29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-35E - GT 35 - Violência e Vulnerabilidade: Multiplas Dimensões e Grupos Afetados |
30298 - VIOLÊNCIA SEXUAL E FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE – REVISÃO INTEGRATIVA SOFIA DIONIZIO SANTOS - UECE, ANA SUELEN PEDROZA CAVALCANTE - UECE, ANTONIO RODRIGUES FERREIRA JÚNIOR - UECE
Apresentação/Introdução:
A violência sexual (VS) é considerada uma das violações de direitos humanos mais graves. Sua definição engloba atos, insinuações ou coerção para exercício da sexualidade de maneira indesejada pela vítima, com possíveis consequências para sua saúde sexual, reprodutiva e mental (WHO, 2002). O impacto sobre a saúde exige que o tema seja cuidadosamente abordado pelos profissionais e gestores dos sistemas de saúde. No Brasil, um dos principais desafios para garantir essa assistência é a qualificação dos profissionais de saúde no tema. Embora existam normativas, guias e protocolos estabelecidos (BRASIL, 2003, 2011, 2012, 2013, 2015), o cumprimento das diretrizes de atendimento ainda não é verificado como padrão nos serviços.
Objetivos:
Sintetizar discussões de artigos sobre a formação dos profissionais de saúde para o atendimento de casos de violência sexual.
Metodologia:
A revisão integrativa seguiu os parâmetros propostos por Botelho, Cunha e Macedo (2011), com a pergunta norteadora: “Quais as discussões sobre a formação em saúde para a assistência a vítimas de violência sexual?”. A busca foi realizada por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados LILACS e MEDLINE. A estratégia de busca combinou termos-chave e descritores: ("violência sexual" or "delitos sexuais" or "sex offenses") and (profissional* and saúde or "pessoal de saúde" or "health personnel") and (formação or capacitação or "professional education"). Não foram utilizados filtros para limitação de ano ou idioma da publicação. Critérios de inclusão: enfoque na formação ou capacitação de profissionais de saúde; abordagem da VS, em suas diversas formas de expressão; disponibilidade de artigos completos. Critérios de exclusão: Produções que não fossem artigos (dissertações e teses, editoriais, guias e manuais). A extração dos dados sintetizou informações sobre: título, autores, data e idioma da publicação, objetivo, natureza e região do estudo, tipo de violência e público, principais resultados.
Resultados e discussão:
Inicialmente, foram encontrados 114 artigos e após aplicação dos critérios 13 foram selecionados para análise. Salienta-se que 6 dos 45 autores participaram de mais de um trabalho; 7 foram desenvolvidos no Brasil e 6 no exterior (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, e um entre países da União Europeia); a primeira publicação é de 2006, com maior frequência a partir de 2010; 9 dos 13 artigos apresentam relatos de experiência e/ou relatos de pesquisa original de avaliação de intervenções, 2 são revisões de literatura e 2 são pesquisas originais de investigação do tema. A análise dos artigos permitiu elencar categorias que colaboram para responder à pergunta inicial da revisão. 1. Aspectos metodológicos relevantes para a formação/capacitação de profissionais: as dimensões de prevenção e cuidado foram destacadas, com propostas de capacitação nas modalidades online ou presencial, em workshops de curta duração ou com acompanhamento e longa inserção na comunidade, voltadas para diferentes públicos e com diversidade de abordagens teóricas, como a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental e o Recovery. A capacitação possibilita um compartilhamento entre os profissionais, com ênfase na interdisciplinaridade e intersetorialidade. 2. Atenção às especificidades no atendimento à violência: abordou-se a qualificação no tema, com recortes relacionados à VS contra mulheres, crianças e adolescentes, mulheres durante internação psiquiátrica, mulheres migrantes, pessoas com deficiência, a violência entre parceiros íntimos, a coerção reprodutiva, a abordagem aos agressores, a saúde do trabalhador que atua na área. A variedade de olhares sobre o fenômeno da violência revelou as muitas e complexas demandas, o que reforça a necessidade de formação e amparo ao profissional cuidador. 3. Avaliações sobre efeitos/impactos da formação/capacitação: as pesquisas envolvendo avaliação das intervenções indicaram resultados positivos na aprendizagem de conhecimentos, habilidades e atitudes pelos profissionais, destacando vantagens e desvantagens das abordagens escolhidas. A atuação dos diversos profissionais e cuidadores foi valorizada, manifestando-se, da parte deles, interesse e disponibilidade para participar das formações. Apesar dessa disponibilidade, é inegável o papel preponderante das políticas de Estado e dos gestores para viabilizar iniciativas intersetoriais e que lidem com as desigualdades regionais.
Conclusões/Considerações finais:
A literatura explorada apresenta reflexões e experiências diversas em termos conceituais, metodológicos e de pessoas beneficiadas. A lacuna da formação inicial dos profissionais, mencionada nos artigos, pode ser reparada com mudanças no processo ensino-aprendizagem e estratégias focadas no e a partir do contexto de trabalho, contribuindo para o enfrentamento da VS, um problema complexo, que demanda diversas ações e o envolvimento de muitos setores.
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