29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-35G - GT 35 - Violência e Vulnerabilidade: Multiplas Dimensões e Grupos Afetados |
31539 - A VIOLÊNCIA NO CONTEXTO DA PROTEÇÃO SOCIAL À LUZ DO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE: CRIANÇAS, ADOLESCENTES E SUAS FAMÍLIAS NO OLHAR DO PROFISSIONAL DO CREAS LUIZA ARAÚJO DE FREITAS - USP, LUANA CRISTINA SILVEIRA GOMES - USP, AILTON DE SOUZA ARAGÃO - UFTM, DIENE MONIQUE CARLOS - UFSCAR, ELIANA MENDES DE SOUZA TEIXEIRA ROQUE - UNAERP, MARTA ANGÉLICA IOSSI SILVA - USP, MARIA DAS GRAÇAS CARVALHO FERRIANI - USP
Introdução: Trata-se de uma pesquisa multicêntrica de envolveu diversas cidades de diferentes estados brasileiros, destaca-se aqui um dos polos da pesquisa, realizada em uma cidade de grande porte de Minas Gerais-MG. Com o apoio da FAPESP, foram envolvidos alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado, bem como os alunos de iniciação científica, e os pesquisadores do Programa de Assistência Primária de Saúde Escolar (PROASE) da Universidade de São Paulo objetivando o aprimoramento da temática. Entende-se que a violência é uma problemática mundial de ampla complexidade que afeta a saúde, e dessa forma a rede de proteção à criança e adolescentes exercem funções fundamentais na garantia de direitos e da prioridade absoluta de atendimento, garantindo o desenvolvimento e bem-estar dessa população. Objetivos: Compreender os significados que os profissionais atribuem ao atendimento prestado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual intrafamiliar em uma cidade de grande porte de Minas Gerais-MG. Metodologia: Estudo qualitativo, com aporte do referencial teórico do Paradigma da Complexidade, realizados no CREAS. Participaram do estudo 08 profissionais trabalhadores do CREAS, de um município de Minas Gerais-MG. Foi realizada pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas. As noções de compreensão e contextualização direcionaram a análise dos dados e a articulação com o referencial proposto. Emergiram 04 temáticas: (1) A compreensão da violência sexual pelos profissionais do CREAS; (2) A chegada das crianças. Adolescentes e suas famílias ao atendimento no CREAS; (3) O atendimento que é prestado pelos profissionais do CREAS: às crianças, aos adolescentes e às suas famílias; (4) As fragilidades e potencialidades do atendimento, mencionados pelos profissionais. Resultados e discussão: A pesquisa teve como resultado emergência de categorias que possibilitaram a identificação e delimitação da violência pelos atores envolvidos nos atendimentos à criança e adolescentes vítimas de violência sexual. É importante destacar o dado universal que emerge sobre a violência sexual no âmbito intrafamiliar, que remonta um cenário de vulnerabilidades, sendo assim, o estudo conversa com a literatura no que se refere a máxima de que a violência, tem em sua ocorrência, maior evidência nas classes sociais empobrecidas, tendo em vista os diversos de exclusão social e/ou de inclusão social precária que vivenciaram. Os relatos trazidos nas entrevistas realizadas no CREAS sobre o que compreendem significar a violência sexual, no que diz a OMS (2002) sobre o significado de violência sexual contra crianças e adolescentes, e o Caderno de Violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes (2007) são convergentes. Os profissionais de saúde do CREAS compreendem que a violência sexual não é apenas a relação sexual, com penetração, mas compreende a exposição a fatos relacionados ao ato sexual, no qual a criança não está preparada, também caracterizam essa violência. A literatura colabora com estudos que fundamentam que o enfrentamento da violência sexual ainda é vista com dificuldades pelos profissionais de saúde quem trabalham em ESFs, que existem poucas ações de promoção, proteção e recuperação da saúde das crianças e adolescentes, disponíveis para a prática no serviço de saúde da família, principalmente com os adolescentes, e ainda a falta de capacitação dos profissionais de saúde para atenderem os casos de violência sexual e muitas vezes a ausência de capacitação se dá pela falta de interesse da equipe. Desta forma, eles compreendem a violência sexual como difícil de ser diagnosticada, notificada e acompanhada. Percebe-se que na realidade dos profissionais entrevistados, esse dado diverge sobre a capacitação profissional para atender o público vítima da violência sexual, e os participantes consideram que estão aptos a lidar com a demanda de violência que chega à instituição. Considerações Finais: Entende-se a necessidade de um serviço de rede mais articulado direcionado a necessidade de eficiência nos fluxos entre os papéis institucionais e interdisciplinares, permitindo aos profissionais a busca pela capacitação contínua, e como consequência um atendimento prestado com qualidade e eficiência, beneficiando as crianças, adolescentes e suas famílias atendidas, e destacando-se também as necessidades estruturais para que o trabalho de proteção social seja efetivado. O olhar pelo Paradigma da Complexidade possibilita dimensionar a múltiplas vertentes da violência, tornando-a um fenômeno não passível de naturalização, e permite construir estratégias de enfrentamento que interliguem as partes ao todo e vice-versa, perpassando a área científica até a consolidação de políticas públicas. Importante considerar também o não esgotamento da temática, sendo necessários outros estudos para a compreensão da totalidade daquilo que emerge como violência.
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