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28/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO-35D - GT 35 - Vulnerabilidade Infanto-Juvenil: Configurações e Enfrentamentos

30166 - EXPERIÊNCIAS VIVIDAS E DIFICULDADES OBSERVADAS DURANTE VISITA AO CAPSI PELAS DISCENTES DO CURSO DE PSICOLOGIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESTADO DO PARÁ
ELANA FABRICIA FERREIRA ARAUJO - CESUPA, RAFAELE HABIB SOUZA AQUIME - CESUPA, VÂNIA MARIA MARTINS FLORENTINO - CESUPA, ANA CAROLYNE DE ALMEIDA KISHI - CESUPA


No âmbito atual, a saúde mental infanto-juvenil não é o grande alvo de políticas públicas que visam garantir cuidado e tratamento de transtornos mentais de crianças e adolescentes (COUTO et al., 2008). Entretanto, devido ao aumento da demanda por esses serviços, o Ministério da Saúde (2005) se tornou uma das redes de apoio para tal público, oferecendo assistência por meio de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e regidos pela Lei Federal 10.216, a qual, diante da reforma psiquiátrica, criou um novo modelo assistencial aos portadores de transtornos mentais.
O CAPSi é direcionado apenas ao cuidado de crianças e adolescentes comprometidos psiquicamente, a qual atua com abordagem intersetorial, pois o desenvolvimento da saúde mental desse público depende de uma relação entre as redes familiar, jurídica, educacional e de saúde, o que possibilita ao CAPSi oferecer atendimento familiar e atividades comunitárias voltados ao público infanto-juvenil e a suas redes de apoio (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Este relato é resultado de uma visita ao CAPSi da cidade de Belém, no estado do Pará, realizada por discentes do curso de Psicologia do Centro Universitário do Estado do Pará durante o mês de abril de 2019, sob a orientação da professora da disciplina Fases da Vida I. O objetivo da visitação consistiu na observação do atendimento e funcionamento do local, bem como da realidade, dificuldade e demanda dos psicólogos que atuam neste espaço. O propósito de relatar esta experiência surgiu a partir da inquietação das graduandas acerca dos diversos obstáculos evidenciados tanto na estrutura quanto nas práticas exercidas no CAPSi.
O CAPSi da cidade de Belém atende crianças e adolescentes de toda a região metropolitana, em média 25 atendimentos diários. Contudo, notou-se que esta quantidade é acima do número delimitado pela Lei Federal 10.216. Conforme a lei, o espaço deveria atuar em municípios com cerca de 200.000 habitantes, entretanto o CAPSi Belém recepciona uma capital com população acima de 1.400.000 cidadãos. Sob tal circunstância, as discentes observaram uma superlotação do local, o que provoca não só o atraso dos agendamentos para as consultas, como também a necessidade de atendimento psicológico em grupos, por não haver espaço e profissionais suficientes para atender individualmente.
Segundo profissionais do CAPSi, as ocorrências mais comuns apresentadas ao psicólogo são Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade na infância e casos de ansiedade ou depressão na adolescência. Esta última faixa etária é considerada a de maior vulnerabilidade (SILVA, 2018), fato que se reflete nas inúmeras tentativas de suicídio ou automutilação, demandas comuns entre os jovens atendidos no espaço. Frente ao aumento desses quadros, foi notável a carência de maior cuidado com a saúde mental infanto-juvenil na cidade de Belém nos diferentes âmbitos de assistência.
Além disso, foi perceptível uma disparidade entre a regulamentação do CAPSi Belém e a sua execução, pois seu exercício depende de uma atuação intersetorial para proporcionar o bem-estar desse público (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Conforme informações obtidas durante a visita, grande parcela dos pais não segue as orientações dadas pelo profissional psicólogo, o que prejudica o tratamento. Ademais, em conversa com psicóloga do ambiente, foi relatado que o setor jurídico também falha em sua atuação, dado que, na maioria das ocorrências de abusos sexuais encaminhadas ao conselho tutelar, este é pouco ativo na resolução de tais demandas. Assim, é inquestionável que a carência dessas redes de apoio prejudica o tratamento de crianças e adolescentes e é fator gerador de diversas demandas.
Em outra análise, a Lei 10.216 propõe que cada CAPSi necessita de equipe multiprofissional formada, por exemplo, por psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e pedagogos. Entretanto, as discentes notaram obstáculos na atuação dos profissionais, dentre eles a indevida participação do psiquiatra, o qual trabalha no espaço uma vez por semana e, consequentemente, não consegue atender a todos os pacientes. Observou-se também a presença de apenas uma psicóloga no turno da tarde e que a maioria de seus atendimentos aos adolescentes é realizada em grupo por não haver espaço suficiente para o acompanhamento individual.
Embora haja adversidades para cuidar da saúde mental das crianças e adolescentes no CAPSi Belém, de acordo com relatos coletados durante a visita, há evolução da maioria dos pacientes atendidos, o que, segundo a fala da psicóloga, torna o trabalho gratificante. As graduandas obtiveram diversos aprendizados e puderam notar a importância do espaço para o público atendido, os familiares e os profissionais atuantes. Cuidar da saúde mental dessa faixa etária significa prevenir transtornos mentais mais severos no futuro, o que mostra a necessidade de olhar o CAPSi como uma rede que possibilita apoio, tratamento e reinserção social a crianças e adolescentes.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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