30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-35G - GT 35 - Migrantes, Refugiados, População de Rua e Outros Grupos Vulneráveis |
31144 - A INTERSETORIALIDADE PARA O CONTROLE DA TUBERCULOSE E INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS/AIDS ENTRE MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA NO MUNICÍPIO DE LEOPOLDINA, MG. MARIA CÉLIA RIGUETTO NUNES - GRS LEOPOLDINA/ SES MG, MARIA DO CARMO COSTA FERREIRA - GRS LEOPOLDINA/ SES MG, MARCELA BELLA LOPES - GRS LEOPOLDINA/ SES MG, PRISCILA CÂMARA DE MOURA - GRS LEOPOLDINA/ SES MG
Contextualização: A Tuberculose e as Infecções Sexualmente Transmissíveis/Aids (ISTs/AIDs) são consideradas problemas de saúde pública por sua magnitude e transcendência, embora tenham prevenção, tratamento e cura pelo Sistema Único de Saúde. Tal contexto ganha maior relevância nos grupos de grande vulnerabilidade social, como os Moradores em Situação de Rua (MSR), os quais agregam determinantes e condicionantes sociais em saúde, como: uso de álcool e outras drogas, quebra de vínculos familiares, desemprego, baixa escolaridade, dificuldades de acesso às informações e ações em saúde, entre outros. Tais fatores contribuem para a perpetuação das iniquidades e perfil de adoecimento do grupo. A Tuberculose é transmitida por via aérea, sendo mais prevalente entre populações de baixo nível socioeconômico. Em Minas Gerais o coeficiente de incidência foi de 17,6 casos/habitantes em 2018; no município de Leopoldina foram notificados 16 casos no mesmo ano de acordo com o Tabnet. Em portadores do HIV, a vigilância da Tuberculose deve ser mais rigorosa devido o aumento do risco para co-infecção. No grupo das ISTs, a sífilis em gestante chama maior atenção no município de Leopoldina, devido ao aumento do número de casos, de 1 caso em 2010 para 13 casos em 2018, segundo dados extraídos do Tabnet. A Organização Mundial de Saúde estabeleceu a sífilis como uma das prioridades para implantação de ações de prevenção e controle das ISTs nos anos de 2016 a 2021. Leopoldina tem uma população de 52.532 habitantes (estimativa IBGE 2018), se localiza à beira da rodovia BR 116, o que contribui para um número expressivo de indivíduos em situação de rua. O número de MSR oscila entre 60 a 80 indivíduos, segundo informações da Secretaria de Assistência Social (SAS) de Leopoldina. Descrição: As primeiras articulações se deram na Gerência Regional de Saúde de Leopoldina (GRSL) entre o núcleo de vigilância epidemiológica, coordenação de vigilância em saúde e o núcleo de Atenção Primária à Saúde (APS), os quais identificaram outros setores: Conselho Municipal de Saúde, SAS, Centro Espírita Amor ao Próximo (CEAP) e Secretaria Municipal de Saúde. Por meio das reuniões, um planejamento conjunto foi construído a partir da troca de saberes e experiências. As ações desenvolvidas foram iniciadas no CEAP, onde o almoço é oferecido diariamente aos MSR. A partir da definição do perfil do grupo pelos representantes da SAS foi possível planejar ações conjuntas: Rodas de Conversas sobre a Tuberculose e ISTs/AIDS; consulta médica e de enfermagem para identificação de casos suspeitos de Tuberculose com ou sem sintomas respiratórios. As primeiras ações foram voltadas para o controle da tuberculose, sendo 25 sujeitos avaliados e encaminhados para exames (Teste Rápido Molecular e Radiografia de Tórax). Num segundo momento foram realizados Testes Rápidos para Hepatite B e C, Sífilis e HIV em 52 MSR, além de aconselhamentos e encaminhamentos. Além disso, a equipe da SAS realizou orientações sobre o Programa Bolsa Família e ofereceu apoio jurídico para garantia de direitos. Para a continuidade do cuidado, a Secretaria Municipal de Saúde participou como apoio técnico nas coletas e acompanhamento dos casos. O Conselho Municipal de Saúde teve o importante papel na defesa das propostas nos espaços de controle social. Período de realização: O projeto foi aprovado pela Prefeitura Municipal de Leopoldina, tendo início em 2017 com continuidade das ações até o presente momento. Objetivo: Construir ações conjuntas para o enfrentamento da Tuberculose e ISTs/AIDs junto aos MSR no município de Leopoldina – MG. Resultados: Identificou-se a dificuldade do acesso às Redes de Atenção à Saúde (RAS), chegando ao sistema de saúde somente na agudização dos agravos. Foi observado a exclusão desse grupo nas ações desenvolvidas pela APS. Além disso, foi possível a apropriação dos equipamentos sociais para o desenvolvimento do trabalho conjunto e construção de uma agenda de atividades para o fortalecimento das ações articuladas entre os parceiros com a implementação de atividades de prevenção e controle da Tuberculose e ISTs/AIDs; facilitou o acesso do grupo à atenção secundária e sensibilizou o município quanto a necessidade de inserção dessa população a um território de APS. Aprendizado e Análise Crítica: A construção intersetorial é um grande desafio em contextos de fragmentação das ações e fragilidades na rede de atenção à saúde e proteção social. Porém as articulações entre os parceiros e encontros realizados mostraram-se como uma importante estratégia no enfrentamento das doenças em grupos de maior vulnerabilidade. A troca de saberes e experiências construiu uma nova forma de trabalhar velhos problemas de saúde pública em cenários complexos. A intersetorialidade e uso de tecnologias leves foram decisivos na efetivação das ações, devendo ser realizado de forma contínua, motivando a construção de políticas públicas locais que atendam às necessidades desse grupo.
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