29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-35E - GT 35 - Violência e Vulnerabilidade: Multiplas Dimensões e Grupos Afetados |
31064 - VIOLÊNCIA RELACIONADA AO TRABALHO E APROPRIAÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR: SOFRIMENTO DO TRABALHADOR RELATADO NO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - SUAS
ANA PAULA DIAS GUIMARÃES - UFMG, HELIAN NUNES DE OLIVEIRA - UFMG, JANDIRA MACIEL DA SILVA - UFMG
Apresentação/Introdução: Violência no trabalho é compreendida neste estudo como incidentes nos quais o trabalhador sofre abuso, ameaça ou ataque em circunstâncias relacionadas ao seu trabalho. Classifica-se como violência física e psicológica. Objetivos: Estudar a violência no trabalho vivenciada no Sistema Único de Assistência Social e suas repercussões na saúde psíquica do trabalhador, sob a perspectiva do vivido pelos trabalhadores, em uma capital da região sudeste do Brasil. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo com abordagem fenomenológica. Foram realizadas entrevistas em profundidade com trabalhadores, que atuam ou atuaram, há pelo menos um ano, na função de supervisão do órgão gestor municipal do SUAS. A passagem do método filosófico para o empírico seguiu as etapas de: coleta dos dados verbais; leitura global dos dados; divisão dos dados em unidade de significação; organização e enunciação dos dados coletados pelos referenciais teóricos da Saúde Mental e Trabalho. Resultados e discussão: Foram realizadas 12 entrevistas em profundidade. Os resultados evidenciaram que estão presentes no SUAS, elementos de violência do local, nas relações e na organização do trabalho, violência institucional, patrimonial e indireta e conflitos na relação com o Sistema de Justiça. As repercussões dessas violências para a saúde psíquica do trabalhador e que ganham materialidade no ato de trabalhar foram expressas em sofrimento psíquico, manifestadas em queixas como crises de choro, irritação, tristeza, fadiga, cansaço, tédio, incertezas, desamparo, medo, ansiedade, frustrações, hipertensão, dores no corpo, alteração do sono, humor e alimentação. Somadas a contaminação involuntária do tempo de almoço, descanso e lazer do trabalhador. Dos 12 participantes do estudo 9 apresentaram sintomas compatíveis com a síndrome de Burnout. O uso de medicação e substâncias psicoativas foram relatados por 7 trabalhadores. Nas 12 entrevistas realizadas foi possível relacionar as repercussões psíquicas para a saúde do trabalhador com a situação de violência vivida no trabalho. Além das implicações à saúde do trabalhador, há os danos ocasionados ao SUAS, em termos de qualidade do trabalho e entrega da política de assistência social para o usuário e na instituição como o absenteísmo, afastamento do trabalho, rotatividade e acompanhamento sócio-funcional. Conclusões/Considerações Finais: Recomendam-se intervenções sistematizadas do poder público no sentido de modificar e melhorar as condições de trabalho e de saúde para os trabalhadores no SUAS.
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