE (OPAS/OMS). Infecções Perinatais transmitidas de mãe para filho: material educativo para a equipe de saúde. Montevidéo: Centro Latino-Americano de Perinatologia Saúde da Mulher e Reprodutiva - CLAP/SMR, 2010.

local do evento

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