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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-35C - GT 35 - Saúde da População Negra e Indígena: Expressões da Vulnerabilidade e do Racismo

30006 - COMPETÊNCIA POLÍTICA E A PRÁTICA DO ENFERMEIRO EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS
LILIAN CRISTINA REZENDE - UFMG, MELLINA RODRIGUÊS MUNCK - UFMG, LUANA SILVA REZENDE - UFMG, THALYSSON CARLOS CAMPOS SANTOS - UFMG, CAROLINA DA SILVA CARAM - UFMG, BEATRIZ SANTANA CAÇADOR - UFV, MARIA JOSÉ MENEZES BRITO - UFMG


INTRODUÇÃO
Os quilombos são grupos de pessoas de ancestralidade africana, com critérios de autoatribuição, trajetória histórica própria, relações territoriais específicas e resistência à opressão histórica sofrida. Esses grupos vivenciam injustiças sociais ligadas à etnia, cultura, história e a discriminação as quais propiciam condições de vulnerabilidade extrema. O entendimento de vulnerabilidade aponta para características peculiares que afetam as dimensões subjetivas e objetivas da existência humana, abarcando condições de grupos de risco e fragilidades de vínculos afetivo-relacionais, bem como a desigualdade de acesso a bens e serviços públicos. Os quilombolas vivenciam situações de migração para grandes centros urbanos, possuindo baixa renda domiciliar, emprego informal, precárias condições de habitação e dificuldades de acesso à saúde, educação, alimentação, informação e bens duráveis e de consumo. A vulnerabilidade está intimamente associada às fragilidades biossociais e às injustiças sociais. Nesse contexto, a prática do enfermeiro, em especial na Estratégia Saúde da Família (ESF), torna-se fundamental para minimizar ou eliminar formas de exclusão e de opressão vivenciadas pelos quilombolas. A atuação deste profissional requer envolvimento com a equipe e capacidade para intervir no meio social e nos espaços de trabalho, o que implica articulação de saberes e atribuições. Dessa forma, o enfermeiro deve ser capaz de emitir juízo próprio, oferecendo respostas às demandas da população com valoração dos seus modos de ser e de viver. A prática do enfermeiro deve se pautar no compromisso social, o que requer seu posicionamento como agente político.
OBJETIVO
Compreender a influência da competência política na prática do enfermeiro no contexto de comunidades quilombolas.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caso qualitativo, único e integrado. O cenário foi a ESF em comunidades quilombolas na Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG. Os participantes foram sete enfermeiros e 59 moradores dos quilombos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas individuais, coletivas e observação no período de fev-jun de 2018. Os dados foram gravados e submetidos à Análise Temática de Conteúdo. Os aspectos éticos envolvendo pesquisa com seres humanos foram respeitados. Parecer número 2.285.857.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
A competência política emergiu como prática emancipatória, concretizada em ações direcionadas para a prática do cuidado. No encontro efetivo com o usuário, o enfermeiro contribui para o fortalecimento do vínculo, culminando em práticas equânimes com potencialidade para a inclusão da população quilombola nas tomadas de decisões, imprescindíveis para o cuidado em saúde. Por outro lado, fragilidades na interação entre enfermeiro e comunidade direcionam a oferta dos serviços de saúde para ações de cunho reducionista voltadas, prioritariamente, para demandas de atendimento a casos agudos, focados em consultas médicas e com ênfase na medicalização, reproduzindo o modelo biomédico curativista. O comprometimento e envolvimento do enfermeiro na ESF, sua dedicação e relação positiva com o trabalho, repercutem na formação de cidadania, com reflexos diretos no cuidado de saúde e no bem-estar da população. A prática do enfermeiro requer posicionamento sociopolítico para a efetivação do cuidado, com corresponsabilização pela saúde. Destacam-se o trabalho em equipe, o reconhecimento da capacidade de cada membro da equipe, bem como a valorização dos saberes da comunidade quilombola para a efetivação da prática. Ressalta-se a importância de saber lidar com a diversidade de saberes para a ampliação do conhecimento e da capacidade de reflexão. A ESF configura-se como espaço de fortalecimento e ampliação da competência política, haja vista sua organização multiprofissional, articulada e próxima do indivíduo e da comunidade e promotora do posicionamento político do enfermeiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A enfermagem, como prática social, prescinde do posicionamento do enfermeiro como agente político. Compete ao enfermeiro, como líder da equipe, promover a escuta qualificada e o encontro acolhedor e efetivo, especialmente no que diz respeito à vulnerabilidade da população quilombola extrapolando o modelo hegemônico. A priorização de avaliações e análises das condições de saúde da população deve nortear a prática do enfermeiro no contexto da ESF, propiciando o desenvolvimento de estratégias de intervenção voltadas para melhorias na qualidade de vida desses grupos. Destaca-se a importância do desenvolvimento de ações inclusivas que levem em consideração as condições de vida e de saúde da população quilombola. Tais ações devem ser alicerçadas na desconstrução de modelos hegemônicos e hierarquizados, incorporando as particularidades de cada contexto e dos modos de vida das populações.
Agradecimentos às agencias de fomento: CAPES; FAPEMIG, CNPq

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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