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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO-35D - GT 35 - Vulnerabilidade Infanto-Juvenil: Configurações e Enfrentamentos

30276 - COMPREENSÃO DAS PRÁTICAS ALIMENTARES DAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS OBESAS E DESNUTRIDAS DE UMA COMUNIDADE EM VULNERABILIDADE SOCIAL DA BAIXADA SANTISTA
ALBERTINA IRLANE MARINHO - UNISANTOS, CAROLINA LUISA ALVES BARBIERI - UNISANTOS, ORIVAL SILVA SILVEIRA - UNOESTE, MARCELA SILVA BACCELLI - FABE - UMESP


Apresentação/Introdução – Estudos apontam que práticas alimentares adequadas são construídas pela oferta de alimentos variados e com valor nutricional, ambiente adequado às refeições, situação de vida das famílias, percepção do estado nutricional da criança, condições socioeconômicas e culturais. Também as práticas alimentares das famílias de crianças obesas e desnutridas estão associadas ao acesso do alimento inseridas dentro de um contexto social e econômico, ou seja, o que se pode comprar com o que tem ou o que se pode oferecer com o que conseguiu, norteados também pela cultura alimentar. A transição nutricional, marcada pelo declínio da desnutrição e ascensão da obesidade, vem trazendo grandes desafios para a saúde pública, que estão intimamente ligados às condições socioeconômicas e culturais, associadas a pobreza. Espera-se que o Programa Nacional de Alimentação nas Escolas (PNAE) possa promover a melhoria das condições de saúde melhorando o estado nutricional das crianças em vulnerabilidade social, considerando que as creches são propagadoras de informações e contribuem para a promoção da saúde.
Objetivos – Compreender a prática alimentar de crianças obesas e desnutridas assistidas por uma creche conveniada situada numa região de alta vulnerabilidade social, no Estado de São Paulo, na perspectiva dos pais.
Metodologia – Estudo de abordagem qualitativa, realizado na cidade do Guarujá/SP, numa creche localizada em uma comunidade de alta vulnerabilidade social. Realizou-se avaliação nutricional das 180 crianças matriculadas em 2019, com 9 meses a 3 anos e 11 meses de idade. As mães das 4 crianças avaliadas como obesas e as mães de 3 com desnutrição foram convidadas a participar da entrevista semiestruturada, realizadas na creche e guiada por um roteiro com perguntas abertas com o propósito de obter narrativas acerca das práticas alimentares dessas famílias. Os dados empíricos foram analisados por meio da análise do conteúdo temático. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Santos (Processo Nº 3.024.603).
Resultados e discussão – Ao explorar as práticas alimentares das famílias das crianças emergiram 3 categorias analíticas: A prática que envolve a nutrição da criança; a percepção das mães acerca da alimentação da creche; e a percepção da mãe em relação ao corpo do filho. Nesse estudo as práticas alimentares das crianças dependeram da oferta dos alimentos e esses alimentos estavam associados sobretudo às limitações econômicas. As mães possuíam conhecimento do “alimento adequado”, porém a carência financeira impossibilitava o acesso, indicando que a vulnerabilidade social está intimamente associada à desnutrição e obesidade infantil. Para as famílias das crianças desnutridas, a falta de acesso aos alimentos foi predominante, enquanto para as famílias das crianças obesas foi a aquisição de alimentos obesogênicos. A dimensão sociocultural também apareceu como influência em relação a como elas comem, como limitações nos domicílios, alimentação com TV ligada e ausência de mesa. A creche foi reconhecida como multiplicadora de informações promovendo mudanças consideráveis nas práticas alimentares, ofertando alimentos variados, de valor nutricional, interagindo com as famílias acerca das refeições oferecidas e promovendo educação nutricional. Por fim, as mães participantes do estudo, tanto as dos filhos desnutridos quanto as dos obesos, não haviam percebido alteração no estado nutricional do filho, revelando um distanciamento entre a percepção subjetiva e sociocultural e o olhar normativo biomédico.
Conclusões/Considerações finais – Apesar da etiologia da desnutrição e da obesidade infantil serem distintas, a vulnerabilidade social revelou-se como uma susceptibilidade desta comunidade ao processo saúde-adoecimento-cuidado relacionado à nutrição infantil. Assim, para o enfrentamento da desnutrição e da obesidade na criança faz-se necessário a ampliação da percepção biológica e orgânica e a compreensão dos determinantes sociais, uma vez que as condições socioeconômicas e culturais estão intimamente ligadas às práticas alimentares e à percepção do corpo. O contexto do município do Guarujá que apresenta grandes desigualdades socioeconômicas, e a escassez de dados sobre desnutrição e a obesidade nas crianças em condições de vulnerabilidade social e insegurança alimentar, justificam um estudo para compreender esses fenômenos, o qual poderão fornecer subsídios para a formulação e reformulação das ações nutricionais em creches públicas no município do Guarujá e contribuir para novas políticas públicas voltadas para a saúde da criança.

local do evento

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