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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-35C - GT 35 - Saúde da População Negra e Indígena: Expressões da Vulnerabilidade e do Racismo

29961 - ENSAIO ETNOGRÁFICO SOBRE RELAÇÕES PROFISSIONAIS E O RACISMO ESTRUTURAL
FABIANA ALBINO FRAGA - UNIRIO, ROGERIO LUIZ FERREIRA DA SILVA - UFF, ADRIANA LEMOS - UNIRIO


ContextualizaçãoNos ambientes profissionais, onde passamos boa parte de nossas vidas, somos atravessados por relações diversas, afetivas, de amizade, de hierarquia, de subordinação. É de se esperar que nossa vida reflita bastante desse ambiente, onde travamos essas relações diversas. Linguagem própria, comunicação específica, comportamentos que refletem a rotina profissional de alguém que passa entre 8 e 12h por dia, cinco dias por semana, vinte dias no mês. Se multiplicarmos esses índices pelo tempo necessário para se conseguir uma aposentadoria, veremos que dará um número expressivo. O ambiente de trabalho citado aqui trata-se de um hospital de grande porte, localizado na cidade de São Paulo. Dialogando sobre o que estava acontecendo tivemos algumas ideias a respeito do que estava em jogo ali naquele espaço de múltiplas relações sociais.DescriçãoA escolha profissional de uma pessoa depende de vários fatores, desde o incentivo que os pais dão nas brincadeiras e aptidões das crianças, o convívio e desempenho escolar, a qualidade do ensino, o local onde vive e se relaciona entre outros.Período de RealizaçãoEsta pesquisa foi realizada de Maio a Setembro de 2017. Objetivo O objetivo da pesquisa em questão foi destacar como racismo estrutural permeia as relações profissionais.ResultadosNa entrevista nota-se um relato muito denso a respeito das relações profissionais atravessadas pelo racismo estrutural. Num lugar, onde a chefia, concursada é predominante branca e os profissionais terceirizados dos serviços mais gerais e não especializados são em sua maioria pessoas negras, já dá para se perceber que há um desequilíbrio nessas relações profissionais. Não quero aqui retomar a questão histórica da formação da sociedade brasileira para fazer uma linha histórica de acontecimentos que nos levaram a ser o que somos hoje como sociedade. Resumidamente e com uma pesquisa não tão aprofundada, é perceptível que a área da saúde é afetada pela diferenciação de profissionais quanto à cor e ao gênero. A escolha profissional de uma pessoa depende de vários fatores, desde o incentivo que os pais dão nas brincadeiras e aptidões das crianças, o convívio e desempenho escolar, a qualidade do ensino, o local onde vive e se relaciona entre outros. Ninguém deveria ser subalternizado por esta ou aquela escolha ou necessidade profissional. No caso da entrevistada,a enfermagem é algo que está para além da questão profissional. É uma dádiva e dom ao mesmo tempo. Uma responsabilidade e um privilégio. Nada que ela faça está separado da enfermagem, é o que é, é o que fala e é o que ela faz. Da mesma forma sendo mulher negra, não temos como dividir essas categorias analíticas no plano da prática de vida dela. É mulher, negra, enfermeira, militante, dançarina, tia, filha neta etc. O racismo subalterna e invisibiliza todo um grupo étnico, pois um grupo, quando se coloca hierarquicamente acima de outro, tem domínio de alguns mecanismos suficientes para ditar as regras de funcionamento daquela o desta sociedade (superioridade econômica e territorial, recursos de força física e/ou bélica, dentre outros). Porém isso não acontece sem conflito, seja no interior da pessoa, seja nas relações com outras. No caso da entrevistada, foi mais saudável sair do trabalho, já no caso de uma importante autora negra autora a saída foi o suicídio em 2008. Assim como as mulheres negras não vivem suas vidas em momentos estanques, a entrevistada sentiu e vive tudo ao mesmo tempo, só sendo possível separar num texto, numa pesquisa, num papel ou numa tela de computador. Todas as questões que afetam, são sentidas no corpo e na mente ao mesmo tempo. O racismo é algo para não se sentir. Não mais!Referências BibliográficasADICHIE, Chimamanda Ngozi. Meio Sol Amarelo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 503pp.
BONINI Bárbara Barrionuevo. Ser enfermeiro negro na perspectiva da transculturalidade do cuidado - Escola de Enfermagem (EE). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo, SP, Brasil – 2010.
BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero. p. 89-94, 1983..
________. . O Poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil 2001
EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face. In: MOREIRA, Nadilza M. de Barros & SCHNEIDER, Liane. Mulheres no mundo – etnia, marginalidade, diáspora. João Pessoa: Idéia / Editora Universitária – UFPB, 2005. p. 201 – 212.

IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Estudos de Igualdade Racial no Brasil: reflexões no Ano Internacional dos Afrodescendentes, 2013.
MEDEIROS, Camila Pinheiro. Mulheres de Kêto: etnografia de uma sociedade lésbica na periferia de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Antropologia Social. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006.
SOUZA, Neusa Santos. “Tornar-se negro- As vicissitudes da Identidade do Negro Brasileiro em Ascensão Social” – Rio de Janeiro : Edições Graal, 1983. Coleção Tendências.

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