29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-35G - GT 35 - Violência e Vulnerabilidade: Multiplas Dimensões e Grupos Afetados |
30817 - VIOLÊNCIA CONTRA OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE DE TRABALHO MAYARA FERNANDES DE LIMA - ESCS/FEPECS, ALINE MIZUSAKI IMOTO - ESCS/FEPECS, LEILA BERNARDA DONATO GOTTEMS - ESCS/FEPECS, LEVY ANICETO SANTANA - ESCS/FEPECS
INTRODUÇÃO
A violência em relação aos profissionais da área de saúde é frequentemente estigmatizada e os atos agressivos por parte dos pacientes/clientes ou parentes são vistos, geralmente, como uma parte normal do trabalho e, portanto, não são relatados ao empregador ou registrados como acidentes em arquivos. Os profissionais de enfermagem são comumente mais afetados pela violência no ambiente de trabalho seguidos pelos cuidadores, devido à maior quantidade de tempo que passam cuidando dos pacientes/clientes (Shablon e Wendeler, 2018).
A equipe de enfermagem na sua maioria é composta por mulheres e, muitas vezes, podem sofrer violência com o autoritarismo e dominação por parte da equipe médica que, ocasionalmente está representada pela figura masculina. Destaca-se que a agressão verbal, violência física, assédio sexual e assédio moral são os principais tipos de violência que podem ocorrer contra os profissionais de enfermagem (Vasconcelos, Abreu e Maia, 2012).
OBJETIVO
Descrever estudos que apontam a violência contra os profissionais da enfermagem, os fatores que predispõe e as consequências em sua saúde.
MÉTODO
Estudo do tipo scoping review com análise de estudos publicados originalmente na língua portuguesa e inglesa, tendo como referência as bases de dados PubMed e SciELO. As questões de pesquisa foram estruturadas no formato do acrônimo PICO, sendo: P - violência contra os profissionais de enfermagem no ambiente de trabalho; I – identificar os estudos que apontam as melhores evidências em relação à violência contra os profissionais de enfermagem; C – comparar com os estudos convencionais; O – orientações aos participantes do congresso sobre a relevância do assunto e os meios de prevenção existentes em evidências, para redução da incidência dos casos.
Utilizou-se as palavras chaves “Violência”, “Profissional de Enfermagem” e “Ambiente de trabalho” dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) em português e “Sex Offenses”, “Nursing Personnel” e “Workplace Violence” do Medical Subject Headings (MESH) em inglês. O critério de inclusão foram estudos que relataram violência contra os profissionais de enfermagem no local de trabalho e os critérios de exclusão foram textos em formato de resumo, artigos em língua japonesa, não condizentes com o tema, bem como teses e dissertações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados mostraram que os Estados Unidos da América, o Brasil e a Austrália foram os países que mais publicaram artigos sobre esse tema. As enfermeiras com idade inferior a 30 anos que trabalham em setores de emergência, UTI e centro cirúrgico têm maior risco de serem agredidas, devido às tensões existentes nestes locais e pelo tipo de demanda, como: a superlotação, níveis de ruídos, pessoal e recursos insuficientes.
Observou-se que a agressão verbal foi o tipo de violência predominante, seguido por violência física, assédio sexual e assédio moral sendo essas situações relatadas por enfermeiras com maiores demandas de trabalho e menos confiança na justiça. A agressão verbal se destaca entre os trabalhadores da enfermagem e embora não seja um evento impactante como a agressão física, pode a curto e longo prazo trazer sérias consequências ao trabalhador, como afetar a eficiência e qualidade dos cuidados de enfermagem prestados, causar distanciamento em relação ao paciente e aos colegas de trabalho, levar ao questionamento sobre o valor da sua profissão, à depressão, ao sofrimento e consequentemente ao adoecimento.
A subnotificação decorre pela vítima enfrentar uma série de barreiras e preconceitos para romper com o silêncio e, ainda, culpa a si própria pela ocorrência da agressão como foi culturalmente programada a agir. Desse modo, a inexistência de fontes específicas de dados e a própria característica da invisibilidade do problema nas organizações de saúde vêm dificultando as pesquisas nessa temática. Além de alguns trabalhos não serem publicados em forma de artigo, fato que dificulta a disseminação do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que os trabalhadores de enfermagem, em especial as mulheres estão mais expostas à violência ocupacional. O contato frequente e próximo com os pacientes e colegas de trabalho pode ser o principal facilitador para a ocorrência da agressão. Embora a violência no ambiente de trabalho seja bastante comum, há um déficit de registros do evento, contribuindo para a subnotificação.
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