30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-35G - GT 35 - Migrantes, Refugiados, População de Rua e Outros Grupos Vulneráveis |
30382 - MIGRAÇÃO E SAÚDE MENTAL MARIANA DE BRITO LIMA - UNIFOR, ROSENDO FREITAS DE AMORIM - UNIFOR, ANNA KARYNNE MELO - UNIFOR, LETICIA VANDERLEI RIBEIRO - UNIFOR, FERNANDA PIMENTEL DE OLIVEIRA - UNIFOR
Apresentação/Introdução: O ato de migrar trata-se do deslocamento geográfico de pessoas na busca por melhores condições de vida. Este envolve rupturas espaciais e temporais e mudanças psicológicas, físicas, sociais, culturais, familiares e políticas com implicações na sociedade, na subjetividade e na saúde de quem o vive, bem como redefinições das territorialidades, gerando abalo na segurança existencial. Os migrantes são vulneráveis a fatores que determinam as suas condições de saúde, como isolamento social, processo de aculturação (transformação cultural resultante do contato contínuo e direto entre grupos culturais diferentes), preconceito, estereótipo e discriminação. Ao se compreender o complexo fenômeno migratório como um determinante social de saúde, é conveniente analisar as relações entre saúde mental e migração. Objetivo: Descrever como os estudos publicados tratam a relação entre migração e saúde mental. Metodologia: Revisão integrativa da literatura a partir de artigos buscados nas bases de dados Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando os descritores: migração e saúde mental com o boleano AND. Critérios de inclusão: artigos com os descritores no resumo ou que o resumo aborde essa relação; texto completo disponível eletronicamente; estar em português e serem publicações de 2009-2019. Foram encontrados na Lilacs 17 publicações e na scielo 09. Excluindo os artigos que se repetiam nas bases, foram selecionadas 12 publicações. Para tabulação dos dados, foi construído um quadro com título, ano de publicação, periódico e principais temáticas, as quais foram analisadas de maneira descritiva. Para análise, foi realizada leitura completa de cada artigo, verificando-se as similaridades e procedendo-se ao agrupamento de temas comuns. Resultados e discussão: Foram construídas três temáticas: 1)Fatores de vulnerabilidade da migração: Os artigos apontam fatores de vulnerabilidade relacionados a migração que interferem na saúde física, mental e social do migrante. Um fator importante é a mudança de cultura, quando o sujeito passa por um processo de aculturação que pode se dar de forma positiva ou negativa para a sua saúde mental. Outros fatores citados são: necessidade de reconstrução da vida profissional e familiar, dificuldades em relação à língua, abrir mão de hábitos repletos de sentidos e representações simbólicas, precariedade da situação social e econômica e das condições de trabalho que são submetidos, alterações na identidade social e afetiva, pouco tempo de migração, ruptura com o espaço de vida de origem reunindo elementos de perda, isolamento, preconceito, possível situação de ilegalidade, contradições das políticas migratórias e dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou falta de conhecimento destes; 2)Saúde Mental e Qualidade de Vida (QV) do migrante: Alguns estudos tratam da relação entre a migração e problemas psicopatológicos e referem que a migração pode ter impacto negativo na saúde mental, sugerindo que as populações migrantes apresentam um maior risco de desenvolver transtornos mentais. No entanto, há também reflexões do fato da migração, por si, não poder ser determinante de patologia psíquica e diminuição da QV, a despeito de se promover uma patologização e medicalização da experiência migratória e de se estereotipar o migrante como frágil do ponto de vista mental, desconsiderando o contexto social, histórico, econômico e político. Um enquadramento psicossocial, familiar, cultural, sanitário e jurídico é citado como capaz de transformar o risco, o trauma, a ruptura, a patologia, num processo dinamizador, criativo e inclusivo; 3)Ações de cuidado com a saúde mental: Ações de saúde para o migrante que reconheçam as especificidades individuais e sociais da condição de migrante e a criação de serviços de saúde mental multiculturais, são aspectos essenciais nos cuidados humanizados de saúde e na garantia do acesso a esse direito. No entanto, observam-se limitações no acesso por conta dos fatores de vulnerabilidades, que fazem com estes recorram menos aos cuidados de saúde. Existem iniciativas isoladas específicas para esse público, que se mostraram exitosas, como o Serviço de Atendimento Psicológico Especializado aos Imigrantes e Refugiados (Sapsir) desenvolvido na cidade de Quebéc-Canadá. Conclusão/Considerações Finais: A relação entre migração e saúde mental envolve um olhar sobre os fatores de vulnerabilidades do ato de migrar, que podem impactar na saúde mental e QV do ser migrante. Estes fatores, por si só, não são determinantes do adoecimento psíquico, sendo importante considerar aspectos individuais e o contexto do sujeito, evitando uma patologização da experiência migratória e favorecendo ações de saúde mental que reconheçam as especificidades da condição de migrante.
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