29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-35E - GT 35 - Violência e Vulnerabilidade: Multiplas Dimensões e Grupos Afetados |
30032 - VIOLÊNCIA E VULNERABILIDADE: PRÁTICA SOCIAL E PREVENÇÃO DIANTE DE RISCOS EM SAÚDE LUIZ ANTONIO DE CASTRO SANTOS - UEMA, LINA FARIA - UFSB, JOSIANY RODRIGUES GARCIA - SMS/PORTO SEGURO
Introdução. Trabalhar com as violências nos remete ao estudo de territórios, memórias e realidades diferenciados, incluindo as subjetividades, cujas especificidades necessitam ser conhecidas. A interpretação de sua pluricausalidade é, justamente, um dos problemas principais que aqui se discute. As violências representam um problema de saúde pública de grande magnitude, uma vez que vêm provocando forte impacto na morbimortalidade das populações, exigindo políticas públicas e sociais para prevenção e abordagem. Ao refletir, produzir e reproduzir condições de vulnerabilidade sociocultural e desigualdades de gênero, étnico-raciais e geracionais, a violência constitui desafio às práticas profissionais em saúde. Objetivo. O presente estudo tem como objetivo identificar as configurações das violências, destacando a importância de ações conjuntas e a necessária intersetorialidade na sua abordagem. O caráter multiplicador da proposta está na concretização das ações que garantam a continuidade e ampliação de práticas voltadas para o acolhimento à violência no território e que tiveram início durante as atividades do PET-Saúde no Município de Porto Seguro, Bahia. Neste sentido, entende-se como fundamental a elaboração de Fluxogramas de Abordagem para enfrentamento dos diferentes tipos de violências que mais atingem a comunidade do Sul da Bahia, considerando os equipamentos sociais disponíveis no território. Enfatiza-se a importância da integração entre as ações em saúde e aquelas de outros setores de produção social e o fortalecimento de redes intersetoriais e a interdisciplinaridade na produção dos saberes e práticas. Metodologia. Construção de Fluxogramas de Acolhimento sobre os diferentes tipos de violência. Os dados serão colhidos nos sistemas oficiais de informação em saúde – SIH, SIM, SINASC, CNES, SINAN, no Portal do Governo Federal - IPEA - Atlas da Violência e nos boletins do Ministério da Saúde. Para a elaboração dos Fluxogramas perguntas norteadoras serão organizadas, tais como: Como varia a incidência da violência contra mulheres no território?; Como varia a incidência da violência contra idoso no território?; Como varia a incidência da violência contra crianças e adolescentes no território?; Como varia a incidência da violência contra indígenas no território? A incidência da violência é diferente a depender da raça da vítima?; O que tem sido realizado pelo município para enfrentar as violências?;Tais ações têm logrado êxito em reduzir a violência? Como as vítimas são acolhidas nas Unidades Básicas de Saúde? Os profissionais de saúde estão preparados para atender essa população? Resultados e Discussão. A tendência crescente da violência é reconhecida pelas organizações internacionais como importante problema social e de saúde do século 21 e, com efeito, a maioria destas organizações tem dado destaque ao fenômeno nas suas agendas políticas. Em razão de constituir um conceito amplo e complexo, afeta países e coletividades de modo diferenciado. No Brasil, provoca forte impacto na morbimortalidade da população. Estudiosos do tema, a exemplo de Minayo (1994), consideram a violência como um dos “eternos problemas da teoria social e da prática política e relacional da humanidade” (p.7), Contudo, políticas públicas e sociais de caráter preventivo são negligenciadas; apesar das ações voltadas para a redução de sua magnitude, têm mantido altos índices. Como instrumento eficaz, as políticas sociais deveriam inserir-se como uma das estratégias primordiais do Ministério da Saúde, no âmbito das ações contra a violência, contribuindo para o seu dimensionamento e assegurando a assistência e o cuidado às vítimas. Considerações Finais. A violência não é um problema específico da área da saúde. No entanto, afeta a saúde das pessoas. O processo do viver humano é marcado pelo crescimento das incertezas e da sensação de fragilidade diante dos fatores de risco e da vulnerabilidade aos quais todas as pessoas, direta ou indiretamente, estão expostas. Essas características repercutem no cotidiano de indivíduos e famílias que estão à margem da sociedade, em processo de exclusão social e/ou em condições precárias de moradia, saneamento e meios de subsistência. É urgente refletir sobre as múltiplas expressões da violência, em especial, sobre os conceitos de vulnerabilidade e riscos, a prática política, os desafios relacionados às questões da violência e as políticas públicas e sociais de prevenção diante de riscos em saúde, direcionadas para a magnitude e os sentidos do fenômeno. Enfatiza-se a importância da integração entre as ações em saúde e aquelas de outros setores de produção social, recomendando-se o fortalecimento de redes intersetoriais e a interdisciplinaridade na produção dos saberes e práticas, para a caracterização da população e de seus problemas de saúde, bem como para avaliação do impacto dos serviços sobre os níveis de saúde da população.
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